ESTA SEMANA NO
"SOL"
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Colégios à beira da ruptura
Ministério deve há vários meses aos colégios nove milhões de euros de
financiamento. Directores estão indignados por terem ainda de pagar
custos do visto dado pelo Tribunal do Contas.
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Os oito colégios do ensino especial aos quais o Ministério da
Educação e Ciência (MEC) deve 1, 2 milhões de euros só receberão o
financiamento que deveria ter sido pago em Setembro a partir de hoje.
Isto porque, apesar do visto aos contratos ter sido emitido pelo
Tribunal de Contas (TC) na sexta-feira, as escolas ainda tiveram de
pagar os custos do tribunal. Situação que está a indignar os directores
dos colégios onde há centenas de professores com salários em atraso e
milhares de euros em dívida a bancos e fornecedores.
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“Estamos sem receber desde o início do ano lectivo e ainda temos de
pagar um visto que nem sequer consideramos necessário. É absurdo”, disse
ao SOL Rodrigo Queiroz de Melo, presidente da Associação de
Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP). Recorde-se
que em 2014 o MEC decidiu enviar para o TC os contratos superiores a 350
mil euros para a emissão de visto prévio. Uma exigência que a AEEP não
compreende, uma vez que os contratos envolvem sempre as mesmas entidades
e as suas regras e verbas são fixadas pelo Governo, em portaria.
Contudo, as regras do tribunal prevêem que os emolumentos sejam pagos por quem contrata com o Estado, neste caso os colégios.
O visto prévio veio complicar ainda mais o pagamento por parte do
Estado mas o atraso - nunca antes registado - não se pode imputar ao
Tribunal de Contas pois, como já veio esclarecer o tribunal, o MEC só
enviou os contratos para apreciação em Dezembro. E muitos estavam mal
instruídos, com documentos em falta, e tiveram de voltar para trás.
Aliás, apesar de o Governo ter garantido aos colégios ao longo de várias
semanas que o dinheiro estava prestes a chegar, a portaria que definiu o
valor de financiamento só saiu a 20 de Novembro.
Ainda esta semana, o SOL confirmou junto do Tribunal de Contas que os contratos continuavam a chegar para apreciação.
Verbas podem chegar hoje
Já depois do visto emitido no final da semana passada, os atrasos
continuaram, apesar das garantias diárias dos técnicos do MEC de que a
verba estava iminente. Na quinta-feira de manhã, fonte oficial do MEC
garantiu ao SOL que “já começaram a ser efectuadas as transferências no
âmbito dos contratos de cooperação do ensino especial”. Os colégios
esperam, assim, começara a receber o dinheiro ainda hoje.
Gonçalo Pimentel, do Colégio Bola de Neve, era um dos directores do
ensino especial que ontem não escondia a indignação. “Vou ter de pagar
500 euros para poder aceder ao dinheiro que o MEC me deve”, diz,
sublinhando que no caso da sua escola ainda é mais absurdo pois é uma
instituição sem fins lucrativos. Aqui as dificuldades são enormes e os
funcionários só não tem salários atrasados porque os beneméritos e
associados têm ajudado a suportar as despesas e o pagamento aos
fornecedores tem sido adiado graças “à sua boa vontade”.
Há ainda 15 colégios do ensino artístico especializado e 32 do ensino
profissional que ainda aguardam o aval do TC e têm a receber do Estado
7,3 milhões de euros. A situação financeira é tão grave que alguns já
fecharam portas e noutros há mais de seis meses de salários por pagar.
Na Academia de Música de Almada, a decisão de suspender as aulas aos
200 alunos que são financiados pelo Estado foi tomada no início da
semana. Aqui há ordenados em falta desde Outubro, muitos milhares de
euros em dívida à Segurança Social e Finanças e um empréstimo, contraído
já para acautelar o habitua atraso do MEC, para pagar. “O que mais me
indigna é que o MEC mente. Andou a dizer que faltava o visto do Tribunal
e depois percebemos que os contratos só foram enviados para lá em
Dezembro e de forma errada. A prova disso é que a 6 de Janeiro os
técnicos do MEC ainda nos estavam a pedir documentos, o que nos leva a
crer que só a partir dessa data o nosso contrato entrou”, diz Susana
Batoca da direcção da escola.
Além destes colégios, há ainda muitos outros destes três tipos de
ensino - mas que se situam fora da zona de Lisboa e a Algarve e por isso
são financiados também por fundos comunitários - que aguardam o
financiamento do Estado. Até agora só receberam 15% da verba e esta só
entrou no final do ano passado.
* Significa isto a falta de respeito, a sobranceria que ministérios da Educação e das Finanças têm pelos empresários portugueses.
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