30/10/2012

DANIEL OLIVEIRA




 Sem força

O Sporting até não jogou mal contra o Moreirense. Pode mesmo dizer-se que se sentiu um novo fôlego. E, mesmo assim, foi eliminado da Taça. O Sporting até foi prejudicado pela arbitragem, sobretudo com uma indiscutível grande penalidade sobre Ricky que ficou por marcar. Quer isto dizer que há uma cabala contra o Sporting? Basta olhar para o tumulto quase permanente em que o clube vive para perceber que a responsabilidade não pode estar toda fora de Alvalade. Os árbitros são humanos. E como todos os humanos, não tratam de igual forma o poderoso e o fraco. Há coisas que acontecem ao Sporting que dificilmente poderiam acontecer ao Benfica ou ao Porto. E a razão explica-se com uma palavra: respeitabilidade.

A verdade é esta: o Sporting não assusta. Não tem poder para assustar. E, quando um clube assusta, quem toma decisões pensa várias vezes antes de as tomar. Quando não assusta é mais lesto na injustiça. Se um clube começa a fazer da derrota uma rotina; se começa a deixar de ser visto como um dos grandes; se, ainda por cima, se percebe que o seu poder é difuso e está concentrado em guerras internas, é natural que não provoque grande temor. E é quando deixa de provocar o respeito que merecia dos adversários e agentes desportivos que um clube deve perceber que entrou em decadência.

Na vida, e no futebol também, há poucas coisas irreversíveis. O Sporting ainda pode travar a curva descendente em que vive. Mas isso obrigaria a mais do que danças de cadeiras e mudanças de treinadores. Obrigaria a uma autêntica revolução que libertasse o clube dos interesses que em torno dele orbitam. Interesses que, no estado em que o Sporting está, se comportam como abutres. E para isso é preciso coragem. A qualidade que mais tem faltado aos seus dirigentes.

IN "RECORD"
26/10/12

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