18/01/2015

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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

As novas estratégias 
dos fundamentalistas

Estarão os ataques terroristas na Europa a mudar? Magnus Ranstorp acredita que sim. O director do Centro de Estudos de Ameaças Assimétricas da Faculdade Sueca de Defesa Nacional, e especialista em grupos fundamentalistas islâmicos, como Hezbollah, Hamas, al-Qaeda e Estado Islâmico.
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Os últimos ataques em Paris parecem apontar no mesmo sentido. As bombas foram substituídas por ataques, de estilo militar, dirigidos a grupos específicos (caricaturistas, polícias e judeus). Mas onde vão os fundamentalistas arranjar armas para fazer estes ataques?

A 9 de Janeiro, após o raid que culminou com a eliminação dos irmãos Said e Chérif Kouachi, os extremistas islâmicos alegadamente responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo, os agentes da autoridade deparam-se com um arsenal impressionante. Junto aos corpos estava um lança-rockets carregado, dez granadas de fumo, duas metralhadoras Kalashnikov e duas pistolas automáticas.

No supermercado kosher tomado de assalto pelo seu cúmplice, Amedy Coulibaly, a polícia encontrou uma Kalashnikov, uma pistola militar Skorpion, duas pistolas automáticas Tokarev, duas metralhadoras, um colete à prova de bala e munições. E no apartamento de Gentilly, que lhe servia de esconderijo e de base de operações, havia ainda mais Kalashnikov, as AK47, além de dinamite, gás lacrimogéneo, pistolas, facas e munições.

Com o fim do bloco soviético, no início dos anos 90, o mercado negro foi inundado por elevadas quantidades de artilharia pesada. Muita dessas armas foram usadas nos conflitos que abalaram os Balcãs, na mesma década, e outras continuam à venda.

Em 1997, o mercado negro da venda de armas voltou a florescer depois de 500.000 armas terem sido roubadas num depósito do exército albanês.

Mas nem só do Leste provêem as armas que se compram na Europa. De acordo com documentos da Comissão Europeia, há mais de 500.000 armas desaparecidas dentro do espaço da União Europeia, algumas foram perdidas, outras roubadas.

Apesar de haver agora maior vigilância e de ser mais difícil a circulação, há armas a entrar na Europa vindas de África e do Médio Oriente e crê-se que a máfia italiana esteja a passar armamento dos Balcãs para a Europa Ocidental, nomeadamente para França.

E assim, a Europa confronta-se com uma nova ameaça. Um pequeno grupo, fortemente armado e com treino para-militar, pode fazer quase tantos estragos como uma bomba, como se viu em Mumbai, em Novembro de 2008, aquando do assalto a uma estação de comboios e aos hotéis Taj Mahal e Oberoi onde foram mortas 160 pessoas, ou em 2012 em Toulouse, quando um só homem atacou alvos específicos (judeus e militares), deixando sete mortos.

Os ataques são muito menos sofisticados, mas igualmente eficazes do ponto de vista dos jihadistas. Objectos do dia a dia-a-dia, como carros ou panelas de pressão, podem transformar-se em armas letais e estão a aterrorizar o Ocidente.

* Sem nenhuma dúvida que as armas utilizadas em atentados terroristas vindos de radicais religiosos, são negociados por empresas ocidentais cujos donos estão muito próximos do poder político.

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