O livro
A morte não a matou. Fernando Dacosta, com o seu “Botequim da
Liberdade”, faz reviver Natália Correia. A vulcânica e frágil, a genial
polemista e poeta.
Esta mulher enfrentou um país analfabeto,
amordaçado, moralmente hipócrita. Censurada, dizia – lê-se no livro –
que até se “divertiu” na longa noite do fascismo. A altivez sarcástica
de uma indomável. Viveu e fez viver no Botequim a democracia e olhava de
soslaio para a entrada na Europa da economia.
A sua personalidade
ainda hoje provoca arrepios nos mansos e acomodados. Teria, isso sim,
gostado do reconhecimento dos direitos dos homossexuais, da legalização
do aborto. Lutas que sempre encabeçou.
Laborinho Lúcio (um
senhor), que Natália admirava, conta com grande humor no livro que
hesitou em aceitar ser ministro da República nos Açores. “De noite,
porém, acordei com a voz da Natália a ordenar-me, peremptoriamente, que
aceitasse. E aceitei.”
Quando precisava, o Estado ignorou-a, mas em
testamento – Natália e Dórdio – deram tudo ao país. Testamenteira,
Helena Roseta dedicou um ano da sua vida a entregar até ao último livro,
quadro ou cêntimo. Nem um agradecimento teve do Estado-herdeiro. “Um
ordinarão”, teria trovejado Natália Correia.
Avisei aqui que ia
deliciar-me a ler o livro. Dacosta, quando estiver a desistir vou
recorrer ao “Botequim da Liberdade” e vociferar contra os asnos
contabilísticos.
Nota: Portas quer uma comissão para baixar o IRS. Mas não houve nenhuma para o subir?
IN "i"
02/11/13
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