HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Rangel propõe eleição
direta do presidente
O eurodeputado Paulo Rangel defendeu hoje a eleição direta do presidente
da Comissão Europeia e que os partidos políticos europeus proponham os
seus candidatos, medidas para reforçar a legitimidade democrática e a
influência política deste órgão.
"É evidente para
todos que houve uma fragilização da Comissão Europeia", enquanto o
Parlamento Europeu "aumentou inegavelmente os seus poderes", sustentou
hoje o vice-presidente da bancada do Partido Popular Europeu, numa
audição na comissão parlamentar de Assuntos Europeus a propósito do seu
relatório preliminar sobre a aplicação do Tratado de Lisboa.
"A
erosão do poder da Comissão é, em larga medida, relacionada com a crise
financeira e económica que favorece a intervenção e autoridade do
Conselho Europeu", refere Paulo Rangel no documento.
Rangel
propõe que os partidos políticos designem os candidatos à presidência da
Comissão Europeia, defendendo a eleição direta e que "a questão da
legitimidade deve ser minuciosamente analisada numa futura revisão dos
tratados".
"Numa futura convenção, temos de saber se defendemos o
modelo presidencial ou parlamentar. Sou favorável ao modelo
presidencial, com eleição direta do presidente da Comissão Europeia",
referiu.
O candidato a presidente da Comissão deve apresentar "as
linhas políticas para o seu mandato" perante o Parlamento Europeu, o que
já aconteceu com Durão Barroso aquando da sua recondução no cargo.
Para
"evitar uma excessiva parlamentarização do sistema", o eurodeputado
pede mais autonomia para o presidente da Comissão na escolha dos seus
comissários, a selecionar entre listas de "pelo menos três"
personalidades a indicar por cada país.
O deputado socialista
Alberto Costa defendeu a necessidade de "introduzir uma ideia de reforma
constitucional mais significativa nas próximas eleições".
O
deputado do PSD António Rodrigues alertou para o problema da abstenção
nas eleições europeias - as próximas decorrem em maio de 2014: "O
verdadeiro desafio e drama é que podemos ter uma taxa de abstenção de
60%. Isso é a maior derrota para o projeto europeu", disse.
Paula
Baptista (PCP) manifestou também preocupação com a abstenção nas
europeias, tradicionalmente as eleições com menor participação, com
Paulo Rangel a referir que "quando os eleitores não participam é porque
não se reveem em nenhuma das propostas", mas considerando que esse
desinteresse "também não é uma coisa assim tão trágica".
Ribeiro e
Castro (CDS) mostrou algum "ceticismo quanto a candidatos a presidentes
da Comissão Europeia associados aos partidos", considerando tratar-se
de "uma espécie de camada de verniz, mas não mais do que isso".
"Se é uma eleição, que seja a sério, com a eleição direta. Até regresso à campanha, a defender diretas já", disse.
Durante
a audição, Paulo Rangel comentou ainda que começa a fazer-se, em
Bruxelas, um debate sobre a possibilidade de criar uma câmara ?ad hoc'
que junte deputados europeus e nacionais, reunindo "duas ou três vezes
por ano".
Apesar de manifestar dúvidas sobre esta proposta, Paulo
Rangel admite que envolver os parlamentos nacionais poderia acalmar
"alguma desconfiança" das opiniões públicas, admitindo-se "muito
preocupado com o evoluir da questão europeia".
No mesmo sentido, o
presidente da comissão parlamentar, Paulo Mota Pinto (PSD), defendeu
que poderá justificar-se uma "acentuação do papel dos parlamentos
nacionais", em relação aos quais o eleitorado tem uma maior aproximação.
Pelo
contrário, Ribeiro e Castro disse discordar desta "nova câmara mista",
considerando que os deputados nacionais "pouco podem fazer".
Rangel
comentou ainda que o facto de o presidente da Comissão ser português
(Durão Barroso) garante maior peso ao país: "Portugal tem um embaixador
europeu nos Estados Unidos, no Brasil e na Índia. Não é coisa para
qualquer país.
No dia em que o perdermos, muita gente vai perceber a importância de o presidente da comissão ser português", sustentou.
* Politiquices criadas por grupos gordurosos de elitistas cada vez mais afastados dos cidadãos que os elegem.
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