HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Agora é a vez de a China
assustar os mercados
Há um aperto no crédito na China. O banco central não está a fornecer
liquidez adicional. Prefere combater o sistema financeiro “sombra”. Com
receios de perderem uma grande fonte de receitas, os bancos vão cedendo
valor. Em bolsa, já se entrou em “bear market”. Com o aperto monetário,
pergunta-se como irá crescer a segunda maior economia do mundo. Os
mercados estão com medo.
1-A VERDADEIRA ECONOMIA CHINESA |
Numa semana, os Estados Unidos. Na semana seguinte, a China. Os
mercados têm estado em alta tensão. E foi sob uma forte pressão que
iniciaram a semana.
O índice bolsista que reúne as 300 maiores empresas cotadas nas
bolsas de Xangai e Shenzhen marcou, esta segunda-feira, a maior
desvalorização diária desde 31 de Agosto de 2009. Deslizou 6,3%. Com o
desempenho de hoje, o CSI 300 acumula uma descida de 21% desde o máximo
de Fevereiro. Entrou, por isso, em “bear market” (mercado urso).
As ondas de choque não se ficaram pela China. Espalharam-se pelo globo. O
vermelho está hoje a pintar os mercados accionistas, como aconteceu já
na semana passada. Depois de o banco central dos Estados Unidos, a
Reserva Federal, ter mostrado abertura para reduzir os estímulos
monetários à maior economia do mundo, agora é a vez de o banco central
da China, o Banco Popular, apertar as condições monetárias na segunda
maior economia
O combate ao mundo sombra
Esse aperto acontece depois de o Banco Popular da China ter iniciado
uma luta contra a explosão de crédito. O aumento expressivo, nos últimos
anos, foi sustentado por produtos de poupança da banca que não são
regulados mas cujas taxas são mais atractivas do que as oficiais. É o
chamado sistema financeiro sombra.
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Nas últimas semanas, começou a haver um aperto no fornecimento do
crédito. Até este momento, o banco central sempre injectou dinheiro no
sistema financeiro quando esse aperto se verificava. Tudo para manter as
taxas praticadas no mercado interbancário em níveis adequados. Mas,
desta vez, o banco não interveio. Não há dinheiro adicional. O
economista do Nomura, Zhang Zhiwei, sublinha, em declarações citadas
pelo “Financial Times”, que esta decisão mostra o compromisso da
instituição com uma política de maior aperto monetário, que é o mesmo
que dizer menos flexível.
A luta da China é contra este sistema financeiro sombra e contra o
crédito especulativo, que colocou o país numa trajectória de
endividamento excessivo. Segundo a publicação financeira londrina,
muitos dos produtos negociados neste mercado informal são constituídos
por estruturas complexas, muitas delas podem até ser insolventes.
As autoridades querem colocar as actividades aí praticadas sob
controlo. Os bancos de média dimensão são os que mais se destacam, já
que uma parte considerável das suas actividades não são reguladas.
Foram, aliás, os bancos de dimensão média os mais afectados pela venda
em força que ocorreu esta segunda-feira nos mercados bolsistas. Alguns
bancos recuaram 10%. Os maiores cederam 3%. Ao todo, o sector da banca
cotado no CSI 300 apresentou uma queda de 7,6%.
Perigo para os bancos de menor dimensão
Além disso, estes bancos são os mais dependentes do mercado
interbancário, ou seja, são os que mais dependem de empréstimos feitos
junto de outros bancos. Com as taxas interbancárias a subir para máximos
históricos, com receios de um congelamento do mercado de crédito, estes
bancos são os que estão em pior situação.
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É para isso que alerta a agência de notação financeira Moody’s.
Aquele que é o pior aperto do dinheiro em, pelo menos, uma década poderá
afectar os bancos de menor dimensão, já que deverá haver uma erosão das
margens devido a essa dependência. Serão eles os primeiros a registar
problemas para se financiarem, se persistirem as actuais condições de
mercado.
O Banco Popular da China, o banco central do país, considera, no
comunicado da reunião do segundo trimestre, datado de 17 de Junho mas
tornado público esta segunda-feira, que a actual liquidez no sistema
financeiro é “razoável”, afastando o cenário de "cash crunch". Os bancos
é que têm de ter cuidado com a expansão do seu próprio crédito, ou
seja, as instituições financeiras é que têm de olhar para o balanço,
alerta a entidade. As afirmações foram entendidas como um sinal de que o
aperto ao crédito se irá manter.
