HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Reforma da grande maioria dos idosos
só chega para pagar habitação
Três em cada quatro idosos portugueses têm reformas e pensões abaixo dos 500 euros, o que lhes permite apenas pagar as despesas com a habitação, revela um estudo do Conselho Económico e Social (CES).
Baseando-se nos dados do Instituto Nacional de Estatística 2010/2011,
o estudo "Envelhecimento da População Portuguesa: dependência, ativação
e qualidade" analisou as despesas anuais de acordo com o rendimento
médio das famílias e a sua composição.
CREMOS QUE FORAM TRÊS ANOS |
As despesas dos agregados
familiares constituídos por um idoso estão estimadas em 9.379 euros
anuais, ou seja, 781 euros mensais, refere a análise, que serviu de base
ao parecer do CES sobre "As consequência económicas, sociais e
organizacionais decorrentes do envelhecimento da população".
Segundo o Censos 2011, vivem em Portugal 2,023 milhões de pessoas com 65 anos.
"Se
tivermos em consideração que cerca de 1,5 milhões de aposentados e
reformados têm reformas e pensões abaixo de 500 euros", esta população,
em média, "só conseguiria garantir com os seus rendimentos o pagamento
das despesas de habitação", salienta.
Sublinha ainda que "só 12 a
15% dos pensionistas de velhice da Segurança Social terão pensões que
permitam cobrir as despesas mensais".
Dados apresentados no estudo indicam que, em geral, os idosos têm
rendimentos inferiores ao da população empregada, sendo a principal
fonte de rendimento a pensão ou reforma.
Os dados adiantam que 84,1% dos pensionistas de velhice da Segurança
Social tem uma pensão mensal inferior a 500 euros e apenas 6% têm uma
pensão superior a 1.000 Euros.
Nos reformados da Caixa Geral de Aposentações, 21% tem reformas
abaixo dos 500 euros, enquanto 50% tem reformas acima de 1.000 euros.
"Em Portugal, a população idosa é um dos grupos mais desfavorecidos
em termos económicos", afirma a análise, acrescentando: "Conforme se vai
avançando nas idades, o agravamento do risco da pobreza é maior,
apresentando a população de 75 e mais anos um risco de pobreza que
atinge 24,4%, sendo na União Europeia apenas de 20,3%".
Até 2007, a população idosa tem uma taxa de participação
relativamente elevada na atividade económica, após ter atingido a idade
da reforma ou até mesmo após se ter reformado ou aposentado.
"Nos últimos anos, com o início da crise de 2008, tem vindo a verificar-se uma quebra no emprego de idosos", sublinha.
O estudo salienta a importância da participação da população idosa no
mercado de trabalho, constituindo "uma vertente importante na promoção
do envelhecimento ativo, na redução da pobreza, que afeta
desproporcionadamente os idosos desempregados e pensionistas e na
melhoria da sustentabilidade dos sistemas de pensões".
A solidão, falta de rendimentos e a inatividade constituem fatores de
risco para os idosos, em termos de necessidades acrescidas de serviços
de saúde e de bem-estar".
Nesse sentido, o estudo defende que "o desenho das políticas de
educação, sociais e de saúde devem ter em conta as projeções das
necessidades da população em matéria de serviços sociais e de saúde".
É necessário "um olhar atento relativamente às projeções demográficas
para Portugal, tanto ao nível da intensidade do movimento populacional e
das suas estruturas etária no médio e longo prazo como no plano das
profundas alterações nas estruturas familiares no nosso país".
O estudo "Envelhecimento da População Portuguesa: dependência, ativação e qualidade" vai ser apresentado na próxima semana.
* É por estas e outras situações que os portugueses reclamam, sr. ministro Poiares Maduro e com razão.
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