HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Governo quer retirar taxa
audiovisual da factura da luz
Secretário de Estado da Energia deseja pôr fim ao
que classifica como "um subsídio cruzado dos consumidores de
electricidade aos de telecomunicações".
Há muito contestada, a
contribuição audiovisual na factura da electricidade poderá ter os dias
contados. Segundo apurou o Negócios, o Ministério da Economia está em
vias de lançar no Governo uma proposta para eliminar aquela rubrica, que
custa a cada consumidor de electricidade 2,25 euros por mês, servindo
para financiar a RTP. "Na taxa audiovisual de facto há que fazer uma
reflexão. Iniciámos uma reflexão ao nível do planeamento energético que
iremos partilhar com mais membros do Governo", disse o secretário de
Estado da Energia, Artur Trindade, ao Negócios.
O
governante não se compromete com a eliminação pura e simples da
contribuição audiovisual, mas sim com a sua retirada da factura
eléctrica. Segundo Artur Trindade, a solução poderá ser "deslocar [a
taxa] para os sectores que têm relação directa ou indirecta com o
audiovisual". "Estamos a chegar à conclusão de que se trata de um
subsídio cruzado dos consumidores de electricidade para os de
telecomunicações", realçou Artur Trindade, à margem de uma conferência
realizada esta quarta-feira pela Adene - Agência para a Energia.
O
secretário de Estado aponta o desequilíbrio da aplicação da taxa, já
que ela é cobrada a todos os consumidores de electricidade,
independentemente de terem ou não aparelhos televisivos. "Isto não é
equitativo, não é coerente e não é eficiente", avalia Artur Trindade.
"Tenho um estudo interno sobre essa matéria, que vai dar início a um
debate", revelou o secretário de Estado da Energia ao Negócios.
A
contribuição audiovisual é uma das rubricas mais polémicas da factura
da electricidade. Em Março a agência Lusa revelou que a administração da
RTP estava a preparar um estudo para poder vir a propor um aumento da
contribuição audiovisual em 2014, de modo a compensar o fim das
indemnizações compensatórias. Este ano aquela taxa deverá render à
estação pública cerca de 140 milhões de euros.
A
contribuição audiovisual foi criada há dez anos, no Governo de Durão
Barroso, com a publicação da Lei 30/2003, fixando uma taxa mensal de 1,6
euros para financiar o serviço público de televisão e radiodifusão. Em
2005, a taxa passou a incidir sobre todos os consumidores de
electricidade e não apenas os domésticos, como constava da redacção
inicial da lei. Ficam isentos apenas os clientes que consumam menos de
400 kilowatts hora (kWh) por ano. Actualizada pela taxa anual de
inflação, a contribuição já sofreu vários aumentos, situando-se agora em
2,25 euros mensais.
Em 2012, foi reduzido o valor
pago à EDP e restantes comercializadores pela cobrança da taxa. Dos 2,25
euros cobrados a cada cliente, 6,6 cêntimos serviam para compensar as
eléctricas. O valor caiu para 3,3 cêntimos, em prejuízo dos fornecedores
e em benefício da RTP.
Questionado sobre se o
Governo poderá também vir a mexer no IVA da electricidade (que está
actualmente no patamar máximo, de 23%), Artur Trindade respondeu que
esse tema "depende de questões macroeconómicas". Será um ponto em que a
última palavra estará no Ministério das Finanças. "Tem de ser a equação
orçamental a saber se tem folga para acomodar essa quebra da receita
fiscal", disse o governante.
* Esta taxa foi sempre um roubo descarado vá para onde for. Enquanto a RTP inserir publicidade nas suas emissões estão-nos a ir ao bolso.
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