HOJE NO
" PÚBLICO"
Fisco vai passar a cobrar
multas nos transportes
A Autoridade Tributária e Aduaneira (ATT) vai passar a ser
responsável pela cobrança de multas nos transportes, tal como acontece
desde 2011 nas portagens. Na proposta de Orçamento do Estado (OE) para
2014, o Governo inscreveu alterações à chamada "lei da fraude" que já
vinham sendo negociadas nos últimos dois anos, mas só agora avançam.
No documento a que o
PÚBLICO teve acesso, a competência do processo de cobrança de multas,
que antes estava nas mãos do Instituto de Mobilidade e dos Transportes
(IMT), passa directamente para o fisco. “O serviço de finanças da área
de domicílio fiscal do agente de contra-ordenação é competente para a
instauração e instrução dos processos de contra-ordenação (…), bem como
para aplicação das respectivas coimas”, refere o novo artigo 10.º que
consta na revisão da Lei 28/2006.
Também os limites para aplicação
das multas (que se mantêm entre 100 e 150 vezes o montante em vigor
para o bilhete com menor valor) passam a reger-se pelo Regime Geral das
Infracções Tributárias, assim como a elaboração de autos de notícia
pelos agentes de fiscalização das empresas ou por estas contratados.
NÃO FOI APANHADA NO METRO |
O
Governo pretende também alterar a repartição das receitas que for
gerada com a cobrança das multas. O Estado passará a receber 40% dos
proveitos e a ATT ficará com 35%. As empresas vão ficar com 20% e os
restantes 5% serão entregues ao IMT.
Até aqui, 40% do ganho era
entregue à empresa e 60% revertia para o Estado, quando a multa fosse
paga directamente ao operador (nos cinco dias após a notificação da
infracção). Volvido esse período, e uma vez estando o processo nas mãos
do IMT, esta entidade passava a receber 20% das receitas, à semelhança
das empresas, mantendo-se 60% para o Estado.
As coimas que forem
instauradas este ano vão seguir o procedimento em vigor até agora. O
artigo da proposta de lei do OE que determina estas alterações refere
que “os autos lavrados até 31 de Dezembro mantêm-se no âmbito da
competência do IMT”.
A cobrança de multas pelo fisco estava em
negociação dentro do Governo desde 2011, com o Ministério da Economia a
pressionar as Finanças para que o fisco entrasse em cena. As alterações à
lei da fraude chegaram a ser dadas como certas no OE para 2013.
O
tema tornou-se mais premente desde que o executivo encomendou um estudo
sobre a fraude nos transportes públicos à Autoridade Metropolitana de
Transportes de Lisboa (AMTL) em que se concluía que o Metro de Lisboa, a
Carris e a CP perdem mais de 8,5 milhões de euros em receitas por causa
da fraude.
A situação mais problemática foi registada na Carris,
empresa em que a taxa média de fraude atinge 15%. Um patamar comparável
com a média de 3% registada nos operadores rodoviários privados. Houve
inclusivamente uma carreira da Carris em que o estudo detectou que a
taxa chegava aos 59%.
O Governo tem vindo a justificar a quebra de
passageiros nos transportes públicos, que no primeiro semestre perderam
34 milhões de validações, com o aumento do número de clientes que
viajam sem bilhete. No entanto, até ser divulgado o estudo da AMTL não
havia ainda dados agregados sobre este fenómeno. Está ainda a ser
preparado um relatório sobre a situação dos transportes públicos no
Porto (Metro do Porto e STCP).
Apesar de se registar um elevado
número de passageiros em infracção, tem havido muitas queixas no sector
pelo facto de a cobrança de multas não estar a ser eficaz. Até aqui, era
o Instituto de Mobilidade e dos Transportes (IMT) que tinha a
responsabilidade por esta matéria, sempre que as coimas não eram pagas
directamente aos operadores, cinco dias após a notificação.
Esta
mudança acontece numa altura em que as empresas públicas de transportes
continuam pressionadas para reequilibrar os resultados operacionais,
como acordado entre o Governo e a troika. A intenção desta
alteração é, mais do que recuperar receitas com as multas, diminuir a
incidência da fraude, já que a actuação do fisco poderá ser mais eficaz,
especialmente através da cobrança coerciva das coimas.
* Quem não paga título de transporte deliberadamente deve ser multado, deslocar agentes de finanças para esta caçada é afastá-los das suas atribuições e ter menos agentes envolvidos nos crimes de colarinho branco, pois não sentimos no governo vontade de os combater.
Consta que vem gente de Angola com baús cheios de notas, compram andares de mais de 1milhão de euros cash, esbanjam nas lojas chiques da av. da Liberdade e ninguém pergunta a origem do dinheiro.
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