HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Barómetro Kaisen
77% dos empresários querem
programa cautelar
Uma maioria significativa de 77% de empresários do painel do
Instituto Kaisen considera que o país deve seguir para a protecção de
um programa cautelar patrocinado pela União Europeia depois de findo o
programa de assistência financeira da 'troika'.
O painel - que é já
composto por mais de 130 empresas e onde se encontram organizações tão
relevantes como a Sonae, a Corticeira Amorim, a CIN, o Banco Popular e a
Caixa Geral de Depósitos, entre muitos outros - constata que apenas 12%
dos inquiridos considera "desnecessário" um programa cautelar, enquanto
que 11% dos empresários acha esse programa "negativo para o país".
Para António Costa, manager para a Península Ibérica do Instituto
Kaisen, estes dados "não deixam dúvidas sobre o sentido das preferências
dos empresários" - que, aliás, seguem em linha com o que o PSD, um dos
partidos membros da coligação que sustenta o Governo, considerou ontem
prioritário, segundo disse Miguel Frasquilho em declarações públicas.
Por outro lado, o painel Kaiden alia a preferência pela protecção de
um programa cautelar a uma clara melhoria das perspectivas de evolução
da economia para 2014, quando comparadas com 2013. De facto, uma maioria
confortável de 70% dos inquiridos considera que o desempenho da
economia em 2014 será melhor que em 2013 e apenas 5% acha que será ainda
pior.
A percentagem de optimistas baixa para os 65% quando a pergunta
colocada pela Kaisen é relativa à capacidade de o país regressar aos
mercados e sustentar a angariação de financiamento soberano em condições
de igualdade com as restantes economias. Cerca de 35% dos inquiridos
considera que a economia portuguesa ainda não está em condições e
absorver o impacto do regresso aos mercados da dívida.
Como disse António Costa, o painel - que revela indicadores
trimestrais - está neste momento e em termos de avaliação da confiança
dos empresários no ambiente económico, no seu ponto mais elevado: 11,3
(em 20) pontos. Este indicador passou para o lado positivo pela primeira
vez em Julho de 2013, depois de ter passado a primeira parte desse ano
em valores negativos. De qualquer modo, os 11,3 pontos apresentados não
são ainda de molde a conferir sustentabilidade às respostas positivas -
apesar de indicar o sentimento de que a envolvente económica (ou a sua
percepção) está a caminhar no sentido positivo.
Reendustrialização
No que diz respeito àquilo que o painel considera serem as grandes
apostas da economia, a industrialização surge em primeiro lugar (com 61%
das respostas), bem longe da economia do mar (16%) e do turismo (13%).
Já em termos de diplomacia económica, os empresários consideram que
Angola (referida 49% das vezes), Brasil (46%), Magrebe (37%) e
Moçambique (35%) devem ser os mercados prioritários - o que, de algum
modo, revela um distanciamento significativo entre a vontade das
empresas e os discursos oficiais (por parte do governo angolano e ao
mais alto nível) de afastamento entre as duas economias. Num quadro onde
há apenas 10 entradas (sendo que a décima é 'outras') a única economia
europeia merecer referência é a espanhola (21%), num modesto oitavo
lugar.
A acreditar na Kaisen, a Venezuela também parece ter passado de
moda: surge em nono lugar, com apenas 4% de referências - bem menos que
os 28% conseguidos pela 'vizinha' Colômbia.
Em termos das organizações, os empresários indicam o 'aumento da
rentabilidade' e a 'abertura de novos mercados' como apostas
prioritárias para 2014. De algum modo surpreendente, n um quadro com
nove entradas (a última é 'outras'), a 'redução do endividamento surge
apenas na penúltima posição - apesar de, ao longo de 2013, o mesmo
painel ter afirmado que o 'acesso ao crédito' era o principal problema
das empresas.
O painel Kaisen já tem mais de 130 empresários e os seus responsáveis
- o instituto é dirigido em Portugal por Euclides Coimbra - querem
continuar a aumentar o seu espectro, no sentido de adicionar cada vez
mais credibilidade e exposição ao barómetro.
* Claro que Portugal precisa de um programa cautelar.
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