HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Luxemburgo discute valor da
língua portuguesa no país
Um quarto da população do Luxemburgo fala português.
Um partido nacionalista do Luxemburgo questionou o governo do País sobre um anúncio de emprego
a pedir candidatos que falem português. O partido ADR questionou no
Parlamento um anúncio publicado por uma associação de apoio a crianças,
jovens e famílias, pedindo candidatos para uma vaga de educador que
falassem português, além das três línguas oficiais do Luxemburgo.
O
deputado Fernand Kartheiser, do ADR, perguntava ao ministro da Educação
do Luxemburgo se "considerava normal" que uma associação subsidiada
pelo Estado exigisse o conhecimento de uma língua que não faz parte dos
idiomas oficiais do país, acusando-a de "favorecer" os falantes de
língua portuguesa e de não contribuir para a integração dos
estrangeiros.
Na resposta, o ministro
defendeu que "neste caso concreto não se trata[va] de familiarizar as
pessoas com as línguas oficiais do país ou de facilitar a sua
integração, mas de as compreender e ajudar", uma posição aplaudida pelo
presidente da CCPL.
José Coimbra,
presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo
(CCPL), receia que esta questão possa aumentar a clivagem entre
portugueses e luxemburgueses. Coimbra refere que " questão linguística
no Luxemburgo é uma questão incendiária que inflama os espíritos de toda
a gente, mas questionar o Governo por uma associação pedir um
funcionário que fale português é caricato". O presidente desta entidade
conclui que "a língua deve ser um veículo de comunicação e não de
exclusão. Por que carga de água é que haviam de atacar uma língua de
comunicação falada por um quarto da população no Luxemburgo? Isto é
criar um problema onde não existe, e tentar criar aqui uma convulsão
social", defendeu José Coimbra de Matos.
Esta não é
a primeira vez que o ADR, conhecido pelas posições nacionalistas, leva
ao Parlamento questões relacionadas com a língua portuguesa.
O
partido questionou em 2008 o projecto de abrir uma escola portuguesa no
Luxemburgo, apresentado pela Universidade Lusófona, que não chegou a
concretizar-se, por causa de entraves do Governo luxemburguês, segundo o
dirigente associativo. Na altura, o ADR perguntou à ministra da
Educação se não temia que a aprovação do projecto da escola lusófona
levasse a comunidade muçulmana a exigir igualmente escolas privadas no
país.
PORTUGUÊS É UMA VANTAGEM PROFISSIONAL
Falar
português é uma mais-valia no Luxemburgo e "não um factor de
discriminação", e há mesmo luxemburgueses e outros estrangeiros que
estão a aprender a língua, considerando-a uma vantagem
profissional", afirma o professor Carlos Pato, que preside também o
Sindicato dos Professores no Estrangeiro.
Convidado
a comentar as questões que o deputado do ADR levantou no Parlamento
luxemburguês, Carlos Pato explica que "a ideia que me assaltou de
imediato é que o senhor está a ver o filme ao contrário. Não há aqui
nenhuma discriminação, há sim uma mais-valia e uma vantagem em falar
português. Até nos bancos sentem que o facto de os funcionários falarem
português é uma vantagem, por causa da grande população portuguesa no
país", defendeu o docente, frisando que "há muitos estrangeiros e
luxemburgueses que vão aprender português para poderem falar com os
clientes e utentes".
Carlos Pato acusou o ADR de
sectarismo e sublinhou ainda que "o português é a sexta língua mais
falada no mundo, e não se pode secundarizar desta forma uma língua com
esta importância". O dirigente sindical concluiu que esta situação "é
uma forma de não querer dar o real valor aos falantes da língua
portuguesa, ignorando o impacto económico dos 110 mil portugueses que
vivem no país e pagam aqui impostos, e de todos os que querem aprender
português".
* Há poucas dúvidas sobre a essência xenófoba do ADR.
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