Sem força
O Sporting até não jogou mal contra o Moreirense. Pode mesmo dizer-se
que se sentiu um novo fôlego. E, mesmo assim, foi eliminado da Taça. O
Sporting até foi prejudicado pela arbitragem, sobretudo com uma
indiscutível grande penalidade sobre Ricky que ficou por marcar. Quer
isto dizer que há uma cabala contra o Sporting? Basta olhar para o
tumulto quase permanente em que o clube vive para perceber que a
responsabilidade não pode estar toda fora de Alvalade. Os árbitros são
humanos. E como todos os humanos, não tratam de igual forma o poderoso e
o fraco. Há coisas que acontecem ao Sporting que dificilmente poderiam
acontecer ao Benfica ou ao Porto. E a razão explica-se com uma palavra:
respeitabilidade.
A verdade é esta: o Sporting não assusta.
Não tem poder para assustar. E, quando um clube assusta, quem toma
decisões pensa várias vezes antes de as tomar. Quando não assusta é mais
lesto na injustiça. Se um clube começa a fazer da derrota uma rotina;
se começa a deixar de ser visto como um dos grandes; se, ainda por cima,
se percebe que o seu poder é difuso e está concentrado em guerras
internas, é natural que não provoque grande temor. E é quando deixa de
provocar o respeito que merecia dos adversários e agentes desportivos
que um clube deve perceber que entrou em decadência.
Na vida,
e no futebol também, há poucas coisas irreversíveis. O Sporting ainda
pode travar a curva descendente em que vive. Mas isso obrigaria a mais
do que danças de cadeiras e mudanças de treinadores. Obrigaria a uma
autêntica revolução que libertasse o clube dos interesses que em torno
dele orbitam. Interesses que, no estado em que o Sporting está, se
comportam como abutres. E para isso é preciso coragem. A qualidade que
mais tem faltado aos seus dirigentes.
IN "RECORD"
26/10/12
.
Sem comentários:
Enviar um comentário