O alerta da agência de notícias
Esta tinha sido já uma mensagem passada por fontes oficiais ao longo
do fim-de-semana. A agência de notícias estatal Xinhua lançou um
comentário, este fim-de-semana, em que atribuía às actividades de
especulação e ao sistema financeiro sombra as elevadas taxas praticadas
no mercado interbancário, conforme conta a Reuters. A agência chinesa também afirmou que crise de liquidez não foi causada por qualquer problema na oferta – o que foi repetido pelo banco
central quando defendeu que há níveis razoáveis de liquidez – mas sim
por questões estruturais que impedem o dinheiro de alcançar a economia
real.
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“A recusa do banco central em injectar dinheiro no sistema, apesar da
escalada das taxas de crédito no curto prazo, sugere que a política
monetária começou a deixar de ter o seu foco na quantidade de liquidez
de mercado para passá-lo para a qualidade”, escreve a Reuters citando a
agência chinesa.
O primeiro-ministro da China desde Março, Li Keqiang (na foto), deu
indicações, na semana passada, de que queria combater a especulação
causada pelo dinheiro fácil. Isto quando afirmou que os bancos deveriam
fazer uma utilização mais eficaz do crédito existente.
O futuro
Entretanto, já houve condições para que os bancos voltassem a
fornecer créditos uns aos outros no final da semana passada. As taxas
interbancárias começaram a descer - a Bloomberg diz que houve uma
actuação do banco central. Mas isso não trouxe alívio para as acções.
Nos próximos seis a nove meses, teremos uma volatilidade e incerteza continuadas
James Bevan, da CCLA.
Há quem considere que o banco irá tornar as condições monetários mais
flexíveis, nomeadamente tendo como base a ideia de que o Banco Popular
da China poderá “ajustar” as suas políticas, conforme sublinhou no
comunicado.
“O que estamos aqui a ver é uma mudança na agenda política da China,
que terá lugar nos próximos seis a nove meses. Durante esse período,
teremos uma volatilidade e incerteza continuadas”, comentou à Bloomberg
James Bevan, responsável pela equipa de investimento da CCLA.
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As acções podem ter ainda um caminho de descida pela frente, com a
diminuição do crédito a afectar a confiança dos investidores, segundo
David Poh, responsável numa unidade do Société Générale em Singapura. A
falta de liquidez irá afectar as empresas chinesas, avisou, numa análise
citada pela Bloomberg.
A mesma ideia tem Kelvin Wong, do Bank Julius Baer, cuja análise
também foi divulgada pela agência de informação. A disposição do governo
chinês em aceitar um crescimento mais lento indicia que não irá
anunciar medidas de estímulo nos próximos dois a três meses. Ainda
assim, a casa de investimento tem uma perspectiva positiva em relação às
acções da potência asiática no médio prazo.
Os efeitos sobre o crescimento
O que os investidores temem – e muita da desvalorização nos mercados
tem sido justificada por este argumento – é que as condições de crédito
afectem o desempenho da economia chinesa.
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“As taxas de curto prazo que estejam, de uma forma persistente, em
alta vão desanimar ainda mais a actividade económica, que já está com um
ritmo lento”, comentou Liu Li-Gang, economista em Hong Kong à
Bloomberg.
“Embora a intenção seja boa, o aperto monetário cria um ambiente adverso
para o crescimento económico e a economia já está em abrandamento”.
Shen Jianguang, da Mizuho Securities
O Goldman Sachs cortou as previsões para o crescimento económico na
China em 2013. Em vez de uma expansão anual de 7,8%, o banco estima
agora um crescimento de 7,4%. O aperto na liquidez está a ter efeitos
negativos sobre o crescimento, justifica. O banco de investimento China
International Capital Corporation Limited reduziu, igualmente, as
estimativas de 7,7% para 7,4%. Há quatro trimestres consecutivos, que a
economia expande-se a um ritmo inferior a 8%, sublinha a Bloomberg.
“Embora a intenção seja boa, o aperto monetário cria um ambiente
adverso para o crescimento económico e a economia já está em
abrandamento”, comentou ao “Financial Times” o economista Shen
Jianguang, da Mizuho Securities.
Uma das conclusões que se pode retirar deste caso é, de acordo com o
FT, que os líderes chineses estarão disponíveis para um caminho de
crescimento mais lento, mas também mais sustentável, da potência
asiática.
O economista Liu Li-Gang, em Hong Kong, também segue essa ideia mas
deixa um alerta. “Apesar de o novo governo parecer disponível para
tolerar um crescimento mais lento, ele terá de honrar a meta de
crescimento de 7,5% estabelecida para este ano. De outra forma, corre o
risco de perder a sua credibilidade”.
* A economia da China é uma economia de ética contrafeita produzida num qualquer ministério pechebeque. É uma economia fraudolenta a quem os patarecos ocidentais abriram os braços na prespectiva do lucro fácil o que é verdade, mas no futuro o prejuízo vai ser rápido e esmagador, segundo os ditames da ditadura chinesa.
95% dos chineses vivem do modo que as imagens documentam!
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