HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Dia Internacional Contra a Homofobia
ILGA chocada com dados
de estudo europeu
O presidente da ILGA-Portugal considerou hoje "chocantes" os números
revelados por um estudo da União Europeia que revela que metade da
comunidade gay, lésbica, bissexual e transexual (LGBT) portuguesa se
sente discriminada pela sua orientação sexual.
"São
números absolutamente chocantes. Até agora não tínhamos números que
pudéssemos utilizar para lutar de uma forma mais sustentada e de facto
ficámos com uma noção clara de que mais de metade das pessoas já se
sentiu discriminada pela sua orientação sexual", adiantou Paulo
Corte-Real, em declarações à agência Lusa.
Segundo um estudo da
Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA), divulgado
por ocasião do Dia Internacional Contra a Homofobia, assinalado hoje,
cerca de dois terços dos europeus LGBT permanecem com medo de revelar a
sua orientação sexual em público e a maior parte continua a sentir-se
discriminada. Em Portugal este número aumenta para mais de metade
naquela população, 51%.
O presidente da ILGA-Portugal destaca outros dados revelados no estudo, que vê como preocupantes.
"Só
perto de dez por cento das pessoas é que denunciam a discriminação e
isso é absolutamente assustador. Inclusivamente, em casos de agressões e
crimes de ódio, que são reportados por 26% de toda a amostra e por 35%
dos transexuais em especial, apenas 18% são denunciados às polícias em
Portugal", afirmou.
Para Paulo Corte-Real, estes números mostram,
"não só a importância de legislação, mas [também] a de políticas que
garantam o combate a esta forma de discriminação e que permitam a
denúncia de todas estas situações".
Em Portugal, 36% dos
interrogados responderam que nos últimos 12 meses, por serem LGBT, se
sentiram discriminados em situações para além do emprego, como no acesso
a serviços, educação ou saúde, outro dos aspectos que "preocupa
particularmente" a ILGA.
"Portugal tem dos piores resultados da
União Europeia e não tem, de facto, qualquer legislação, ao contrário de
outros países, que proíba a discriminação, com base na orientação
sexual ou identidade de género, nestas áreas", disse Paulo-Corte Real,
sublinhando que "isto vem reforçar a necessidade de legislação
antidiscriminação abrangente, que inclua estas áreas e que permita a
denúncia deste tipo de situações, para que não fiquem impunes".
O presidente da ILGA-Portugal destacou também "um outro campo particularmente chocante, que tem que ver com a educação".
"Em
Portugal, 94% das pessoas ouviram comentários negativos ou presenciaram
condutas negativas até aos 18 anos, no percurso escolar, porque um ou
uma colega de escola foi percecionado como sendo L (lésbica), G (gay), B
(bissexual) ou T (transexual)", lembrou, citando o estudo.
Para
Paulo Corte-Real, estes números revelam que "a realidade das escolas
portuguesas, que é significativamente pior que a média europeia, é uma
realidade de opressão, de repressão e de silenciamento".
O
dirigente defendeu que "há um trabalho enorme a ser feito nesta área,
incluindo o apoio do Estado também na divulgação de recursos no âmbito
escolar".
* Um povo homofóbico é um povo subserviente e hipócrita!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário