Google,
o Estado de Direito,
e o caminho que se segue
Um projecto de resolução do Parlamento Europeu pede,
entre outras coisas, a separação do motor de busca da Google dos outros
serviços comerciais. A resolução, apesar de se dirigir à Google, sugere
claramente que esta poderá aplicar-se a todos os serviços de pesquisa.
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Um dos aspectos mais preocupantes desta resolução
estranha, pelo menos de acordo com um dos seus redactores, é que ela
visa exercer pressão política sobre um procedimento legal que está fora
das competências do Parlamento Europeu.
O que era suposto ser um
procedimento legal independente transformou-se numa espécie de bola de
futebol político chutada em várias direcções por políticos que têm
diferentes ideias para defender. Tal como o New York Times referia, o
caso Google "tornou-se num substituto da crítica a um Governo
Norte-Americano intrusivo e para a preocupação com o domínio tecnológico
incontestável norte-americano."
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Os concorrentes da Google têm espalhado, implacavelmente, estas chamas, ao mesmo tempo, que procuram amarrar esta inovadora empresa em nós. No entanto, a Comissão Europeia investigou a Google ao longo de cinco anos sem que a tenha acusado. Três propostas de acordo foram rejeitadas, após extenso ‘lobbying' de concorrentes, e o caso continua a arrastar-se.
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Os concorrentes da Google têm espalhado, implacavelmente, estas chamas, ao mesmo tempo, que procuram amarrar esta inovadora empresa em nós. No entanto, a Comissão Europeia investigou a Google ao longo de cinco anos sem que a tenha acusado. Três propostas de acordo foram rejeitadas, após extenso ‘lobbying' de concorrentes, e o caso continua a arrastar-se.
Enquanto defensor de uma concorrência sã, esta extensiva politização
incomoda-me profundamente. À semelhança de outros procedimentos legais, é
suposto que as investigações na área da concorrência sejam decididas em
função dos seus méritos. Infelizmente, até mesmo um observador mais
casual percebe agora que isto está longe de ser o procedimento normal.
Um aspecto chave de um Estado de Direito é que as autoridades
judiciais e os tribunais não estão sujeitos ao processo politico. Se os
procedimentos legais se convertem em concursos de popularidade e aqueles
que têm conexões políticas obtêm privilégios especiais debilita-se o
Estado de Direito. Se o sentido da independência judicial e regulatória
se desvanece, também desaparece a legitimidade que sustenta os nossos
processos legais.
Preocupa-me que algo parecido esteja a acontecer à medido que
escrevo. Interesses particulares, como os de ‘publishers' e outros
concorrentes da Google, têm desenvolvido campanhas de ‘lobbying
‘agressivas com o objectivo de serem recusadas as múltiplas propostas de
acordo para encerramento do caso.
A concorrência serve para proteger os consumidores e as empresas
inovadoras de acções anti-concorrenciais de poderosos concorrentes
entrincheirados e que não querem concorrer com base nos méritos dos seus
produtos. É um uso perverso do direito da concorrência usá-la como
ferramenta anti-concorrencial face à concorrência inovadora e
disruptiva.
Tendo isto em mente, espero que o Parlamento Europeu chumbe esta
moção. Independentemente dos pensamentos que os membros do Parlamento
Europeu tenham sobre a função disruptiva da Google como empresa, confio
que, por respeito ao processo, deixem trabalhar os reguladores e os
tribunais, os que têm a tarefa de fazer cumprir as leis da concorrência.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
26/11/14
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