HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Merkel afirma que
“espionagem entre amigos é inaceitável”
A chanceler alemã revelou o teor da conversa
telefónica com Obama. Terá avisado o seu homólogo que as práticas de
espionagem levadas a cabo pelos norte-americanos são “inaceitáveis” e
que é necessário “restabelecer a confiança entre aliados”. Serviços
ingleses também terão vigiado as comunicações de países europeus,
segundo o jornalista a quem Snowden entregou documentação classificada.
À chegada a Bruxelas para a cimeira de
dois dias da União Europeia, que ficará marcada pelo caso das escutas
norte-americanas, a chanceler alemã, Angela Merkel, não podia não
pronunciar-se sobre as notícias da passada quarta-feira que implicam os
serviços secretos americanos na monitorização do telemóvel pessoal da
líder alemã. “Não se trata apenas de mim, mas de todos os cidadãos
alemães. Precisamos confiar nos nossos aliados e parceiros, e essa
confiança tem de ser restabelecida novamente”, avisou.
UMA FOTO DA "PRISM" |
“Espionagem entre amigos não pode acontecer”, lembrava Merkel ao
mesmo tempo que revelava ter dito a Brack Obama, presidente
norte-americano, que tais práticas “são inaceitáveis”. Esta reacção
surge no seguimento de informações avançadas pelo Governo alemão, que
afirma que a Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) vigiou
as chamadas telefónicas da líder democrata-cristã.
Mas a agenda desta quinta-feira não fica por aqui. Depois da conversa
telefónica de ontem entre Obama e Merkel, o embaixador norte-americano
em Berlim, John Emerson, foi convocado para uma conversa, esta
quinta-feira, com o ministro alemão dos negócios Estrangeiros, Guido
Westerwelle. Françõis Hollande, presidente francês, e Merkel têm
agendada para hoje uma cimeira bilateral, à margem do encontro europeu,
para discutir uma resposta conjunta aos factos que vão sendo conhecidos.
O jornalista, Gleen Greenwald, que trabalhava no “Guardian” quando o
consultor independente da agência de informação americana, Edward
Sonwden, lhe entregou documentação classificada que põe a descoberto uma
série de práticas e procedimento irregulares dos serviços secretos
norte-americanos, revelou ao jornal italiano “L’Espresso que “a NSA tem
várias operações de espionagem, também a governos europeus, incluindo o
italiano”.
Greenwald avança que os documentos que lhe foram entregues por
Snowden sustentam que “o programa Tempora [conduzido pelos serviços
secretos britânicos] também espiou o tráfego de telefone, internet e
correio electrónico transportado nos cabos de fibra-óptica que passam
sob o mar da Sicília”. O jornal italiano confirma que a espionagem
britânica pretendia proteger os interesses económicos ingleses bem como
conhecer “as intenções políticas de governos estrangeiros”.
Por fim, Greenwald garante que a inteligência italiana tinha
conhecimento destas práticas, levadas a cabo por norte-americanos e,
percebe-se agora, ingleses. O “La Repubbica” cita uma fonte dos serviços
transalpinos que não acredita “na possibilidade” destes terem tido
conhecimento prévio das práticas enunciadas. Recorde-se que no mês de
Agosto, a revista alemã “Der Spiegel” noticiou, no decorrer do caso
Snowden, que a “troca massiva” de informação entre os serviços secretos
norte-americanos e alemães era uma realidade e que os últimos teriam
providenciado dados sobre cidadãos alemães aos espiões americanos.
A dimensão e as eventuais práticas de espionagem cruzada entre
diversos serviços de informação dificultam uma percepção objectiva dos
dados até agora revelados. Sabe-se que para além, por exemplo, do Irão, a
espionagem americana manteve sob vigia as comunicações de cidadãos e,
ou responsáveis governamentais e, ou empresas de vários países aliados
como o México, o Brasil, França, Alemanha e também Itália.
Todavia o “Telegraph” escreve, também esta quinta-feira, sobre a
possibilidade de o próprio David Cameron, primeiro-ministro inglês, ter
estado sob vigia dos americanos, informação entretanto desmentida pela
Casa Branca, que não fez o mesmo em relação à questão do telemóvel de
Merkel. No telefonema entre a chanceler alemã e Obama, este terá
afirmado que os Estados Unidos “não estão a monitorizar nem irão
monitorizar” as comunicações da líder alemã.
* Os americanos nunca foram amigos de ninguém, até fornecem armas às suas criancinhas para se matarem umas às outra a bem da livre iniciativa e empreendedorismo.
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