HOJE NO
"O PRIMEIRO DE JANEIRO"
BPN
Parlamento unido exige justiça
na punição dos criminosos
Os grupos parlamentares uniram-se hoje na exigência de que os poderes judiciais atuem rapidamente e de forma eficaz para que sejam punidos os responsáveis pelo buraco de 3400 milhões no Banco Português de Negócios (BPN).
Esta posição comum foi transmitida por deputados do PSD, CDS, PS, PCP e Bloco de Esquerda no debate em plenário do relatório de conclusões da comissão de inquérito parlamentar sobre a nacionalização e reprivatização do BPN - documento que foi aprovado pela maioria PSD/CDS, com as abstenções do PS e PCP e o voto contra do Bloco de Esquerda.
O apelo mais veemente para uma rápida intervenção dos poderes judiciais partiu do líder da Juventude Social Democrata (JSD), Hugo Soares.
"Os crimes não têm ideologia e os tribunais não têm partido. É momento de a culpa não morrer solteira, é momento dos tribunais condenarem aqueles que fizeram os portugueses pagar pelo BPN, doa a quem doer", disse o deputado do PSD, recebendo uma prolongada salva de palmas.
No mesmo sentido, o deputado e porta-voz do CDS, João Almeida, defendeu que "cabe agora à justiça dar sequência ao trabalho político".
"A justiça, infelizmente, tem estado muito atrás do trabalho que tem sido feito no Parlamento. Onde está a punição para os que cometeram crimes?", interrogou-se, numa intervenção em que também criticou a supervisão do Banco de Portugal (quando era chefiado pelo socialista Vítor Constâncio) e a opção pela nacionalização seguida pelo Governo de José Sócrates.
Por parte do PS e do Bloco de Esquerda fizeram-se referências indiretas extremamente críticas em relação ao papel desempenhado pelo ex-ministro social-democrata Dias Loureiro enquanto ex-membro da administração da Sociedade Lusa de Negócios (SLN).
"A responsabilidade por aquilo que aconteceu no BPN pertenceu a quem aproveitou a sua posição política para fazer negócios ruinosos. Pedimos que a justiça funcione, mas não se compreende que quem deve dezenas de milhões de euros ostente uma vida de luxo, algumas vezes acompanhado por membros do atual Governo", apontou o vice-presidente da bancada socialista Basílio Horta.
A seguir, o coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, retomou este ponto e disse: "Há uma linha que nos separa do PSD - essa linha passa pelo Copacabana Palace". [um hotel do Rio de Janeiro, Brasil].
João Semedo justificou também o motivo que levou o Bloco de Esquerda a ser a única força política que votou contra o relatório de conclusões da comissão de inquérito.
"Votámos contra por aquilo que o relatório não diz.
A venda do BPN ao BIC foi uma venda de favor, por um preço de amigos [40 milhões de euros] e por razões de ordem política", sustentou, numa crítica ao atual Governo.
Pela parte do PCP, Honório Novo expôs os motivos da sua abstenção face ao relatório, considerando que a comissão de inquérito "não quis esclarecer os motivos da intervenção do primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] na venda ao BIC".
"Ao contrário das conclusões, a venda ao BIC não foi feita pelo preço possível, tendo sido antes um preço de amigos ou de favor, porque nem sequer levou em conta os resultados das mais recentes avaliações que tinham sido feitas ao BPN", apontou o deputado do PCP.
Na questão judicial, Honório Novo referiu-se diretamente a personalidades que estiveram envolvidas no período anterior à nacionalização do BPN, como o antigo presidente do banco, Oliveira e Costa, ou ex-dirigentes sociais-democratas como Dias Loureiro e Duarte Lima.
"Infelizmente, a justiça tarda em pronunciar-se", declarou Honório Novo, antes de também criticar a opção do Governo socialista de José Sócrates "de nacionalizar os prejuízos do BPN, deixando de fora a SLN".
O deputado social-democrata Duarte Pacheco, autor do relatório de conclusões, e o socialista Vitalino Canas, que presidiu à comissão de inquérito, consideraram exemplar a forma como decorreram estes trabalhos e elogiaram o facto de o texto final ter merecido um consenso alargado.
* Muito giro, depois de um ror de anos a deixar que pessoas implicadas se safem, os senhores deputados manifestam-se agora pela justiça célere mas, veladamente pedem que não se mexa em determinadas pessoas...
O que esconde tanta hipocrisia e acusação aos tribunais se os deputados fazem leis para encobrir as próprias negociatas.?!?!
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