HOJE NO
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Bancos têm 23 mil milhões de euros
de crédito malparado
CGD, BCP, BPI, BES e Santander Totta têm 12 mil milhões de euros em incumprimento há mais de 90 dias
A conjuntura económica recessiva penalizou fortemente a qualidade do
crédito da banca portuguesa em 2012. O novo rácio de malparado imposto
pela troika – crédito em risco – situou-se, em média, nos 8,1% do total
da carteira de crédito dos cinco maiores bancos a operar no mercado
português.
A CGD, o BCP, o BPI, o BES e o Santander Totta tinham, a 31 de
Dezembro, cerca de 23,3 mil milhões de euros de crédito em risco. Este
rácio, criado pelo Banco de Portugal por imposição da troika e que
entrou em vigor em Setembro de 2011, contabiliza, além do crédito
vencido há mais de 90 dias e do crédito vincendo associado, o crédito
reestruturado (que anteriormente tinha prestações em atraso há mais de
90 dias) e outro crédito sobre o qual existam indicações que justifiquem
a sua classificação como crédito em risco, designadamente a falência ou
liquidação do devedor.
De acordo com os resultados divulgados pelos cinco grandes da banca
nacional, o crédito em risco disparou de mais de 17,8 mil milhões no
final de 2011 para cerca de 23,3 mil milhões a 31 de Dezembro de 2012.
Foram mais 5,5 mil milhões de euros a ser rotulados como crédito em
risco em apenas 12 meses, o que empurrou o rácio de 5,9% para 8,1% na
média dos cinco bancos.
Em termos relativos, o BCP apresenta o rácio mais elevado com 13,1% do
crédito total em risco. O banco liderado por Nuno Amado registou também o
maior agravamento neste indicador, mais três pontos percentuais que os
10,1% do final de 2011. A instituição contabilizava, no final de 2012,
mais de 8,8 mil milhões de euros de empréstimos em risco.
O BES tem o segundo maior rácio (9,44%), quase ao mesmo nível da CGD
(9,4%). No entanto, em termos absolutos, o incumprimento enfrentado pela
CGD disparou 1,8 mil milhões de euros, para um total de 7,4 mil
milhões.
O BPI e o Santander Totta apresentam rácios abaixo da média do sistema,
4,33% e 4,1% respectivamente. O indicador de crédito em risco não
obriga as instituições a constituir mais provisões e também não afecta
os rácios de capital.
90 dias Os clientes dos
cinco bancos deixaram de pagar mais de cerca de 3,4 mil milhões de
euros, arrastando o incumprimento para um total superior a 12 mil
milhões de euros, contabilizando apenas as prestações e juros vencidos
há mais de 90 dias. O rácio médio do crédito vencido há três meses
avançou de 3,1% para 4,4%.
Em termos globais, o maior agravamento ocorre no crédito a empresas,
sobretudo do sector da construção, imobiliário e comércio, e nos
empréstimos a particulares para consumo e finalidades diversas. O
crédito à habitação continua a ser o segmento que apresenta o menor
crescimento de malparado, com taxas pouco acima de 1%.
Assim, o agravamento da sinistralidade do crédito tem repercussões
inevitáveis no reforço de provisões para a desvalorização dos activos.
As instituições viram--se forçadas a provisionar cerca de 5,5 mil
milhões de euros em 2012.
Banqueiros e regulador do sector bancário não têm dúvidas que estes
indicadores vão continuar a agravar-se nos próximos trimestres, o que
penaliza a rendibilidade das instituições.
* Para além da "veia salobra" do consumismo que rebentou no crânio dos portugueses desde os fecundos tempos do cavaquismo, temos as dificuldades de quem programou pagar organizadamente e ficou sem salário, ou empresas que fecharam por não haver consumo, mas também a "conivência" banqueira que entregava cartões de crédito como quem distribuía confetis.
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