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"PÚBLICO"
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Greve nos portos portugueses
Operadores portuários desafiam Governo
.a colocar militares no lugar dos estivadores
A Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR) desafiou o
Governo a substituir os estivadores em greve nos portos portugueses por
militares, pois, no seu entender a requisição civil já não vai resolver o
actual impasse a que o sector chegou.
O braço de ferro entre estivadores, operadores portuários (actividades
relacionadas com os fretes: recebem e expedem as encomendas e tratam da
área comercial) arrasta-se desde Agosto e está a pôr em causa as
exportações nacionais.
“Como sequência da greve na estiva que tem
vindo a 'destruir' a actividade económica nos portos de Lisboa, Setúbal
e Figueira da Foz”, a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal,
veio já defender, através de um nota enviada à comunicação social, que a
requisição civil (serviços mínimos), que alguns dizem ser a “opção
passível para resolver os problemas” gerados pelo “surto” de greves dos
portos nacionais, não conseguirá repor o funcionamento do sector.
O
impasse nas negociações entre o Governo e os sindicatos do sector
portuário levou o Ministério da Economia a decretar, de modo unilateral,
serviços mínimos, nos portos de Lisboa e Setúbal, que respeitam,
segundo as autoridades, o que foi “acordado entre operadores e
sindicatos a 26 de Outubro.”
As paralisações dos estivadores
começaram, ainda que de forma intermitente, no início de Agosto. Hoje, o
presidente do Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul reagiu ao
anúncio da requisição civil anunciando um novo pré-aviso de greve entre
28 de Novembro e 5 de Dezembro. O sindicalista advertiu o Governo para o
facto de ser “preferível encontrar acordos pelo diálogo do que pela
imposição”.
Em comunicado, hoje divulgado, a AGEPOR reagiu de
modo violento à nova convocação de greve e considerou que a situação “é
tanto mais revoltante quando aos estivadores em greve lhes foi já
garantida pelos seus empregadores, contrariamente ao que sucede com a
generalidade de todos os outros trabalhadores portugueses, a protecção
dos postos de trabalho e níveis de rendimento que, como é do
conhecimento público, são bem acima da média nacional”.
Os
operadores portuários lembram que “no contexto actual em que o país se
encontra – numa situação de resgate internacional e de emergência
nacional – a quebra nas exportações” está a por em causa “todo o
esforço” realizado pelos portugueses. Por esta razão aconselham o
Governo, que, em seu entender tem estado passivo, a equacionar adoptar
medidas “de total excepção”, nomeadamente, “colocando os militares a
operar os portos em greve.”
A AGEPOR alerta as autoridades para o
facto de “os armadores, os seus associados e outros actores económicos
sedeados nos portos em greve” estarem, neste momento, a operar em
prejuízo continuado e começam a ter dificuldade em garantir os postos de
trabalho”.
Na nota enviada à comunicação social os operadores
portuários avisam que “as empresas e fábricas que estavam a ter na
exportação a única saída para a crise no mercado interno, vêem frustrado
o seu enorme esforço de sobrevivência, por falta de matérias-primas
para transformar e por atrasos sistemáticos no envio das suas
exportações, colocando em causa a sua sobrevivência”. Os mesmo
...lembram ainda que as “empresas e fábricas começam, por incumprimento
de prazos de entrega, a ter cancelamentos na carteira de encomendas” e
que muitas “não resistirão e o seu pessoal e operários irão engrossar os
números trágicos do desemprego”.
Contactado, o Sindicato dos
Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e
Sul, não quis comentar a proposta dos operadores portuários.
* Os militares não podem ser "usados" para resolver questões que empresários e trabalhadores são incapazes de resolver, a mediação é necessária, quem será capaz de a executar???
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