HOJE NO
"PÚBLICO"
Infanta Cristina formalmente acusada no caso de corrupção que envolve o marido
O juiz responsável pela instrução do caso Nóos, relacionado com a
apropriação indevida de fundos públicos por parte de Iñaki Urdangarin,
genro do Rei de Espanha, e do seu ex-sócio Diego Torres, declarou esta
quarta-feira como acusada a infanta Cristina, mulher de Iñaki.
A filha do Rei Juan Carlos,
a cidadã Cristina Federica de Borbón y Grecia, deverá prestar
declarações no tribunal de Palma de Maiorca no dia 27 de Abril, na
qualidade de co-proprietária da empresa Aizóon e dirigente do Instituto
Nóos.
Um porta-voz da Casa Real, questionada sobre a incriminação da infanta Cristina, declarou: “Não comentamos decisões judiciais”.
O El Pais
recorda que esta decisão judicial acontece depois de Diego Torres ter
entregado ao juiz José Castro a sétima remessa de mensagens de correio
electrónico, cujo conteúdo o ex-sócio de Urdangarin espera que demonstre
que Juan Carlos conhecia e apoiou os negócios do duque de Palma. Urdangarin tentou, sem sucesso, que estes emails fossem retirados do caso.
Torres,
que se tornou inimigo de Urdangarin depois de ter sido aberta uma
investigação contra os dois, tem vindo a facilitar ao longo do último
ano uma série de mensagens electrónicas com o objectivo de demonstrar o envolvimento da infanta Cristina nos negócios do Instituto Nóos.
Até
agora, o magistrado e a Procuradoria tinham recusado acusar a infanta
por considerarem que, apesar de esta fazer parte da direcção do
Instituto Nóos, não tinha participado na tomada de decisões. As centenas
de emails que Torres copiou dos computadores do Nóos e
entregou às autoridades destinavam-se a demonstrar o contrário e provar,
inclusive, o envolvimento do Rei Juan Carlos.
O
Instituto Nóos era uma instituição sem fins lucrativos que iniciou a sua
actividade em 2003, quando Urdangarin foi nomeado seu presidente. Por
detrás de uma fachada de promoção do turismo, cultura e desporto, o
instituto beneficiou de contratos milionários com os governos das ilhas
Baleares e a Comunidade Valenciana, ambos nas mãos do Partido Popular.
Grande
parte dos quase seis milhões de euros que o Nóos conseguiu dos cofres
públicos entre 2004 e 2006 acabou nas contas bancárias de empresas
privadas que eram propriedade de Urdangarin e Diego Torres.
* Em Espanha a JUSTIÇA funciona.
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