HOJE NO
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Aguiar-Branco.
"Estaleiros de Viana devolvem
180 milhões ou fecham"
O ministro da Defesa disse hoje, no Porto, que os Estaleiros Navais
de Viana do Castelo (ENVC) têm de devolver 180 milhões de euros de
ajudas recebidas entre 2006 e 2011 “ou não podem prosseguir na sua
atividade”.
Aguiar-Branco afirmou que a nova situação decorre da "averiguação
que foi feita pela DGCom [Direção-Geral da Concorrência da União
Europeia]", a qual terá concluído que a empresa recebeu ajudas estatais
ilegais durante aquele período.
Foi por isso, segundo referiu o ministro, que o Governo anulou o
processo que visava reprivatizar os ENVC e optou, em alternativa, por
"um concurso público para a venda quer do Atlântida, quer de material
que existe dos estaleiros" e pela "subconcessão dos terrenos que
atualmente são ocupados pelos estaleiros".
O Atlântida é o navio encomendado pela Atlanticoline, dos Açores, ao
construtor naval de Viana do Castelo e que foi rejeitado por,
alegadamente, não cumprir os requisitos exigidos, encontrando-se o caso
em tribunal.
"Em relação aos postos de trabalho que estão em causa, acreditamos
que da subconcessão possa haver a absorção do maior número possível,
disse o ministro.
"Mas nós nunca podemos dar garantias", ressalvou.
Aguiar-Branco encontrou-se hoje com os representantes dos
trabalhadores dos ENVC para lhes dar conta da nova situação e do novo
plano governamental para a empresa, tendo recebido ainda o presidente da
Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, e o deputado do PSD
Eduardo Teixeira, eleito por Viana do Castelo.
"Vamos também dar início à construção dos dois navios asfalteiros,
porque se, por acaso, não o fizéssemos, entrávamos desde já em
incumprimento em relação à PDVSA", a empresa de petróleos da Venezuela,
que os encomendou.
O ministro afirmou, ainda, que os trabalhadores que não forem
absorvidos pela futura empresa concessionária dos Estaleiros de Viana
verão "acautelados os seus diretos em termos legais".
Contestou, por outro lado, que se possa falar de despedimentos,
"porque é a própria empresa que não poderá continuar a sua atividade".
"Não é uma vontade do Governo, resulta desse processo" aberto pela
União Europeia porque lesou a concorrência, insistiu, realçando que "não
há condições", atualmente, para devolver os 180 milhões de euros
reclamados, o que evitaria o fecho de uma empresa que tem quase 70 anos
(foi criada em 1944).
A subconcessão não garante, porém, que se mantenha a atividade que a
ENVC sempre desenvolveu naquele espaço, mas o ministro defendeu que se
deve "raciocinar num juízo de normalidade", até porque "aqueles terrenos
têm uma determinada configuração".
"É mais normal que isso aconteça do que outra coisa e portanto será
mais normal que, criado esse quadro de atuação, haja a possibilidade de
haver a absorção do maior número de postos de trabalho possível",
argumentou.
Questionado sobre quando serão extintos os estaleiros, Aguiar-Branco
respondeu que "o processo de liquidação terá que acontecer em paralelo
com aquilo que vier a acontecer na subconcessão", considerando tratar-se
de uma "situação de vaso comunicante".
O concurso para a subconcessão vai ser, lançado, "seguramente", até ao verão.
Os trabalhadores dos estaleiros anunciaram, entretanto, que vão
pedir uma reunião ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso,
como forma de contestar o anunciado "encerramento" da empresa.
"Vamos chamar à atenção para o nosso problema. Não pode ser uma
multa da Comissão Europeia que coloca em causa uma empresa com quase 70
anos", disse António Costa, porta-voz da Comissão de Trabalhadores (CT)
dos estaleiros.
* Esta notícia revela:
- Absoluta incapacidade de qualquer ministro deste governo fazer alguma coisa em defesa dos cidadãos trabalhadores deste país, resta-lhes bajular, genuflectir à UE. Se houve ilegalidade esta foi cometida por um governo português, não pelos operários do estaleiro.
- A compra dos famosos submarinos tem ligações de contrapartidas aos estaleiros, é preciso tirar isso a limpo.
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