HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Ana Gomes questiona
"negligência" da troika
A
eurodeputada socialista Ana Gomes questionou hoje a Comissão Europeia
sobre a alegada "negligência" da 'troika' na monitorização do novo
contrato de contrapartidas da aquisição de dois submarinos ao consórcio
alemão 'German Submarine Consortium-MAN/Ferrostaal'.
"Considera
a Comissão estar a desempenhar adequadamente as suas responsabilidades
como integrante da 'troika' que monitoriza o programa de resgate
financeiro em que se encontra Portugal, negligenciando a renegociação
ocorrida em 2012 deste contrato de contrapartidas ligado a um contrato
de fornecimento de submarinos, estando ambos a ser objeto de
investigações judiciais por fraude, corrupção, branqueamento de
capitais, etc", questionou Ana Gomes, numa carta a que a Lusa teve
acesso.
A eurodeputada perguntou ainda se o Estado português
justificou junto de Bruxelas a invocação de um "interesse de segurança
essencial", pedindo, em caso afirmativo, que lhe seja dado conhecimento
da justificação.
Ana Gomes contestou o facto de não lhe ter sido
dada informação sobre a renegociação do contrato de contrapartidas,
"levada a cabo pelo anterior Ministro da Economia, Dr. Álvaro Santos
Pereira, por dois novos projetos na área do turismo e energias
renováveis no valor de 800 milhões de euros, segundo o governo português
comunicou à imprensa".
"Tendo em conta as informações fornecidas,
considera a Comissão Europeia que investimentos em unidades hoteleiras
de luxo e empresas de energias renováveis consubstanciam, (...), um
'interesse de segurança essencial'?", lê-se ainda na carta que Ana Gomes
enviou à Comissão Europeia.
"É preciso que a Comissão explique,
de umas vez por todas, por que não age com vista a acautelar o direito
europeu, nem incita o Governo português a, pelo menos, publicar o novo
contrato para permitir o escrutínio público de uma decisão que implica
aplicar, ou desperdiçar, 800 milhões de euros como contrapartidas dos
submarinos", afirmou a deputada europeia.
Com o envio desta
questão, Ana Gomes contesta o encerramento, em setembro, da investigação
à compra dos dois submarinos por Portugal e ao contrato de
contrapartidas, por parte da "Comissão Barroso".
A eurodeputada
reiterou que dos 39 projetos previstos no contrato inicial de
contrapartidas terão sido executados apenas metade, e, dessa metade,
sete estão em tribunal por alegadas fraudes contra o Estado.
Os restantes terão sido substituídos, por renegociação do contrato por dois novos projetos.
O
contrato de aquisição dos dois submarinos foi assinado em 2004, quando
Paulo Portas era ministro da Defesa do Governo chefiado por José Manuel
Durão Barroso, num negócio de cerca de 1000 milhões de euros.
* É preciso não ter medo, Ana Gomes é um exemplo.
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