HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Absolvida mulher que matou marido
O tribunal do Marco de Canaveses absolveu esta quarta-feira a mulher acusada de matar o marido, de 42 anos, em fevereiro de 2011, considerando que a arguida "agiu em legítima defesa".
Segundo
o coletivo, a mulher matou para defender a sua vida e as dos dois
filhos menores do casal. "Ela temeu pela sua vida e pelos seus filhos.
Ela estava nervosa e tomada pelo pânico", concluiu o tribunal.
A decisão de hoje contrasta com a acusação homicídio qualificada sustentada pelo Ministério Público antes do julgamento.
No
acórdão, considerou-se provado que a vítima, que estava alcoolizada
(3,54 gramas por litro) e armada de pistola, ameaçara de morte a mulher e
tentara antes asfixiá-la com uma corda.
Foi
com aquele objeto que a arguida, no interior da habitação, em Vila Boa
do Bispo, acabou por provocar a morte do marido, por asfixia, na
sequência de confronto físico entre ambos, ao qual terá assistido uma
filha do casal.
"Ela [arguida] estava aterrorizada, porque ele continuava a ameaçá-la de morte", considerou o juiz-presidente, Moreira Dias.
De
acordo com o magistrado, a mulher "não tinha intenção primeira e direta
de matar a vítima", quando lhe apertou o pescoço com a corda.
O
coletivo considerou que ficaram preenchidas as condições para se ter
verificado "uma situação de legítima defesa putativa", porque a arguida
julgara que a arma do marido estaria em condições de disparar, o que não
se verificava.
O tribunal também deu como provado que a mulher era frequentemente vítima de maus tratos praticados pelo marido.
Na
decisão de absolvição também pesou o facto de a arguida estar hoje
socialmente integrada, trabalhando e cuidando dos dois filhos menores.
Nas
alegações finais, a magistrada do Ministério Público considerara ter
ficado provado, em audiência, o crime de homicídio simples, mas "com
excesso de legítima defesa, com a culpa especialmente diminuída".
A
procuradora sustentara ter ficado claro, através de depoimentos de
várias testemunhas, que a arguida era vítima de violência doméstica.
* Nós queremos aplaudir a vítima que se defende e o colectivo de juízes que absolve, se existissem mais 30 mulheres a matarem em legítima defesa talvez os machões deste país pensassem duas vezes.
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