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Santa Casa tenciona criar centro de
. recuperação para sem-abrigo
A Santa Casa pretende igualmente criar, em parceria com a Câmara de Lisboa, centros de alojamento de transição, espaços provisórios onde os sem-abrigo possam ficar até nove meses
A criação de um Centro de Recuperação de Competências Psicossociais e
de centros de alojamento transitórios são algumas das respostas sociais
que a Santa Casa da Misericórdia pretende implementar para 852
sem-abrigo de Lisboa.
Estas medidas de intervenção social foram anunciadas hoje á tarde
pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa durante a apresentação de um
levantamento do número de sem-abrigo existentes na capital, levado a
cabo pelo “Programa Intergerações/InterSituações de Exclusão e
Vulnerabilidade Social”.
A contagem foi realizada a 12 de dezembro de 2013 e permitiu
sinalizar 509 sem-abrigo na rua e 343 que dormiram em Centros de
Acolhimento nessa noite.
A operação teve a participação de mais de 800 voluntários que
percorreram todas as ruas da capital e foi o culminar do trabalho
desenvolvido por aquele programa, que, de abril a dezembro de 2013,
contactou com 649 sem-abrigo, dos quais 454 responderam a um inquérito.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador deste programa, João
Marrana, explicou que, na sequência deste trabalho de contagem dos
sem-abrigo, a Santa Casa está a preparar um conjunto de respostas
sociais para minimizar este fenómeno.
Nesse sentido, Marrana adiantou que uma das grandes apostas vai ser a
criação do Centro de Recuperação de Competências Psicossociais,
“essencial para ajudar na reintegração” de pessoas sem-abrigo na
sociedade.
“A rua faz esquecer um conjunto de competências que são básicas, como
hábitos de higiene ou de relacionamento social. A ideia é haja um
espaço onde estas pessoas possam reaprender essas competências”,
explicou.
A Santa Casa pretende igualmente criar, em parceria com a Câmara de
Lisboa, centros de alojamento de transição, espaços provisórios onde os
sem-abrigo possam ficar até nove meses.
“Pretendemos que sejam centros de dormida que tenham o conforto de
uma casa normal. Aqui é suposto que possam ter as condições para
reorganizar a sua vida e reaprender as responsabilidades de gerir uma
casa”, apontou.
Segundo adiantou João Marrana, existem já vários “espaços em vista”
e, “se tudo correr bem”, os primeiros sem-abrigo poderão ir viver para
um centro desta natureza já no próximo verão.
Uma terceira resposta social diz respeito à criação de um núcleo de
ligação, composta por mediadores que, na maioria dos casos, viveram na
rua no passado.
Relativamente aos resultados obtidos na contagem dos sem-abrigo da
cidade, a administradora da Santa Casa da Misericórdia para a Ação
Social, Rita Valadas, admitiu que já “eram expectáveis”.
“É muito perto daquilo que nós tínhamos ideia que existia. O que
mudou foi a caracterização das pessoas que estão na rua”, apontou.
Segundo Rita Valadas, a crise não afetou a “população sem-abrigo
tradicional”, mas sim “pessoas vulneráveis de outros estratos económicos
e com outra escolaridade”.
Uma das conclusões deste estudo é que um terço dos sem-abrigo
inquiridos concluiu o ensino secundário, técnico ou superior, 4,6% têm
qualificações superiores e 7,7% não sabem ler nem escrever.
O estudo permitiu igualmente concluir que o sem-abrigo típico de Lisboa é homem, português, solteiro e sem fontes de rendimento
* Todo o apoio é pouco, mas esta acção tem muito mérito.
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