24/01/2013

PEDRO TADEU

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E que tal refundar antes 
                          este estado de coisas?

Já andamos há muito tempo a digerir o custo da fraude, falência e entrega do BPN - as últimas contas somam três mil milhões e meio de euros, mas pode ser muito mais.
Começámos agora a mastigar os 1100 milhões metidos no Banif para o salvar da bancarrota. Bebemos o veneno da fragilização da Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado obrigado a meter dinheiro em maus negócios e a delapidar património para salvar a pele de uns quantos perdulários.
Engasgámo-nos, espantados, ao ver os magistrados da "Operação Furacão" a tentar caçar fugas ao fisco e branqueamentos de capitais no BCP, BES, BPN e Finibanco e a trocar, alegremente, condenações em tribunal por pagamentos ao Estado de alguns milhões - 185, segundo o último balanço oficial.
Arriscamos uma indigestão quando vemos Jardim Gonçalves, o criador do BCP, a ser condenado a pagar uma coima de um milhão de euros por ter omitido contas em offshores do banco; a fusão Compal-Sumol financiada pela Caixa a ser investigada; a extraordinária falência do BPP prestes a conhecer uma acusação; alguns administradores do BES suspeitos num caso de ações da EDP Renováveis; o "papa" desse banco, Ricardo Salgado, a fazer visitas ao DIAP para testemunhar no caso "Monte Branco" - onde o seu BESI, liderado por José Maria Ricciardi, é investigado - e a devolver 8,5 milhões que se esqueceu de declarar ao fisco.
Estamos enfartados com a violência do ajuste de rácio que os bancos portugueses fizeram, coisa saudável para as suas contas, mas que secou o financiamento da economia e muito empurrou o País para ainda maior pobreza.
Começámos agora a engolir uma açorda chamada "banco de fomento", alegremente publicitada por Angela Merkl. O alemão KfW está a ajudar o ministro das Finanças a montar o esquema de viabilização da coisa. O ministro da Economia, por seu lado, tem na cabeça um outro sistema e, no terreno, um grupo de trabalho a desenvolvê-lo. Até o ministro da Educação tem ideias próprias sobre o assunto.
Disfarçados sob o manto caridoso da necessidade de financiar pequenas e médias empresas, escondem-se os apetites de quem quer dominar o último banquete da União Europeia: os muitos milhares de milhões vindos no próximo QREN. Habituados ao regime atrás descrito, nem duvido por que estômagos, dê as voltas que der, esse dinheiro passará...
Resta-nos uma grande azia e a pergunta inconveniente: em vez de refundar o Estado não deveríamos, primeiro, refundir este sistema financeiro?

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
22/01/13

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