HOJE NO
"PÚBLICO"
Paulo Morais:
privatização da água e dos lixos
pode redundar em corrupção
O professor universitário Paulo Morais rejeitou nesta sexta-feira a
privatização da distribuição da água e da recolha dos lixos e alertou
que estes processos podem ser um caminho para a corrupção.
Em termos gerais, “será uma
transferência destes serviços públicos essenciais para os habituais
financiadores” dos partidos, que estão no poder nos municípios, e “a
isso chama-se corrupção”, disse Paulo Morais à agência Lusa.
Na
sua opinião, a privatização da água e da recolha e tratamento dos
resíduos sólidos urbanos “vai correr mal e os serviços serão mais caros”
e de menor qualidade para os cidadãos. “Conhecendo eu os agentes
económicos que dominam o poder político a nível local, serão depois os
orçamentos municipais a pagar as ineficiências” na prestação destes
serviços, em regime de monopólio, por privados, acrescentou.
Num
país onde “não há entidades reguladoras livres e independentes”, os
consumidores “ficam reféns desses serviços”, mesmo quando protestam. “Os
políticos ficam perante uma chantagem que decorre dessa pressão social e
acabam por ser os dinheiros públicos a pagar as ineficiências do
funcionamento destes serviços públicos”, afirmou Paulo Morais.
Para
o professor de Ciência Política da Universidade Lusófona do Porto e
antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, “são os
‘patos-bravos’ da construção e do imobiliário que vão dominar os
negócios” da água e dos resíduos urbanos. Na privatização de serviços
públicos prestados em regime de monopólio, “há sempre perigo de não
salvaguardar” os interesses dos consumidores, disse.
ESTE CORAÇÃO PODE SER ESMAGADO |
As
privatizações da REN – Redes Energéticas Nacionais e da ANA – Aeroportos
de Portugal, realizadas pelo Governo na sequência do memorando da troika,
“não foram nada transparentes”, acusou ainda Paulo Morais. Nos casos da
EDP e da REN, as privatizações foram acompanhadas “por comissões
nomeadas pelo Governo que não levantaram quaisquer problemas”, lamentou,
questionando a sua independência nos processos.
Paulo Morais
participa esta sexta-feira, às 15h30, em Coimbra, na sede da Ordem dos
Advogados (OA), num programa evocativo do Dia Europeu do Consumidor,
proferindo uma conferência intitulada A Privatização dos Serviços Públicos. Via privilegiada para a corrupção?.
Na sessão, que começa às 14h30, intervêm também a advogada Paula
Fernando, do conselho distrital da OA, e o professor universitário Mário
Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo
(APDC).
Também Mário Frota rejeita a privatização de serviços
públicos estratégicos e da sua gestão. “Não se concebe que se assista
impunemente a um desarme do Estado, das regiões e dos municípios, para
se dar de bandeja a privados serviços que, sendo de interesse geral, não
podem constituir base para a consecução de lucros em detrimento do
interesse das populações”, disse à Lusa o presidente da APDC.
Os
privados “são mais resistentes ao cumprimento da carta de direitos dos
consumidores”, defendeu, concluindo: “Pretende-se evitar que a água e os
resíduos, por exemplo, lhes caiam no colo”. Importa "reforçar na
titularidade do Estado os serviços essenciais” e garantir “uma
criteriosa gestão das entidades públicas", com a supervisão de
"instituições de consumidores autênticas" e "desipotecadas de interesses
mercantis”, defendeu.
* São sempre os mesmos "vampiros" em busca do pouco que é bom e público. Este governo está vocacionado para desmantelar o país. PauloMorais um homem sem medo.
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