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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
5 riscos que a troika identifica no
final do programa de ajustamento
O comunicado da troika sobre a 12ª avaliação - a última do programa – deixa vários recados ao Governo sobre os riscos que terá de enfrentar qualquer que seja a estratégia de saída.
A economia está a recuperar, o objectivo de défice mantém-se, a banca está mais sólida e observaram-se várias transformações estruturais. Contudo, existem também vários riscos relacionados com diversas áreas dos programa. Veja em baixo os cinco principais:
Derrapagem das metas de défice e dívida pública.
Apesar de referir que as metas de défice deste ano e do próximo foram reafirmadas (4% e 2,5% do PIB), a troika avisa que as contas públicas podem ser negativamente afectadas devido a alterações no “no tratamento de activos por impostos diferidos ("deferred tax assets")”.
Para dar maior almofada de capital aos bancos, poderá ser necessário rever em alta as perspectivas de défice. A ministra das Finanças disse hoje que não está tomada nenhuma decisão sobre o tema. Além disso, os credores referem também que as contas públicas podem também ser prejudicadas “pelo tratamento estatístico dos esforços para gerir de forma mais eficaz o sobre-endividamento de algumas empresas públicas”.
Acesso a crédito é ainda demasiado difícil.
O sector financeiro está mais sólido, mas a torneiro de crédito está ainda demasiado apertada. “O acesso ao crédito bancário a um custo razoável é ainda limitado para empresas viáveis mas fortemente endividadas, nomeadamente pequenas e médias empresas”, pode ler-se no comunicado.
Mais reformas no mercado de trabalho e produto.
O Governo colocou várias reformas no terreno, mas a economia portuguesa, argumenta a troika, é ainda demasiado rígida e pouco competitiva e são necessárias mais medidas para a tornar mais dinâmica. “Problemas persistentes na estrutura e funcionamento dos mercados reduzem a flexibilidade da economia na resposta a choques adversos”, referem os credores. “Um mercado de trabalho mais dinâmico e crescimento robusto são necessários para reduzir o nível ainda elevado de desemprego.” Além disso, a troika considera que em alguns sectores da economia continua a não haver competição suficiente entre empresas, o que impede mais ganhos de produtividade e competitividade.
Dívida das empresas.
O Estado português deverá ver a sua dívida começar a descer em 2015. As famílias portuguesas também estão a reduzir o seu endividamento. Contudo, as empresas privadas continuam a apresentar rácios de dívida muito elevados. A troika pede mais medidas que ajudem a reduzir esse endividamento. “Os elevados níveis de endividamento na economia, em conjugação com importantes custos de financiamento numa conjuntura de baixa inflação, acentuam a necessidade de medidas decisivas destinadas a reduzir a dívida das empresas e os respectivos prémios de risco.”
Consenso social.
A mensagem da troika é clara. A melhoria das condições económicas e financeiras “não devem conduzir a uma atitude complacente”. É necessário continuar o percurso de consolidação orçamental e de reformas estruturais. Nesse sentido, os credores pedem que, “com base no consenso social e na resiliência demonstrada pelos portugueses durante o programa”, os intervenientes sociais cheguem a um acordo em torno das “linhas gerais” de uma estratégia de crescimento e prosperidade “autossustentáveis”. E acrescentam: “Tal exigirá uma importante ruptura com o passado e um compromisso para uma mudança profunda e duradoura.”
* Uma análise hipócrita em que a precaridade das famílias não recebe qualquer consideração. As pessoas são "matraquilhos" para estes energúmenos financeiros.
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