HOJE NO
" JORNAL DE NOTÍCIAS"
"Amigos" são os maiores beneficiários das novas medidas fiscais do Governo
As grandes empresas e os "amigos" do Governo é que podem ser os grandes beneficiários do novo pacote de incentivos fiscais ao investimento e da reforma de IRC, defendeu, esta quinta-feira, o bastonário dos Técnicos Oficiais de Contas
"Da forma como isto está, e com toda
a sinceridade, temo mesmo que a medida não atinja os efeitos
pretendidos [de estimulo à economia] e, mais grave, que seja uma maneira
de distribuir a alguns amigos [do Governo] alguns milhões de euros",
afirmou à Lusa Domingues Azevedo.
O Crédito Fiscal Extraordinário,
a principal medida do pacote de investimento anunciado pelo Governo a
semana passada, vai permitir às empresas deduzir à coleta de IRC parte
das despesas de investimento elegíveis.
"Temo que se esteja a
arranjar aqui um negócio financeiro para alguns grupos económicos e que a
medida não tenha um efeito direto e concreto na economia", defendeu
Domingues Azevedo, ressalvando que a medida "até é boa, ou de boa
intenção", mas que "não vale a pena" criar sistemas de apoio a empresas
que não têm a quem vender os produtos.
Na opinião do bastonário, o
pacote de investimento só pode ser eficaz se acompanhado de outras
medidas que fomentem o consumo, como uma baixa do IVA para diminuir os
preços ao consumidor ou uma redução das taxas de IRS que aumentem os
rendimentos das famílias.
O investimento também é um problema
neste momento, segundo o bastonário: "Para investir é preciso ter
dinheiro. Se temos um sistema bancário que está a travar o investimento e
uma expectativa de não ter mercado para vender, as empresas vão
investir para quê", questiona.
A reforma do IRC, que está a ser
estudada por uma comissão, também é desvalorizada pelo bastonário, que
lembra que o imposto é pago por menos de 30% das empresas que entregam a
declaração em Portugal.
"A reforma do IRC não interessa à maioria
do tecido empresarial português, mas apenas aos grandes grupos
económicos. Estes vão ser 90% dos beneficiários e as pequenas e médias
empresas 10%", disse Domingues Azevedo, criticando ainda os "avanços e
recuos" do Governo com este imposto.
Quando o atual Governo entrou
em funções estava em vigor uma taxa de IRC de 12,5% para as empresas
com lucros até 12500 euros, independentemente da dimensão, e de 25% para
as que excedessem esse rendimento.
"Este Governo de imediato
anulou esta disposição. Quando vêm agora falar na diminuição da taxa,
pergunto se é a sério. Então se anulou a outra [taxa de IRC], que se
aplicava a quase 97 % do tecido empresarial, vem agora falar da
diminuição da taxa em vigor. Então o que fez [o Governo] até agora?",
questionou o bastonário.
* Um homem sem medo este bastonário, era prevísivel que este fogo de artifício do governo fosse para anunciar aos amigalhaços as novas ofertas financeiras.
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário