20/02/2014

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Queda do ouro e alta das obrigações
. fazem subir dívida externa nacional

A posição líquida de investimento internacional, a medida mais ampla das responsabilidades assumidas perante o exterior, aumentou para 118,9% do PIB, puxada pela desvalorização do ouro e pela subida do preço da dívida pública nacional. Considerando apenas os instrumento de dívida, o Banco de Portugal evidencia que a dívida externa líquida baixou para 103% do PIB no ano passado.
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A posição de investimento internacional de Portugal, a medida mais ampla das responsabilidades assumidas perante o estrangeiro, atingiu 196,6 mil milhões de euros no ano passado, o que corresponde a 118,9% do PIB, divulgou o Banco de Portugal no Boletim Estatístico. Trata-se de um agravamento face aos 116,1% do PIB registados em 2012 e que traduz um agravamento de 2,7% do PIB no ano passado.

A posição líquida de investimento internacional (PII), resulta da diferença entre os activos estrangeiros detidos por residentes e os activos nacionais detidos por estrangeiros. Dito de outra forma, mede a diferença entre o stock de activos e de passivos de natureza financeira entre um país e o resto do mundo. É por isso considerada como a medida mais ampla de endividamento externo da economia e frequentemente usada para avaliar o desequilíbrio externo do País - veja-se por exemplo a última recomendação da Comissão Europeia para cortar salários em Portugal com o objectivo de reduzir o saldo negativo da PII.

O Banco de Portugal, no relatório hoje publicado, explica que como a posição de investimento internacional é avaliada a valor de mercado, a sua evolução é determinada, não apenas pela variação dos activos e passivos face ao exterior registada na balança financeira, mas também por variações de preço, cambiais ou outras variações desses mesmos activos e passivos.

As variações de preços que influenciaram o endividamento externo do país

- Desvalorização do ouro, que afectou os activos de reserva da autoridade monetária;

- Valorização de títulos emitidos pelo Estado Português, detidos por não residentes;

- Valorização de acções de bancos e sociedades não financeiras residentes, detidas por não residentes.

Fonte: Banco de Portugal

E foi sobretudo a variação de preços que determinou o agravamento do endividamento externo. Por um lado o ouro detido pelo Banco de Portugal desvalorizou de forma significativa o que reduziu o valor dos activos portugueses sobre o exterior. O preços do metal precioso caiu 28% em 2013.

O que é a posição de investimento internacional
Dá-nos a saúde da economia do país face ao exterior, resultando da diferença acumulada entre activos (disponibilidades) e passivos (responsabilidades) que o país detém com o exterior.
Quando a posição de investimento internacional líquida é negativa, traduz o endividamento externo (privado e público) de um país.

Componentes da posição de 
investimento internacional:

. Investimento directo no exterior (Activo) e do exterior (Passivo); onde se inclui o investimento imobiliário.

. Investimento de carteira (títulos sob a forma de acções, unidades de participação e obrigações): regista a compra por residentes de títulos emitidos por não residentes (Activo) e a venda a não residentes de títulos emitidos por residentes (Passivo).

. Outro investimento: compreende todos os empréstimos bancários concedidos ao exterior (Activo) ou recebidos do exterior (Passivo)

. Derivados Financeiros

. Activos de Reserva: reservas em divisas e ouro na posse do Banco Central (Activo).

Fonte: Fundação Francisco Manuel dos Santos


Já a valorização das obrigações soberanas portuguesas teve um efeito contrário, pois aumentou o valor da dívida portuguesa que é detida por investidores estrangeiros. Também a subida da cotação das acções dos bancos e outras cotadas portuguesas elevou a posição que os investidores estrangeiros detêm em activos portugueses.

O Banco de Portugal revela ainda que a dívida externa líquida de Portugal (um medida mais restrita que inclui as posições do investimento directo, os títulos de dívida de longo e curto prazo englobados no investimento de carteira e o total do outro investimento, mas retira acções em carteira e ouro), baixou 0,5 pontos percentuais para 103% do PIB em 2013, ascendendo a 170,4 mil milhões de euros.

* Onde é que está o milagre????



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