HOJE NO
"PÚBLICO"
Islândia não tem de reembolsar
Reino Unido e Holanda
Reino Unido e Holanda exigiam compensação financeira por falência de banco. Islandeses recusaram-se a pagar e tribunal europeu deu-lhes razão.
A Islândia venceu na segunda-feira a batalha legal com o Reino Unido e a Holanda em torno da falência do Icesave, uma delegação online do banco Landsbanki, e não terá de reembolsar os dois países pela falência.
Os dois países exigiam uma compensação financeira ao
Estado islandês para os depósitos bancários que os contribuintes
britânicos e holandeses perderam com a falência do Icesave. Ambos os
governos reembolsaram os depositantes e exigiam agora o valor à
Islândia. O montante não estava definido, mas o Fundo Monetário
Internacional (FMI) estimava que poderia rondar os 1933 milhões de
euros.
Porém, o veredicto de segunda-feira do tribunal da
Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) isenta a Islândia de
qualquer pagamento. O tribunal europeu defende que o país se encontrava
numa crise financeira de tal forma grave que não era obrigado a
reembolsar os depósitos perdidos.
A decisão contraria a primeira análise desenvolvida por uma equipa de
investigação do tribunal da Associação Europeia de Livre Comércio que,
em 2011, alegou que a Islândia estaria obrigada à luz das regras
europeias a um mínimo de compensação aos Governos britânico e holandês.
Também as autoridades legais da Islândia apontavam para um mínimo de
responsabilização que devia ser assumido pelo Estado.
Este mínimo de compensação, escreve a Bloomberg,
já não corresponderia às expectativas do Reino Unido e Holanda, que
exigiam ser compensados na totalidade do dinheiro que reembolsaram, ao
qual seriam acrescidos juros.
O Landsbanki tentou atrair investidores estrangeiros através da sua delegação online,
o Icesave, que oferecia altas taxas de juro aos depósitos sem que
houvesse necessidade de abrir uma conta fora do país. Em Outubro de
2008, o Landsbanki entrou em falência, o que veio a afectar os depósitos
de cerca de 330 mil contribuintes britânicos e holandeses.
Em todo o caso, recorda o Financial Times,
os governos britânico e holandês já receberam grande parte do dinheiro
que reembolsaram aos seus contribuintes através do capital do
Landsbanki, que já reembolsou cerca de 3421 milhões de euros em
garantias de depósito.
Os contribuintes islandeses rejeitaram o
reembolso em dois referendos, o que levou o assunto para as instâncias
legais europeias. Quatro anos depois, os tribunais decidiram em favor
da Islândia.
Citado na segunda-feira pelo London Times, o ministro
islandês dos Negócios Estrangeiros afirmou que o país se encontrava
agora “totalmente vingado” . “É uma satisfação considerável o facto de a
defesa da Islândia ter vencido”, escreveu ainda numa nota publicada no
portal do Governo islandês
O veredicto ultrapassa as fronteiras da
Islândia, Reino Unido e Holanda. Michael Waibel, docente de Direito na
Universidade de Cambrige, afirmou ao Financial Times que está
em causa um ponto jurídico e político “crucial”: “Se é, ou deve ser, um
Estado responsabilizado pela quebra de segurança nos depósitos em solo
nacional”. E, neste ponto, o tribunal europeu concordou na totalidade
com a Islândia, defende Michael Waibel.
Mas a decisão do
tribunal da EFTA diz que o veredicto poderia ter sido diferente à luz da
nova lei de responsabilidade bancária, promulgada em 2009 pela União
Europeia. De acordo com o Financial Times, os líderes europeus
estarão ainda a preparar um reforço do novo enquadramento legal que
atribui uma maior responsabilização aos Governos pelas quebras no
sistema financeiro.
* Grandes Islandeses, têm-nos no sítio.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário