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Fernando Ulrich: "Não se pode dizer que o custo do crédito esteja assim tão alto"
"O que nós estamos a atravessar é compreensível atendendo às circunstâncias em que o país está. O PIB caiu mais de 3% no ano passado, este ano vai cair mais de 2%, o que em termos acumulados representa uma queda de 5 a 6%. É normal e inevitável que numa situação destas, haja menos procura de crédito. Não vale a pena discutir isso, é normal, as coisas estão ligadas", afirmou Fernando Ulrich.
Falando à
margem da assinatura do acordo com o FEI, para a criação de uma linha
crédito para PME inovadoras de 60 milhões de euros, o presidente do BPI
salientou ainda que "há um indicador muito importante que é o stock de
crédito. E o que está a acontecer é que, na generalidade de todos os
segmentos, o stock está a cair. Isto resulta de que há mais reembolsos
de operações antigas do que há novas operações, mas não quer dizer que
não haja novas operações de crédito".
"O problema é que o volume
de crédito das novas operações é inferior ao que já foi no passado e
menor que o dos reembolsos. Esta situação tem aspetos positivos, como
seja o facto de representar que muitas famílias e empresas estão a
conseguir reembolsar crédito. À medida que a situação financeira for
estabilizando, quer internacional quer do Estado português, é natural
que o volume de novo crédito vá aumentando", explicou o banqueiro.
"Sobre
o custo do crédito, se formos ver a nível histórico, não se pode dizer
que esteja assim tão alto, porque a Euribor está muito baixa. O que
acontece é que há diferenças muito grandes na Europa, e deveria ser mais
próximo entre os países. Mas esse é um problema que precisa de muitos
contributos, sobretudo a nível europeu, para a sua resolução. Muitas
empresas, designadamente as mais competitivas e mais exportadoras, de
certeza que hoje já estão a pagar spreads mais baixos do que pagavam há
um ano ou dois, não tenho dúvidas disso", acrescentou.
* Se este banqueiro jogasse poker ganharia muito dinheiro a fazer bluf. Repetimos, os bancos compram dinheiro ao BCE a 0,75% de juros e vendem-no a uma média real superior a 3,5%. Mas o bluf continua, todos os banqueiros falam da ajuda às empresas "mais competitivas e exportadoras", estas empresas são uma parte ínfima do nosso tecido empresarial e a economia precisa de ajuda às empresas, médias, pequenas e micro, que neste momento estão num sufoco e debitam todos os dias para o desemprego milhares de trabalhadores porque não têm crédito capaz.
A banca portuguesa empresta pouco às empresas e fá-lo a custos recorde em termos europeus, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI), que vem assim rebater recentes declarações dos banqueiros portugueses que dizem que só não vendem mais crédito porque não há procura.
No relatório sobre a estabilidade financeira global, que hoje foi publicado, o FMI mostra que em fevereiro de 2013 a banca portuguesa estava a praticar uma taxa de juro média real de crédito às empresas superior a 3,5%, valor que não tem paralelo no grupo de 12 países analisados.
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