HOJE NO
"PÚBLICO"
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Comportamento
Estudo mostra que um em cada três
. jovens é vítima de coerção sexual
Da simples insistência para ter relações sexuais à ameaça, passando pela
chantagem e, nalguns casos, pela agressão física: 30% dos jovens até
aos 21 anos foram vítimas de coerção sexual. Os dados são de um estudo
desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que
avaliou 606 jovens adultos nascidos em 1990.
Segundo os dados preliminares desta avaliação, os autores da coerção
sexual tendem a ser em simultâneo vítimas, não havendo aqui grandes
diferenças de género a assinalar. Em números: a prevalência da
vitimização por coerção sexual no último ano foi de 30,4% nas raparigas e
28,7% nos rapazes; já a prevalência da coerção sexual foi de 22,9% nas
raparigas e 31,8% nos rapazes.
"A maior parte das vítimas são
agressores em simultâneo. Há alguma bidireccionalidade neste tipo de
violência", adianta Sílvia Fraga, autora do estudo e investigadora do
Instituto de Saúde Pública e da Faculdade de Medicina da Universidade do
Porto. "O mais preocupante", porém, é que "esta coerção sexual também
está associada a comportamentos de risco, nomeadamente o não-uso do
preservativo e a manutenção de vários parceiros sexuais".
Esta
avaliação ainda está em curso. No total, serão inquiridos quase três mil
jovens - os mesmos envolvidos no Epiteen, um projecto iniciado no ano
lectivo 2003/04 que se propõe compreender de que forma os hábitos e
comportamentos adquiridos na adolescência se vão reflectir na saúde do
adulto (ver caixa).
Apesar disso, Sílvia Fraga considera que uma
das conclusões a retirar deste estudo é que estes jovens não se
percepcionam como vítimas ou autores de violência. "Estes jovens - e só
responderam ao inquérito os que estiveram numa relação com pelo menos um
mês - foram convidados a dizer se o namorado ou namorada alguma vez
tinham insistido para ter relações sexuais contra a sua vontade e, na
perspectiva da vitimização, se já tinham insistido para manter relações
sexuais, se tinham sido coagidos a não usar preservativo, se tinham sido
vítimas de ameaça ou ameaçado; enfim, mas não podemos dizer que eles
percepcionem estes comportamentos como violentos, porque nalgumas
culturas são entendidos como algo natural".
Daí que, ainda
segundo Sílvia Fraga, haja aqui "um trabalho de sensibilização a fazer,
dado o risco de estes comportamentos degenerarem noutro tipo de
violência mas também porque estes comportamentos têm implicações em
termos de saúde". De facto, entre as raparigas, as vítimas, por
comparação às não-vítimas, revelaram maiores probabilidades de terem
tido a primeira relação sexual antes dos 17 e de terem somado mais
parceiros e usado o preservativo de forma mais inconsistente. Do mesmo
modo, entre os rapazes, a probabilidade de terem realizado mais testes
de VIH era maior.
* Uma revelação preocupante, numa época que devia ser de respeito mútuo no domínio das relações sociais é através da agressividade sexual que pessoas de ambos os sexos sublimam frustrações.
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