HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Crianças portuguesas são das
mais expostas ao fumo
As crianças portuguesas estão entre os jovens europeus mais expostos ao
fumo de tabaco, principalmente em casa, o que aumenta o risco de algumas
doenças, como as respiratórias, revelou hoje a investigadora do
Instituto de Medicina Preventina Fátima Reis.
Portugal
foi um dos 17 países europeus a participar no projeto Democophes, que
pretende recolher dados acerca da exposição a poluentes e apoiar a
definição de medidas políticas e a sua avaliação.
A análise da presença dos químicos cádmio, cotinina e ftalatos na urina e mercúrio no cabelo foi realizada pela Unidade de Saúde Ambiental do Instituto de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e abrangeu 120 pares de mãe, com menos de 45 anos, e crianças, entre seis e 11 anos.
A análise da presença dos químicos cádmio, cotinina e ftalatos na urina e mercúrio no cabelo foi realizada pela Unidade de Saúde Ambiental do Instituto de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e abrangeu 120 pares de mãe, com menos de 45 anos, e crianças, entre seis e 11 anos.
"O estudo revela que as crianças portuguesas estão
incluídas no grupo das crianças europeias com níveis mais elevados de
cotinina na urina, o que significa que se encontram entre as mais
expostas a fumo de tabaco, e é em casa, junto de familiares fumadores,
que se encontram mais expostas", disse à agência Lusa Fátima Reis.
A
investigadora, que coordenou o trabalho em Portugal, explicou que "os
níveis de cotinina nas mães e nas crianças refletem claramente os
hábitos tabágicos conhecidos nos adultos em Portugal e a exposição a
fumo passivo a que as crianças ainda estão sujeitas".
O estudo
confirmou que "a condição social da mãe, medida pelo nível de
habilitações académicas, é determinante nos níveis de cotinina das
crianças, na medida em que a um nível educacional mais reduzido
correspondem níveis de cotinina mais elevados", apontou ainda a
especialista.
A exposição crónica ao fumo de tabaco e ao fumo
ambiental de tabaco (FAT) "aumentam o risco de cancro, asma e doenças
coronárias para fumadores activos, sendo que os fumadores passivos,
principalmente as crianças, são afetados de igual modo".
As
crianças são especialmente sensíveis ao FAT, que "poderá provocar
doenças respiratórias, por exemplo, doenças respiratórias agudas, tosse
crónica, expetoração, falta de ar, asma, bronquite, pneumonia e infeções
do ouvido médio", referiu Fátima Reis.
O consumo de tabaco e o
FAT "aumentam o risco de morte súbita nos recém-nascidos de baixo peso
ao nascer e de partos prematuros", acrescentou.
Também na medição
dos níveis de mercúrio nos organismos das mães e crianças, relacionado
com o consumo de algumas espécies de peixe, Portugal regista valores
acima da média, enquanto nos restantes químicos, cádmio, absorvido nos
alimentos e através do pó, e ftalatos, igualmente presentes nos produtos
alimentares, assim como nos cosméticos, registam-se níveis abaixo da
média.
Fátima Reis realçou ainda a importância deste trabalho, já
que permite produzir dados comparáveis na Europa sobre os níveis de
poluentes que as pessoas têm nos seus organismos e "fundamentar decisões
políticas a nível europeu e nacional, que podem ajudar a definir
prioridades ambientais tendo em vista a proteção da saúde pública".
* Nota-se que os pais fumadores portugueses são cuidadosos, se são...
.
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