HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Christine Lagarde:
Custos elevados da electricidade
em Portugal dificultam negócios
A directora geral do Fundo Monetário Internacional
admite o erro da entidade a que preside quanto ao efeito da austeridade
em países como Portugal e Grécia, avisa que o actual crescimento
económico europeu pode não ser sustentável e apela a que se façam
reformas para manter o actual momento.
Christine Lagarde avisou, esta
terça-feira, num discurso citado pelo “Independent”, que enquanto a
Europa parece “ter mudado de rumo”, é prematuro cantar vitória,
acrescentando a importância de reformas e citando exemplos que
prejudicam o crescimento, como o caso dos elevados custos da
electricidade em Portugal.
A directora geral do FMI diz que o crescimento económico não vai
acelerar substancialmente a não ser que as famílias, empresários e
países coloquem as suas finanças em ordem e que a redução de dívida se
torne atractiva aos olhos dos credores e se reavive o crédito.
“O objectivo da reforma é quebrar barreiras ao crescimento. Não há um
método infalível. Isto significa assumir posições entrincheiradas e
interesses escusos. Isto significa trazer mais concorrência e
flexibilidade para acender a inovação, impulsionar a competitividade e
possibilitar recursos onde estes sejam mais produtivos”, afirmou
Christine Lagarde. E, por isso, sublinha “as reformas são importantes na
Europa”.
A responsável sublinha ainda que “continua a ser importante quebrar
as ligações perniciosas entre bancos e balanços das dívidas soberanas”.
"A nossa posição no FMI é bastante simples: a união bancária deve ser
um conjunto simples com um mecanismo único de supervisão e um mecanismo
único de resolução dos bancos com uma rede de segurança comum",
afirmou, citada pela Lusa.
Segundo a agência noticiosa portuguesa, Lagarde sublinhou ainda:"sei
que ainda há muitas coisas complicadas a ter em conta nesta altura, mas
defendemos e exortamos a que seja considerado um sistema simples,
eficaz, justo e o mais previsível possível", disse.
Já, citada pelo Independent, a responsável afirmou que as reformas no
mercado laboral podem vir a tornar as economias melhor preparadas para
absorver choques futuros.
Lagarde apela também a melhorias no regime salarial e nos sistemas de impostos mais simples.
“Por exemplo, os preços do sector da electricidade na Itália são
cerca de 30% mais elevados do que a média europeia e os elevados preços
da electricidade aumentam os custos dos negócios em Portugal”, criticou a
responsável.
Sobre este assunto, ainda esta terça-feira, Passos Coelho sublinhou em entrevista ao Negócios que "a questão
da energia tem sido muito discutida em parte porque, também no
exterior, há uma percepção de que não foi feito tudo o que devia ter
sido feito para diminuir as rendas do sector energético. A nossa opinião
não é essa. O que procurámos fazer, com esta taxa sobre o sector
energético, tem que ver com o objectivo muito ambicioso de défice que,
para ser cumprido, exigia um aprofundamento dos cortes salariais no
Estado e uma atitude mais ambiciosa também sobre as próprias pensões.
Fazia sentido, por uma questão de equidade, encontrar um contributo mais
alargado noutros sectores, para atingir esse resultado do défice".
Lagarde admite erro do FMI quanto a efeito da austeridade
A directora-geral do FMI disse que a Europa está no caminho certo mas
não se pode deixar de pensar em reformas até o crescimento económico
recuperar o suficiente para travar o aumento do desemprego e da dívida.
Questionada sobre as consequências das políticas de austeridade
recomendadas pelo FMI na situação económica e social dos países em
maiores dificuldades, reconheceu que a instituição errou na hora de
calcular esses efeitos no desemprego e no crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB).
"Como resultado demo-nos conta que era necessário mais tempo para a
aplicação dos programas a países [resgatados como é o caso da Grécia e
Portugal]", apontou, citada pela Lusa.
* O FMI erra, nós pagamos e o Mexia ri-se!
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