03/04/2013

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HOJE NO
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Dívidas de famílias e empresas baixam 
17 mil milhões. As do Estado crescem 
51 mil milhões

A redução do nível de endividamento geral do país - Estado, famílias e empresas privadas - é um dos objectivos do programa da troika para Portugal, que, contudo, está longe de ser atingido. A economia portuguesa chegou ao final de 2012 com uma dívida total equivalente a 438,6% do produto interno bruto (PIB) quando, no final de 2010, era de 401,8%. O aumento da dívida do país, porém, tem vindo apenas de um dos três lados deste triângulo: o Estado.

Segundo dados do Banco de Portugal, a dívida do Estado - administração central, regional e empresas públicas - aumentou 51,26 mil milhões de euros entre o final de 2010 e o final de 2012, um salto de 25% até ao endividamento de 259 mil milhões de euros com que o sector público fechou as contas do ano passado - depois de entre 2008 e 2010 ter visto a dívida crescer 30%. A subida nos últimos dois anos da dívida do Estado foi suficiente para mais que anular a redução do endividamento que as famílias e as empresas privadas conseguiram no período.
As famílias portuguesas, e também entre 2010 e 2012, entraram numa dieta agressiva de dívida, vendo a factura de créditos cair de 179,5 mil milhões de euros para 166,8 mil milhões de euros, uma redução na dívida de 12,6 mil milhões, ou menos 7,1%. O mesmo será dizer que se no final de 2010 as famílias em Portugal eram responsáveis por 26% da dívida do país, no final de 2012 já só eram responsáveis por 23% da mesma.

Olhando para os dados mensais do Banco de Portugal constata-se ainda em relação às famílias que a sua dívida total está em queda contínua há 21 meses - Março de 2010 a Dezembro de 2012 -, com uma redução média mensal a rondar os 625 milhões na dívida total.

Já nas empresas privadas a quebra foi de apenas 1,5%, com o endividamento destas empresas a recuar 4,6 mil milhões de euros, para 302,4 mil milhões de euros. Ainda assim, continua a ser este o factor da equação com um maior peso na dívida de Portugal: as empresas eram no final de 2012 donas de 41,5% da dívida total do país - no final de 2010 a sua quota-parte da dívida chegava contudo aos 44,2%.

A chegada da troika, e o estrangulamento dos próprios bancos à economia em termos de cedência de crédito, fez assim com que o sector privado - famílias e empresas - tenha, voluntária ou involuntariamente, reduzido a sua dívida total 17,3 mil milhões de euros desde o final de 2010, com a factura a baixar de 486,6 mil milhões para 469,3 mil milhões de euros até Dezembro último (-3,6%). A redução do endividamento privado fez baixar o seu peso na dívida do país de 70,1% para 64,4%.

Os dados mostram assim que desde a chegada da troika as famílias e as empresas entraram num processo de correcção do endividamento, já que até ao final de 2010 as dívidas de umas e outras continuavam em crescimento (ver gráfico).


dívida pública: a explodir desde 2008
 A desalavancagem acelerada que está a decorrer no lado privado da economia portuguesa tem, contudo, um preço. A dieta de dívida das famílias e das empresas pode ser apontada tanto como causa como consequência da crise económica. A redução das dívidas implica que o rendimento disponível das famílias e das empresas está cada vez mais alocado ao pagamento das dívidas, o que tem reflexos no consumo e no investimento, penalizando ainda mais a contracção económica, já por si potenciada por um aumento do custo de vida oriundo das decisões governamentais, como os aumentos de impostos e dos preços. O redireccionamento dos rendimentos para a dívida leva a um arrefecimento acentuado da actividade económica, que resulta, por exemplo, em menores receitas fiscais e no crescimento do desemprego, factores parcialmente responsáveis pelo aumento da dívida do Estado.


Desde o final de 2010, com a chegada da troika e a agudização da crise portuguesa, a dívida do sector público português saltou de 207,8 mil milhões de euros (Dezembro de 2010) para 259 mil milhões de euros (Dezembro de 2012), mostram os dados do Banco de Portugal, um aumento de 25% que, contudo, até compara bem com o período imediatamente anterior: entre Dezembro de 2008 e Dezembro de 2010 a dívida subiu 30,3%, mostram os dados do banco central - que incluem todas as empresas públicas, permitindo por isso avaliar a evolução da dívida sem o impacto da inclusão de algumas destas no perímetro das administrações públicas desde 2010. Nos dois anos pré--troika, o Estado passou de uma dívida de 159,5 mil milhões de euros para uma factura superior a 207,8 mil milhões.

Mas também no Estado há evoluções diferentes da da dívida, já que as empresas públicas, a viver com rédea curta desde que chegou a troika, viram o seu endividamento limitado a 0,9% entre 2010 e o fim do ano passado, ao passo que a administração central viu a factura subir mais de 30% no período.

* De onde se infere que a agressão do Estado e da banca às famílias e às PME  teve este efeito desastroso na economia, desemprego e falências. Estado o grande esbanjador.

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