12/02/2014

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Santa Casa tenciona criar centro de
. recuperação para sem-abrigo

A Santa Casa pretende igualmente criar, em parceria com a Câmara de Lisboa, centros de alojamento de transição, espaços provisórios onde os sem-abrigo possam ficar até nove meses

A criação de um Centro de Recuperação de Competências Psicossociais e de centros de alojamento transitórios são algumas das respostas sociais que a Santa Casa da Misericórdia pretende implementar para 852 sem-abrigo de Lisboa.

Estas medidas de intervenção social foram anunciadas hoje á tarde pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa durante a apresentação de um levantamento do número de sem-abrigo existentes na capital, levado a cabo pelo “Programa Intergerações/InterSituações de Exclusão e Vulnerabilidade Social”. 

A contagem foi realizada a 12 de dezembro de 2013 e permitiu sinalizar 509 sem-abrigo na rua e 343 que dormiram em Centros de Acolhimento nessa noite.

A operação teve a participação de mais de 800 voluntários que percorreram todas as ruas da capital e foi o culminar do trabalho desenvolvido por aquele programa, que, de abril a dezembro de 2013, contactou com 649 sem-abrigo, dos quais 454 responderam a um inquérito.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador deste programa, João Marrana, explicou que, na sequência deste trabalho de contagem dos sem-abrigo, a Santa Casa está a preparar um conjunto de respostas sociais para minimizar este fenómeno.

Nesse sentido, Marrana adiantou que uma das grandes apostas vai ser a criação do Centro de Recuperação de Competências Psicossociais, “essencial para ajudar na reintegração” de pessoas sem-abrigo na sociedade.

“A rua faz esquecer um conjunto de competências que são básicas, como hábitos de higiene ou de relacionamento social. A ideia é haja um espaço onde estas pessoas possam reaprender essas competências”, explicou.

A Santa Casa pretende igualmente criar, em parceria com a Câmara de Lisboa, centros de alojamento de transição, espaços provisórios onde os sem-abrigo possam ficar até nove meses.
“Pretendemos que sejam centros de dormida que tenham o conforto de uma casa normal. Aqui é suposto que possam ter as condições para reorganizar a sua vida e reaprender as responsabilidades de gerir uma casa”, apontou.

Segundo adiantou João Marrana, existem já vários “espaços em vista” e, “se tudo correr bem”, os primeiros sem-abrigo poderão ir viver para um centro desta natureza já no próximo verão.
Uma terceira resposta social diz respeito à criação de um núcleo de ligação, composta por mediadores que, na maioria dos casos, viveram na rua no passado.

Relativamente aos resultados obtidos na contagem dos sem-abrigo da cidade, a administradora da Santa Casa da Misericórdia para a Ação Social, Rita Valadas, admitiu que já “eram expectáveis”. 

 “É muito perto daquilo que nós tínhamos ideia que existia. O que mudou foi a caracterização das pessoas que estão na rua”, apontou.
Segundo Rita Valadas, a crise não afetou a “população sem-abrigo tradicional”, mas sim “pessoas vulneráveis de outros estratos económicos e com outra escolaridade”.
Uma das conclusões deste estudo é que um terço dos sem-abrigo inquiridos concluiu o ensino secundário, técnico ou superior, 4,6% têm qualificações superiores e 7,7% não sabem ler nem escrever.

O estudo permitiu igualmente concluir que o sem-abrigo típico de Lisboa é homem, português, solteiro e sem fontes de rendimento

* Todo o apoio é pouco, mas esta acção tem muito mérito.


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