.
.
HOJE NO
"PÚBLICO"
Professores apresentam queixa
no DCIAP contra grupo GPS
Grupo de docentes das Caldas quer ver investigadas transferências de verbas do Estado para o maior grupo de colégios privados com contratos de associação no país.
Seis professores do movimento “Em Defesa da Escola Pública do Oeste”
entregaram esta semana no Departamento Central de Investigação e Acção
Penal (DCIAP) uma queixa pedindo que sejam investigados os “indícios de
corrupção” em torno do financiamento a colégios do grupo GPS, o maior
grupo privado de escolas com contratos de associação no país.
“Existem fortes indícios de que dinheiros públicos na
ordem dos milhões de euros (pertencentes a todos nós, contribuintes)
têm sido entregues ao longo dos últimos anos a colégios privados para
serem aplicados no ensino, segundo critérios altamente lesivos para os
interesses patrimoniais do Estado”, refere o documento, a que o PÚBLICO
teve acesso.
Os professores dizem que alguns dos colégios privados
do grupo GPS não se encontram em zonas carenciadas de escolas públicas,
verificando-se o encaminhamento de alunos para aqueles
estabelecimentos, “o que pode configurar crimes como o de utilização de
verbas do erário público para favorecimento de interesses privados e
corrupção”.
A queixa baseia-se na reportagem da TVI Dinheiros Públicos, Vícios Privados,
exibida no passado mês de Dezembro e vista por 1,5 milhões de
telespectadores. A própria reportagem é apresentada como meio de prova,
uma vez que nela constam praticamente todos os factos que os queixosos
consideram de índole criminosa.
O documento diz que “parte das
verbas recebidas pelo grupo proprietário destes colégios é fonte de
enriquecimento ilícito dos proprietários e gestores do grupo”. A TVI
dava conta de uma frota de dezenas de automóveis de luxo na posse do
grupo GPS e dos seus administradores. Um deles, director do Colégio de
Santo André, em Mafra, tem em seu nome mais de 80 carros, alguns deles
de marca Jaguar, Porsche, Rolls-Royce e Volvo, havendo um outro
administrador com mais 17 viaturas, também de topo de gama.
Em
2012, segundo documentos do Ministério da Educação, o grupo GPS recebia
85 mil euros por cada turma, o que perfez uma receita de 25 milhões de
euros paga pelo Estado. Os docentes vão, contudo, mais longe e dizem que
os factos passíveis de ser investigados reportam-se a 2005/2006, quando
foram construídos nas Caldas da Rainha os colégios Frei Cristóvão e
Rainha D. Leonor, numa altura “em que já não se verificaria a
sobrelotação das escolas públicas do concelho”.
“Desde então têm
sido encaminhados para estes colégios turmas que têm lugar nas escolas
da rede pública, verificando-se um subaproveitamento de recursos
públicos: estas escolas estão a funcionar com salas vazias e há
professores sem horário ou em mobilidade interna”, alegam os queixosos.
Contactada
pelo PÚBLICO, a administração do grupo GPS adiantou não ter
conhecimento da queixa, mas vê nela “uma excelente oportunidade para a
verdade vir ao de cima e cessarem as manipulações e acusações” que lhe
têm vindo a ser feitas “por esse conjunto de professores”.
A
reportagem da TVI em que a queixa se baseia, diz o grupo em comunicado,
além de estar “pejada de falsidades”, “teve como fontes, declaradas e/ou
anónimas, esse grupo de professores e alguns sindicalistas, que estão
comprovadamente a fazer uma guerra ao ensino privado com contrato de
associação” e “em defesa do emprego estatal dos professores”No
mesmo comunicado, o grupo informa ainda que já deu instruções aos seus
advogados “para participarem criminalmente contra todas as pessoas e
entidades que difamem e coloquem em causa a honra e a respeitabilidade
do grupo, dos seus membros dos corpos sociais, das suas escolas e
professores”.
O movimento “Em Defesa da Escola Pública do Oeste”
foi criado em Julho do ano passado, quando cerca de 400 professores dos
concelhos do Bombarral, Cadaval, Óbidos, Peniche, Alcobaça e Caldas da
Rainha se viram na iminência de ficarem sem horários atribuídos.
* É bom que se esclareça o destino do dinheiro público.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário