Síndrome de Down ou Trissomia do cromossoma 21 é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente.
Recebe o nome em homenagem a John Langdon Down, médico britânico que descreveu a síndrome em 1862. A sua causa genética foi descoberta em 1958 pelo professor Jérôme Lejeune, que descobriu uma cópia extra do cromossoma 21. É o distúrbio genético mais comum, estimado em 1 a cada 1000 nascimentos.
A síndrome é caracterizada por uma combinação de diferenças maiores e menores na estrutura corporal. Geralmente a síndrome de Down está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial. A síndrome de Down é geralmente identificada no nascimento.
Pessoas com síndrome de Down podem ter uma habilidade cognitiva abaixo da média, geralmente variando de retardo mental leve a moderado. Um pequeno número de afetados possui retardo mental profundo.
Muitas das características comuns da síndrome de Down também estão presentes em pessoas com um padrão cromossômico normal. Elas incluem a prega palmar transversa
(uma única prega na palma da mão, em vez de duas), olhos com formas
diferenciadas devido às pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa. Os afetados pela síndrome de Down possuem maior risco de sofrer defeitos cardíacos congênitos, doença do refluxo gastroesofágico, otites recorrentes, apneia de sono obstrutiva e disfunções da glândula tireóide.
A síndrome de Down é um evento genético natural e universal, estando presente em todas as raças e classes sociais.
.Características
Uma pessoa com a síndrome pode apresentar todas ou algumas das seguintes condições físicas: olhos amendoados, uma prega palmar transversal única
(também conhecida como prega simiesca), dedos curtinhos, fissuras
palpebrais oblíquas, ponte nasal achatada, língua protrusa (devido à
pequena cavidade oral), pescoço curto, pontos brancos nas íris conhecidos como manchas de Brushfield, uma flexibilidade excessiva nas articulações, defeitos cardíacos congênitos, espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé.
Apesar da aparência às vezes comum entre pessoas com síndrome de
Down, é preciso lembrar que o que caracteriza realmente o indivíduo é a
sua carga genética familiar, que faz com que ele seja parecido com seus
pais e irmãos.
As crianças com síndrome de Down encontram-se em desvantagem em
níveis variáveis face a crianças sem a síndrome, já que a maioria dos
indivíduos com síndrome de Down possuem deficiência mental de leve (QI 50-70) a moderado (QI 35-50), com os escores do QI de crianças possuindo síndrome de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down podem ter sérias anomalias afetando qualquer sistema corporal.
Outra característica frequente é a microcefalia, um reduzido peso e tamanho do cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente afectado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo ou estrabismo) e na audição.
.Causas e genética
A síndrome de Down poderá ter quatro origens possíveis. Das doenças congénitas que afectam a capacidade intelectual, a síndrome de Down é a mais prevalecente e melhor estudada. Esta síndrome engloba várias alterações genéticas das quais a trissomia do cromossoma 21 é a mais frequente (95% dos casos).
A trissomia 21 é a presença duma terceira cópia do cromossoma 21 nas células dos indivíduos afectados. Outras desordens desta síndrome incluem a duplicação do mesmo conjunto de genes (p.e., translações do cromossoma 21). Dependendo da efectiva etiologia, a dificuldade na aprendizagem pode variar de mediana para grave.
Os efeitos da cópia extra variam muito de indivíduo para indivíduo, dependendo da extensão da cópia extra, do background
genético, de factores ambientais, e de probabilidades. A síndrome de
Down pode ocorrer em todas as populações humanas, e efeitos análogos
foram encontrados em outras espécies como chimpanzés e ratos.
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Incidência
Estima-se que a incidência da Síndrome de Down seja de um em cada 660 nascimentos,
o que torna esta deficiência uma das mais comuns de nível genético. A
idade da mãe influencia bastante o risco de concepção de bebé com esta
síndrome: em idade de 20 é de 1/1925, em idade de 25 é de 1/1205, em
idade de 30 é de 1/885, em idade de 35 é de 1/365, em idade de 40 é de
1/110, em idade de 45 é de 1/32 e aos 49 de 1/11. As grávidas com risco elevado de ter um filho afectado por esta síndrome devem ser encaminhadas para consultas de aconselhamento genético, no âmbito das quais poderão realizar testes genéticos (como a amniocentese).
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Saúde
- As cardiopatias congénitas afetam 40% destas crianças. Analogamente, a principal causa de uma cardiopatia congênita é a Síndrome de Down. 40% das crianças com Síndrome de Down e cardiopatia congênita tem algum defeito do septo atrioventricular. As principais cardiopatias são comunicação átrio-ventricular, comunicação interventricular, persistência do canal arterial, comunicação interatrial, tetralogia de Fallot e outros. São as principais causas de morte das crianças com este síndrome. No entanto, se forem corrigidas, a esperança de vida destas crianças é bastante elevada.
- A afecção do foro gastroenterológico mais frequente é a atresia duodenal, mas também aparecem a estenose pilórica, a doença de Hirschsprung e as fístulas traqueo-esofágicas. A incidência total de malformações gastroenterológicas é de 12%.
- 3% destas crianças têm cataratas congénitas importantes que devem ser extraídas precocemente. Também são mais frequentes os glaucomas.
- A hipotonia é muito frequente no recém-nascido, o que pode interferir com a alimentação ao peito.
- Normalmente a alimentação demora mais tempo e apresenta mais problemas devidos à protrusão da língua. A obstipação é mais frequente devido à hipotonia da musculatura intestinal.
- O hipotireoidismo congénito é mais frequente nas crianças com trissomia 21.
- A laxidão das articulações e a hipotonia combinadas podem aumentar a incidência de luxação congénita da anca embora esta alteração seja rara.
- As convulsões são mais frequentes, com incidência de 10%.
- A imunidade celular está diminuída, pelo que são mais frequentes determinadas infecções, como as respiratórias. Habitualmente têm hipertrofia dos adenóides e das amígdalas. Há uma maior incidência de leucemias.
- São muito frequentes as alterações auditivas nestas crianças devido a otites serosas crónicas e os defeitos da condução neurosensorial.
- Há uma grande controvérsia sobre a instabilidade atlantoaxial. Radiologicamente, 15% ou mais dos casos apresentam evidência deste facto, mas há muito poucas crianças com problemas neurológicos associados.
- Há um atraso no crescimento com tendência para a obesidade.
- Os dentes tendem a ser pequenos e espaçados irregularmente.
- Existem evidências de menor incidência de cancro; isto tem levado a pesquisas que sugerem que os genes que combatem o cancro estão no cromossoma 21.
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Expectativa de vida
Devido aos avanços da medicina, que hoje trata os problemas médicos associados à síndrome com relativa facilidade, a expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down vem aumentando incrivelmente nos últimos anos.
Para se ter uma ideia, enquanto em 1947 a expectativa de vida era entre
12 e 15 anos, em 1989, subiu para 50 anos.
Atualmente, é cada vez mais
comum pessoas com síndrome de Down chegarem aos 60, 70 anos, ou seja,
uma expectativa de vida muito parecida com a da população em geral.
Recentemente faleceu em Anápolis, Goiás, a pessoa com síndrome de Down mais velha do mundo, Dilmar Teixeira (1934-2007), com 74 anos.
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Tratamento
Vários aspectos podem contribuir para um aumento do desenvolvimento
da criança com síndrome de Down: intervenção precoce na aprendizagem,
monitorização de problemas comuns como a tiróide, tratamento medicinal sempre que relevante, um ambiente familiar estável e condutor,
práticas vocacionais, são alguns exemplos. Por um lado, a síndrome de
Down salienta as limitações genéticas e no pouco que se pode fazer para
as sobrepor; por outro, também salienta que a educação pode produzir excelentes resultados independentemente do início. Assim, o empenho individual dos pais, professores e terapeutas com estas crianças pode produzir resultados positivos inesperados.
As crianças com Síndrome de Down frequentemente apresentam redução do
tônus dos órgãos fonoarticulatórios e, consequentemente, falta de
controle motor para articulação dos sons da fala, além de um atraso no
desenvolvimento da linguagem. O fonoaudiólogo será o terapeuta
responsável por adequar os órgãos responsáveis pela articulação dos sons
da fala além de contribuir no desenvolvimento da linguagem.
Os cuidados com a criança com S.D. não variam muito dos que se dão às
crianças sem a síndrome. Os pais devem estar atentos a tudo o que a
criança comece a fazer sozinha, espontaneamente e devem estimular os
seus esforços. Devem ajudar a criança a crescer, evitando que ela se
torne dependente; quanto mais a criança aprender a cuidar de si mesma,
melhores condições terá para enfrentar o futuro. A criança com S.D.
precisa participar da vida da família como as outras crianças. Deve ser
tratada como as outras, com carinho, respeito e naturalidade. A pessoa
com S.D. quando adolescente e adulta tem uma vida semi-independente.
Embora possa não atingir níveis avançados de escolaridade pode trabalhar
em diversas outras funções, de acordo com seu nível intelectual. Ela
pode praticar esportes, viajar, frequentar festas, etc.
Pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços impressionantes e
rompido muitas barreiras. Em todo o mundo, há pessoas com síndrome de
Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se casando e chegando à
universidade.
.Aprendizagem
O preconceito e o senso de justiça com relação à Síndrome de Down no passado, fez com que essas crianças não tivessem nenhuma chance de se desenvolverem cognitivamente, pais e professores não acreditavam na possibilidade da alfabetização, eram rotuladas como pessoas doentes e, portanto, excluídas do convívio social.
Hoje já se sabe que o aluno com Síndrome de Down apresenta algumas dificuldades em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir o que sabem, se adaptar a situações novas, e, portanto todo aprendizado
deve sempre ser estimulado a partir do concreto necessitando de
instruções visuais para consolidar o conhecimento. Uma maneira de
incentivar a aprendizagem é o uso do brinquedos e de jogos educativos,
tornando a atividade prazerosa e interessante. O ensino deve ser
divertido e fazer parte da vida cotidiana, despertando assim o interesse
pelo aprender. No processo de aprendizagem a criança com Síndrome de
Down deve ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que fosse.
As diferenças devem ser vistas como ponto de partida e não de chegada na
educação, para desenvolver estratégias e processos cognitivos adequados.
A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, do psicopedagogo Reuven Feuerstein,
afirma que a inteligência de qualquer pessoa, independente de sua
idade, pode ter sua "expandida". Um neto de Feuerstein, portador de
Síndrome de Down, que teve sua inteligência estimulada por seus métodos
desde o nascimento, sempre frequentou a escola normal com bom
desempenho.
IN "WIKIPÉDIA"
versão brasileira
.
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