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Contraste entre ricos e pobres no tratamento do cancro "é dramático"
Mais de cem médicos e cientistas de todo o mundo alertam que "é
dramático" o contraste entre o diagnóstico e tratamento dos doentes com
cancro nos países ricos e nos países pobres.
"É mau ter cancro e é pior ter cancro se se for pobre",
alertou Peter Boyle, presidente do Instituto Internacional para a
Investigação da Prevenção (Lyon, França), numa comunicação ao Congresso
Europeu do Cancro, que termina esta segunda-feira em Amesterdão.
O
investigador apresentou as conclusões do relatório "O Estado da
Oncologia 2013", que se baseia em contributos de mais de 100 cientistas
médicos que descrevem o estado daquele ramo da medicina em mais de 50
países.
Segundo Boyle, a conclusão é que "a diferença entre ricos e
pobres, pessoas com mais ou menos instrução e entre o norte e o sul do
planeta é substancial e continua a aumentar".
"Embora o progresso
na oncologia tenha sido assinalável nas últimas décadas, e embora o
futuro pareça encorajador, nem todos os doentes com cancro beneficiam
dos avanços que têm sido alcançados no tratamento da doença. O contraste
no diagnóstico, tratamento e resultado entre países de altos e baixos
rendimentos é dramático", alertou o também diretor do Instituto de Saúde
Pública Global da Universidade de Strathclyde (Glasgow, Reino Unido).
Esta
situação é particularmente grave numa altura em que as Nações Unidas
estimam que a população mundial atinja os 9,6 mil milhões em 2050.
"Estes
aumentos demográficos, juntamente com aumento do risco de cancro devido
à adoção de estilos de vida ocidentais vão levar a um aumento do número
de cancros diagnosticados" em países como a Índia, a China, a Nigéria, a
Indonésia, o Paquistão, o Bangladesh ou o Vietname, disse Boyle.
"Muitas
partes do mundo já são incapazes de lidar com a situação atual e estão
completamente impreparadas para o aumento do problema do cancro",
acrescentou.
O investigador alertou que são "urgentemente
necessárias soluções radicais", sublinhando que "nenhuma fonte de
filantropia tem por si só os meios para resolver este problema, pelo que
são precisos novos modelos".
Para o especialista, a solução passa
por um aumento das parcerias público-privadas, envolvendo fontes de
áreas diferentes para fazer o progresso necessário o mais depressa
possível.
Esta parceria, alertou, precisa do compromisso da
indústria farmacêutica e das indústrias envolvidas nas tecnologias de
diagnóstico e tratamento, assim como de governos e organizações
não-governamentais.
"A situação descrita no relatório 'Estado da
Oncologia 2013' é dramática e urgente, e todas as partes devem pôr de
lado quaisquer desconfianças e desenvolver uma colaboração efetiva para
melhorar este aspeto-chave da saúde pública em todo o mundo", disse.
* Contraste entre ricos e pobres é dramático em tudo, até na palavra!
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