HOJE NO
"i"
PSP fecha carreiras de tiro. Há polícias
. com níveis de metais no sangue elevados
Instrutores de tiro estão a pedir análises ao sangue porque foi diagnosticada intoxicação a seis agentes da PSP
A
direcção-nacional da PSP mandou fechar as duas carreiras de tiro móveis
da polícia para "manutenção", numa altura em que vários instrutores
foram afastados dos locais de trabalho por apresentarem valores elevados
no sangue de metais pesados - resultantes de exposição excessiva a
gases de pólvora. A ordem de encerramento foi dada a conhecer por email
aos comandos de Aveiro e do Porto no final da semana passada.
Entretanto,
foram detectados valores elevados de substâncias como chumbo, mercúrio,
crómio, bário e antimónio em seis agentes da polícia que trabalham na
área do tiro. E pelo menos dois, segundo apurou o i, estarão
mesmo de baixa médica e receberam ordem de afastamento da fonte de
contaminação.
O primeiro caso foi detectado no início do ano: um
subcomissário, formador de tiro no Instituto Superior de Ciências
Policiais e Segurança Interna (ISCPSI), desmaiou no trabalho e foi
transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, com a tensão
arterial descompensada. A 26 de Fevereiro, segundo uma informação de
serviço a que o i teve acesso, o polícia recebeu a notícia de que
tinha no organismo "valores muito acima da média" de metais pesados,
"provenientes de gases de pólvora". Foi afastado do local de trabalho
por ordem da direcção nacional da PSP no início de Março.
Em Junho
deste ano, um outro agente da polícia foi afastado pelas mesmas razões.
J. soube do caso do colega e ficou "preocupado" porque tinha assegurado
a manutenção e a limpeza de uma carreira de tiro durante 10 anos. Por
isso, lê-se numa outra nota de serviço a que o i teve acesso, o
polícia tomou a iniciativa fazer exames. "Foi detectado que tinha uma
percentagem muito elevada de chumbo no cabelo, no sangue e na urina,
além de mercúrio, crómio, bário e antimónio, provenientes dos gases da
pólvora", lê-se no documento. A 14 de Junho, os médicos recomendaram o
"afastamento imediato da fonte de contaminação" - ou seja, da carreira
de tiro onde desempenhava funções.
Agora, outros polícias, sabe o i,
estão a pedir exames específicos para a detecção de metais pesados no
organismo. E têm chegado queixas de agentes "alarmados" às associações
sindicais, nomeadamente ao Sindicato Unificado da Polícia (SUP), que
critica o facto de a direcção-nacional da PSP não encaminhar todos os
instrutores para exames médicos preventivos e não pagar as análises ao
sangue - que não são comparticipadas e custam 149 euros. Peixoto
Rodrigues, presidente da associação, queixa-se ainda da ausência da
aplicação da lei de higiene e segurança no trabalho na PSP e exemplifica
com o facto de serem os próprios polícias a fazer a limpeza dos
sistemas de exaustão e filtragem das carreiras de tiro. "Quando esse
trabalho deveria ser assegurado por uma empresa especializada, e
recorrendo a materiais específicos", defende. Há cerca de 10 anos, foi
detectado um problema semelhante nas duas carreiras de tiro da Polícia
Judiciária. Mas, conta fonte policial, o problema foi rapidamente
solucionado: "Os sistemas de extracção foram remodelados e a PJ passou a
comprar munições não tóxicas".
Um especialista em toxicologia do
Instituto de Medicina Legal explica que é "normal" que instrutores de
tiro possam ter metais pesados no cabelo. "Mas a presença desses
materiais no sangue e na urina indica que houve uma exposição demasiado
prolongada", acrescenta. Os sintomas da intoxicação, que é gradual,
podem ser diversos - desde desmaios a alterações na tensão arterial,
passando por distúrbios gástricos -, mas só em casos muito graves pode
haver morte. O afastamento da fonte de contaminação é a primeira fase do
tratamento, sendo que alguns metais "demoram muito tempo" a ser
eliminados do organismo". O i contactou a direcção-nacional da PSP, mas não recebeu resposta até ao fecho da edição.
* Precisamos dos nossos polícias de perfeita saúde, já ganham mal não precisam de ser envenenados.
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