HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Maria Luis Albuquerque:
Disciplina nas finanças terá que
continuar em Portugal por muitos anos
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque,
disse hoje, em Bruxelas, que um dos maiores desafios que Portugal
enfrenta é não cair na "tentação" de abdicar da disciplina orçamental,
por considerar que a parte mais crítica já está ultrapassada.
Maria Luís Albuquerque, que intervinha,
em inglês, num seminário da OCDE que decorre em Bruxelas antes de uma
reunião do Eurogrupo, apontou, por outro lado, que "entre as reformas
que estão a ser implementadas a nível europeu, a união bancária é
claramente a prioridade para Portugal", pois as atuais "condições de
crédito são um factor muito negativo para a competitividade das empresas
e da economia portuguesa".
Assinalando que as reformas estruturais, um dos tópicos do seminário,
e também "obviamente um tópico chave para Portugal, e principal razão
para os recentes desenvolvimentos positivos na frente macroeconómica", a
ministra considerou que há razões para olhar com satisfação para os
resultados alcançados, mas frisou, repetidamente, que "ainda há muito
trabalho pela frente".
"As reformas estruturais são sempre por definição um trabalho em
progresso, há sempre mais por fazer, independentemente do que já tenha
sido feito", e, no caso de Portugal, sustentou, tal ainda é mais
evidente, pois "os desequilíbrios eram muito grandes", os níveis de
dívida são ainda muito altos, tanto no sector público como no sector
privado, o défice, apesar de ter baixado significativamente, continua
elevado, e a taxa de desemprego é ainda extremamente elevada.
"O ambiente continua a ser muito desafiador, e estou certa de que a
pressão dos mercados continuará a estar presente. A situação continuará a
ser frágil durante muito tempo (...) A disciplina orçamental é algo que
tem de ficar connosco por muitos anos", apontou, reforçando que é
imperioso que haja uma consciencialização em Portugal de que, apesar de a
parte mais difícil da crise estar ultrapassada, é necessário prosseguir
as reformas e manter a disciplina, pois caindo "novamente no erro" de
relaxar poderá levar a que "os progressos sejam rapidamente perdidos".
Maria Luís Albuquerque defendeu que também é necessário fazer mais ao
nível europeu, voltando a instar a Europa a prosseguir políticas com
vista a uma verdadeira união bancária, para reduzir a fragmentação dos
mercados financeiros, que, disse, está a penalizar particularmente as
empresas portuguesas, que poderiam contribuir de forma muito mais
decisiva para restaurar a competitividade da economia portuguesa se
tivessem mais e melhor acesso ao crédito.
A ministra participa hoje de manhã num seminário da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), sobre políticas para o
crescimento, emprego
e competitividade na zona euro, num painel que integra ainda o ministro
das Finanças da Irlanda, Michael Noonan, o ministro da Economia
espanhol, Luis de Guindos, além do secretário-geral da OCDE, Angel
Gurría, e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
Às 14:00 locais (13:00 de Lisboa), tem início uma reunião do
Eurogrupo, precisamente a três meses do final do programa de assistência
financeira a Portugal, mas ainda não haverá qualquer discussão sobre a
saída do programa.
* A disciplina orçamental tem de ser permanente e rigorosa, ou estava alguém a pôr a hipótese de um período de rebaldaria????
.
Sem comentários:
Enviar um comentário