ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
As novas estratégias
dos fundamentalistas
Estarão os ataques terroristas na Europa a mudar? Magnus Ranstorp
acredita que sim. O director do Centro de Estudos de Ameaças
Assimétricas da Faculdade Sueca de Defesa Nacional, e especialista em
grupos fundamentalistas islâmicos, como Hezbollah, Hamas, al-Qaeda e
Estado Islâmico.
.
Os últimos ataques em Paris parecem apontar no mesmo sentido. As
bombas foram substituídas por ataques, de estilo militar, dirigidos a
grupos específicos (caricaturistas, polícias e judeus). Mas onde vão os
fundamentalistas arranjar armas para fazer estes ataques?
A 9 de Janeiro, após o raid que culminou com a eliminação dos irmãos
Said e Chérif Kouachi, os extremistas islâmicos alegadamente
responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo, os agentes da autoridade
deparam-se com um arsenal impressionante. Junto aos corpos estava um
lança-rockets carregado, dez granadas de fumo, duas metralhadoras
Kalashnikov e duas pistolas automáticas.
No supermercado kosher tomado de assalto pelo seu cúmplice, Amedy
Coulibaly, a polícia encontrou uma Kalashnikov, uma pistola militar
Skorpion, duas pistolas automáticas Tokarev, duas metralhadoras, um
colete à prova de bala e munições. E no apartamento de Gentilly, que lhe
servia de esconderijo e de base de operações, havia ainda mais
Kalashnikov, as AK47, além de dinamite, gás lacrimogéneo, pistolas,
facas e munições.
Com o fim do bloco soviético, no início dos anos 90, o mercado negro
foi inundado por elevadas quantidades de artilharia pesada. Muita dessas
armas foram usadas nos conflitos que abalaram os Balcãs, na mesma
década, e outras continuam à venda.
Em 1997, o mercado negro da venda de armas voltou a florescer depois
de 500.000 armas terem sido roubadas num depósito do exército albanês.
Mas nem só do Leste provêem as armas que se compram na Europa. De acordo com documentos da Comissão Europeia, há mais de 500.000 armas desaparecidas dentro do espaço da União Europeia, algumas foram perdidas, outras roubadas.
Apesar de haver agora maior vigilância e de ser mais difícil a
circulação, há armas a entrar na Europa vindas de África e do Médio
Oriente e crê-se que a máfia italiana esteja a passar armamento dos
Balcãs para a Europa Ocidental, nomeadamente para França.
E assim, a Europa confronta-se com uma nova ameaça. Um pequeno grupo,
fortemente armado e com treino para-militar, pode fazer quase tantos
estragos como uma bomba, como se viu em Mumbai, em Novembro de 2008,
aquando do assalto a uma estação de comboios e aos hotéis Taj Mahal e
Oberoi onde foram mortas 160 pessoas, ou em 2012 em Toulouse, quando um
só homem atacou alvos específicos (judeus e militares), deixando sete
mortos.
Os ataques são muito menos sofisticados, mas igualmente eficazes do
ponto de vista dos jihadistas. Objectos do dia a dia-a-dia, como carros
ou panelas de pressão, podem transformar-se em armas letais e estão a
aterrorizar o Ocidente.
* Sem nenhuma dúvida que as armas utilizadas em atentados terroristas vindos de radicais religiosos, são negociados por empresas ocidentais cujos donos estão muito próximos do poder político.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário