15/05/2013

VERA GOUVEIA BARROS

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E Responsabilidade?

Convenhamos: assacar responsabilidades não é exactamente aquilo que fazemos melhor. Somos muito bons no improviso, na hospitalidade ou na organização de eventos internacionais, mas apurar responsáveis não é connosco. Por isso, não se estranhe o meu cepticismo quanto à comissão de inquérito aos contratos de alto risco em empresas públicas. Descrença que a história reforça. O regime jurídico dos inquéritos parlamentares data de Março de 1993. Tem, portanto, 20 anos, durante os quais se constituíram 39 comissões - só para Camarate foram 10 -, cujos relatórios finais apenas em quatro casos foram considerados pelo sistema judicial; e, mesmo nesses, sem resultados.

Embora não acreditando que a quadragésima iniciativa vá entrar para o rol das excepções, sou favorável à sua constituição. Estão em causa perdas potenciais de 3000 milhões de euros, decorrentes de contratos especulativos, que, ao invés do que é suposto um ‘swap' fazer, aumentaram o risco com derivados em que a taxa de juro do empréstimo dependia de factores ‘ad hoc'. Por isso, creio que é importante levar os gestores das empresas públicas em causa à Assembleia da República. Sabermos quem são; percebermos se agiram desta forma por incompetência, por gosto em brincar aos mercados financeiros com dinheiro alheio ou por contrapartidas; e averiguarmos que grau de cobertura receberam dos seus superiores, nomeadamente, das tutelas financeira e sectorial.

Estas são as questões que gostaria de ver escalpelizadas. De resto, adivinho um relatório difícil de aprovar, onde, como habitualmente, se concluirá que todos são responsáveis, ao mesmo tempo que ninguém o é (por via das dúvidas, já se exoneraram dois Secretários de Estado). Não estou a contar que a culpa morra casada. Mas gostaria de vê-la ficar noiva.

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
14/05/13

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