HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Mais de 350 mil pessoas decidiram
. emigrar desde a chegada da troika
No ano passado, o número de emigrantes voltou a
aumentar.: foram 128.108 pessoas a tentar a sorte fora de Portugal. O
saldo migratório foi negativo pelo terceiro ano.
Ana Couto saiu de Coimbra ainda em 2007 para tentar a
sorte em Hamburgo. Ontem, enquanto a Alemanha defrontava Portugal no
Campeonato do Mundo de Futebol, a emigrante - que preferia não ver o
jogo para "não se enervar" - contava ao Diário Económico que faz parte
da "onda de felizardos" que escolheu sair do país para "ver como é".
Depois dela e com a chegada da ‘troika' em 2011 muitos outros tomaram a
mesma decisão. Ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou
novos dados que mostram que, entre 2011 e 2013, tomaram a decisão de
emigrar 350.504 pessoas.
Segundo a informação publicada pelo INE, em 2013 saíram de
Portugal para viver no estrangeiro 128.108 pessoas. Pouco mais de 53 mil
são emigrantes permanentes, ou seja, pessoas que saíram de Portugal com
a intenção de permanecer noutro país por um período superior a um ano.
Por outro lado, 74.322 decidiram emigrar com a intenção de ficar noutro
país por um período inferior a um ano.
Desde que a ‘troika' chegou em 2011 e até ao ano passado, foram
já 350.504 os que decidiram tentar a sorte lá fora, numa altura em que
as dificuldades económicas se acentuaram em Portugal, com a taxa de
desemprego a bater máximos históricos, tendo ultrapassado a barreira dos
17%. Mas não revelam quantos destes ainda são emigrantes. É que há
emigrantes temporários que passam a permanentes, mas também há
temporários e permanentes que regressam a Portugal.
"Os números do INE atestam a pouca sustentabilidade do modelo
económico que seguimos e os erros da política de austeridade", diz Jorge
Malheiros, professor do Instituto Geográfico da Universidade de Lisboa.
Daí a "subida elevada e muito rápida" do número de emigrantes, conclui.
Entre 2011 e 2012, o número de emigrantes subiu 20,2%. Em 2013, o
universo de emigrantes voltou a subir, mas a um ritmo menor (5,5%). Um
abrandamento face ao ano anterior que Jorge Malheiros explica com o
facto de o volume de emigração já ser "muito alto".
A primeira reacção à crise foi em 2008, o ano seguinte ao eclodir
da crise do ‘subprime' nos Estados Unidos, quando o número de
emigrantes cresceu 158%, para 20.357. Nessa altura, o INE só divulgava
dados para a emigração permanente, mas no ano passado começou a publicar
a emigração temporária, devido à importância que este fenómeno estava a
assumir.
Ana Couto, a portuguesa a viver na Alemanha, saiu a pensar que
ficaria fora dois anos, mas já conta sete. A trabalhar numa empresa que
está a construir um parque eólico no Mar do Norte, a engenheira civil
gostava de voltar a Portugal mas defende que "agora seria uma loucura".
É por isso que Jorge Malheiros defende que sem uma política de
criação de emprego será difícil manter as pessoas. É que a par do
aumento da emigração, o saldo migratório (diferença entre os imigrantes e
os emigrantes permanentes) foi em 2013 negativo pelo terceiro ano
consecutivo.
O que se traduz em menos contribuições para o sistema de
Segurança Social, já que "são os jovens" que mais tomam a opção de
emigrar. O declínio do número médio de filhos por mulher (ver texto ao
lado), conjugado com o aumento da longevidade apontam para uma redução
da população e o seu envelhecimento.
* Sai a juventude, de canudo na mão, ficam os mais velhos, menos qualificados e mais frágeis, o ideal para políticos e banqueiros fazerem deste país o que querem. A emigração de jovens com habilitações elevadas diminui a capacidade de combate contra este governo, que programou tudo ao pormenor.
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