HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Governo contra o Governo
na descida da TSU
Há cerca de um ano, o Governo entregou aos parceiros sociais um estudo sobre o corte na Taxa Social Única (TSU) às empresas. Na altura foi contra a medida e alertou para o risco de essa opção agravar a recessão.
No relatório, que foi divulgado pela edição em papel do Negócios de 10
de Agosto de 2011, o Governo descreve os efeitos negativos (certos) para
a economia no curto prazo e os impactos positivos (incertos) no médio e
longo prazo, determinados por uma descida da TSU para as empresas com
um aumento de impostos para as famílias.
A medida de
desvalorização fiscal que esteve há um ano em debate foi a de uma
redução da TSU para as empresas compensada nas receitas do Estado por
uma subida do IVA. A medida agora anunciada para 2013 é a de uma descida
da TSU das empresas de 23,75% para 18% e uma subida para os
trabalhadores de 11% para 18%. É de igual forma uma desvalorização
fiscal, traduzindo-se também numa perda de poder de compra pela sua
equivalência a um aumento de impostos.
Conforme o que o Governo
escreve no relatório elaborado em Julho de 2011, a descida da TSU com
aumento de impostos “deverá aumentar a competitividade externa da
economia portuguesa, bem como o nível do PIB, do consumo e do emprego” a
médio e longo prazos.
Mas, acrescenta-se logo a seguir, “estes
efeitos de médio/longo prazos contrastam, no entanto, com alguns efeitos
negativos no curto prazo. Se a contrapartida for o aumento dos impostos
indirectos, destaca-se o impacto negativo sobre o consumo privado, o
que terá reflexos no nível da actividade económica. Se a contrapartida
for a redução do consumo público, o impacto recessivo sobre o PIB será
directo assumindo igualmente um carácter de desvalorização fiscal”.
Os
autores do estudo do Governo alertam que os efeitos recessivos de curto
prazo podem ser ainda mais graves devido à situação financeira das
famílias e às restrições que existem de acesso ao financiamento. Estes
impactos abrangiam também as empresas por causa dos efeitos de
tesouraria determinados pela subida do IVA. Escreviam os autores do
estudo na altura: “uma desvalorização fiscal pode ter efeitos recessivos
de curto prazo no PIB que não são contabilizados nos cenários aqui
apresentados”.
A decisão agora tomada não aumenta o IVA mas reduz
o poder de compra das famílias no equivalente a 2,8 mil milhões de
euros, transferindo 2,3 mil milhões para as empresas e 500 milhões para o
Estado.
A redução do consumo e os efeitos recessivos da medida
são dados como certos dentro do Governo. Pelo que se sabe das análises
feitas pelo Ministério das Finanças
a esta medida, o efeito recessivo no curto prazo será tanto maior
quanto maior for o número de famílias com restrições de crédito e de
liquidez e quanto mais pessimistas forem as suas perspectivas. Ou seja,
quanto mais o consumo cair, sem que se espere que a curto prazo essa
queda seja suficientemente anulada por uma expansão do investimento,
exportações e emprego.
Uma das questões que fica em aberto é o que levou o Governo a mudar de opinião entre Julho de 2011 e Setembro de 2012.
* A questão não fica em aberto, o governo não tem rumo e anda ao sabor da troika que ao que parece também sabe pouco da matéria. É a "Internacional da Incompetência" que manda em Portugal.
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