HOJE NO
"PÚBLICO"
Muitos adolescentes vêem
Facebook como uma "obrigação"
A ideia tem surgido nos últimos meses: os utilizadores mais novos,
particularmente os adolescentes, estão a ficar cansados do Facebook. A
própria empresa já admitiu que estes estão a usar serviços concorrentes.
Um estudo nos EUA vem agora indicar que, naquele país, pelo menos, os
adolescentes continuam no Facebook, e estão a partilhar mais informação,
mas o entusiasmo pela plataforma está a cair e muitos usam-na com um
sentimento de obrigação.
O estudo
foi elaborado pelo Pew Research Center e por investigadores da
Universidade de Harvard. Os investigadores afirmam ter notado um
“sentimento de fardo social” associado ao Facebook. “Embora o Facebook
ainda esteja profundamente integrado na vida quotidiana dos
adolescentes, é às vezes visto como algo utilitário e como uma
obrigação, em vez de uma plataforma nova e entusiasmante”.
A
investigação tem como base questionários telefónicos e entrevistas
presenciais a utilizadores de redes sociais. As entrevistas telefónicas
foram feitas em 2012 a adolescentes entre os 12 e os 17 anos. Já as
entrevistas presenciais, de onde foi retirada a conclusão de que há
adolescentes a ficarem cansados do Facebook, decorreram em 2013 e foram
feitas a jovens entre os 11 e os 19 anos.
O estudo cita várias
razões para os sentimentos negativos em relação ao Facebook, entre os
quais a presença de adultos. “Simplesmente ter uma conta num site social
não reflecte necessariamente um gosto pelo site. No Facebook em
particular, enquanto alguns participantes dos grupos entrevistados
gostavam de o usar, muitos mais associaram-no a constrangimentos pelo
aumento da presença de adultos, a grandes pressões (...) ou a
sentirem-se sobrecarregados pelos outros que partilham demasiado”.
O
documento aponta alguns exemplos de testemunhos dos adolescentes. “Sim é
por isso que vamos ao Twitter e ao Instagram [em vez de ao Facebook]. A
minha mãe não tem [conta naqueles serviços]”, afirmou uma rapariga de
19 anos. “Se estás no Facebook, vês imenso drama”, observou outra
adolescente, de 15 anos. Um rapaz de 18 anos disse que o Facebook “é
onde as pessoas publicam fotografias desnecessárias e dizem coisas
desnecessárias”.
Este ano, a empresa admitiu no relatório de
apresentação de resultados relativos a 2012 que os utilizadores mais
jovens estão a usar serviços alternativos na Internet, mas nomeou apenas
o Instagram, que foi comprado no ano passado pelo Facebook. Já o estudo
indica um aumento significativo do uso do Twitter, que é usado por 24%
dos adolescentes que estão online (eram 16% em 2011).
Uma das
conclusões refere que os adolescentes estão cientes da importância das
reputações online e activamente moldam a sua presença online. Os
“gostos” conferem estatuto social, “de tal forma que os utilizadores
adolescentes do Facebook manipulam o conteúdo do perfil e da cronologia
para arrecadar o máximo número de ‘gostos’, e removem fotografias com
poucos ‘gostos’”. Alguns disseram manter duas contas separadas, uma para
amigos, outra para família.
O Pew Research Center já tinha
estudado em 2006 o comportamento dos adolescentes nestes sites. Face a
esse ano, os jovestão agora a partilhar mais informação: 91% publicam
fotografias de si próprios (contra 79% em 2006), 71% indicam o local de
residência (eram 61%) e 20% partilham o número de telemóvel (2% na
medição anterior). Os mais novos tendem a ter uma rede de “amigos” mais
pequena e a partilhar menos informação.
A grande maioria diz não
ter problemas em controlar as definições de privacidade no Facebook e
60% disseram que o respectivo perfil só está visível para a sua própria
rede de contactos.
* Facebook um mal que não é necessário.
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