HOJE NO
"PÚBLICO"
Oito mil assinam carta à PGR
a “pressionar” reabertura do
caso dos submarinos
Carta aberta será também entregue no Parlamento, reclamando a reabertura da comissão de inquérito. Grupo de cidadãos quer auditoria ao inquérito do MP para saber o que correu mal.
Um grupo de cidadãos entregou esta sexta-feira na Procuradoria-Geral
da República (PGR) uma carta aberta, assinada por mais de oito mil
pessoas, que visa “pressionar” a reabertura do inquérito à compra de
dois submarinos pelo Estado Português, segundo Rui Martins, um dos
promotores da iniciativa. “Sabemos que não é a legalmente a pressão que
faz reabrir o processo, mas queremos evitar que o assunto caia no
esquecimento”, explicou.
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A petição foi
entregue ao final da tarde, tendo o grupo convocado uma pequena
manifestação para a porta da PGR, na rua da Escola Politécnica, em
Lisboa. O grupo pediu a devida autorização para a concentração à Câmara
de Lisboa e à PSP que enviou um carro patrulha para o local.
Os
promotores foram recebidos por um elemento do gabinete da
procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal. Segundo Rui
Martins, o encontro serviu para deixar algumas questões à PGR.
“Queríamos saber se foram extraídas certidões do processo (para abrir
outros inquéritos relacionados com este) no âmbito do despacho de
arquivamento; se sempre vai ser aberta uma auditoria interna a este
processo para se perceber o que correu mal e o que acontece se o
tribunal alemão enviar informações às autoridades portuguesas. O
processo é reaberto? Mas não nos responderam”, lamentou Rui Martins,
um técnico informático. A eurodeputada Ana Gomes, assistente no
processo, já disse que iria recorrer do arquivamento.
No despacho
de arquivamento, os dois procuradores encarregues do inquérito dizem que
o então ministro da Defesa Nacional Paulo Portas “excedeu o mandato”
que lhe foi conferido em finais de 2003 ao celebrar um contrato de
compra diferente dos termos definidos na adjudicação e insistem que as
negociações entre o Estado português e o consórcio alemão “decorreram de
forma opaca”. Porém, os magistrados também entendem que a posterior
ratificação do Conselho de Ministros em Agosto de 2004, já pelo Governo
de Santana Lopes, “sanou qualquer irregularidade que pudesse existir do
ponto de vista administrativo”.
Na carta, os subscritores
manifestam a sua “frustração” perante a decisão de arquivamento, “sem
levar a julgamento nem deduzir acusações contra os arguidos”. Após “oito
anos, centenas de milhares de horas e de euros, dezoito volumes, e
condenações por corrupção activa na Alemanha e por corrupção passiva na
Grécia, a Justiça portuguesa mostra-se, de novo, incapaz”, lê-se ainda.
A
carta será ainda entregue este mês no Parlamento. “Queremos reabrir
também a comissão de inquérito que existiu sobre o caso. Há factos novos
que estão no despacho de arquivamento. E vamos entregar a carta também à
embaixada alemã como forma de repúdio à falta de colaboração”,
acrescentou Rui Martins.
Numa nota sobre o despacho de
arquivamento, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal
(DCIAP) sublinha a falta de colaboração da justiça alemã. “Não pode
deixar de se evidenciar que as autoridades judiciárias alemãs nunca
tenham facultado a documentação que lhes foi rogada e que era
indispensável à reconstituição dos circuitos financeiros dos eventuais
pagamentos de luvas”, lê-se no documento.
O Tribunal de Munique,
na Alemanhã, condenou em Dezembro de 2011 dois ex-executivos da
Ferrostaal a dois anos de prisão, com pena suspensa, e ao pagamento
de multas por suborno de funcionários públicos estrangeiros, na venda de
submarinos a Portugal e à Grécia.
No que toca a Portugal, o
tribunal deu como provado que ambos subornaram o ex-cônsul honorário em
Munique Juergen Adolff, pagando-lhe 1,6 milhões de euros, através de um
contrato de
consultoria, para que o diplomata propiciasse contactos com o
governo português.
Em Portugal, o inquérito-crime arquivado está
relacionado com as contrapartidas que a parte alemã se comprometeu a
pagar.
* Nós também lamentamos que os submarinos fossem ao fundo, sabemos que há mais marés que marinheiros e a verdade há-de vir à tona.
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