Lucro de 25 milhões de euros de consultora terá
.pago "luvas" na aquisição dos submarinos
.pago "luvas" na aquisição dos submarinos
Suspeitas são assumidas pelo Ministério Público, mas Cândida Almeida afasta Paulo Portas do objectivo da investigação.
O Ministério Público suspeita que os 25 milhões
de euros de lucro da Escom por consultadoria nos submarinos serviram
para pagamento de "luvas". A suspeita é assumida em carta rogatória
enviada às autoridades judiciárias alemãs em Maio de 2011, na qual se
relaciona a compra dos aparelhos e os depósitos fraccionados de um
milhão de euros que o CDS-PP efectuou em numerário numa conta no Banco
Espírito Santo.
O MP estima que a Escom "terá suportado custos
totais que não ultrapassaram cinco milhões de euros com a prestação de
serviços à Man Ferrostaal", vendedora dos submersíveis, e "no entanto,
recebeu como pagamento por aqueles serviços 30 milhões de euros". "Face à
disparidade de valores, bem como aos depósitos efectuados na conta de
um partido político de que era dirigente o então ministro da Defesa,
existem fortes suspeitas de que parte do pagamento efectuado pela Man
Ferrostaal à Escom possa ter sido utilizado para favorecer a escolha do
consórcio alemão no âmbito do fornecimento de submarinos à Marinha
Portuguesa", escreve o MP.
A associação que o Ministério Público
desenha entre o caso dos submarinos e Paulo Portas, em documentos ora
libertados do segredo de justiça, levou o actual ministro dos Negócios
Estrangeiros a pedir esclarecimentos ao DCIAP. Na terça-feira, a
directora deste organismo, Cândida Almeida, respondeu que não tem
indícios de crime contra o visado. A investigação é contra
desconhecidos.
O fim do segredo de justiça para uma parte do
processo revelou a associação polémica. Nas cartas rogatórias para a
Suíça e Reino Unido a pedir quebra do sigilo bancário para as contas de
Rogério d"Oliveira e da Escom UK, o MP escreve que "foram recolhidos
elementos que indiciam a existência de uma relação entre aqueles
depósitos e a outorga pelo ministro da Defesa, Paulo Portas, em
representação do Estado português, dos contratos de aquisição dos
submarinos e contrapartidas".
Na carta para a Alemanha em que
solicita nova busca à sede da Ferrostaal em Essen, lembra os 105
depósitos bancários do CDS, as funções políticas de Portas à data e o
facto de os contratos dos submarinos e contrapartidas terem sido
"negociados, decididos e assinados por si".
Fontes citadas pela
Lusa afirmam que é a "terceira vez, nos últimos sete anos, que o líder
do PP solicita esclarecimentos ao Ministério Público e a resposta é a
mesma".
"Muito nervoso" em 2009
Os documentos ora
tornados públicos revelam também que, em finais de Setembro de 2009, a
acusação do Ministério Público por burla qualificada e falsificação de
documentos de sete gestores portugueses e três alemães no âmbito das
contrapartidas dos submarinos resultaram numa avalanche de notícias
sobre o negócio da aquisição dos dois submergíveis que deixaram o
ex-ministro da Defesa Paulo Portas "muito nervoso".
É pelo menos
isso que diz Pedro Brandão Rodrigues, ex-presidente da Comissão
Permanente de Contrapartidas (CPC), a 13 de Outubro de 2009, numa
conversa com um amigo. "O maluco do Portas anda-me a telefonar de
telefones fixos e coisas do género", lê-se na transcrição de uma escuta.
E acrescenta: "Ele anda muito nervoso com isto." Brandão Rodrigues, que
estava a ser ouvido pelos investigadores, diz que o líder do CDS-PP lhe
mandou uma mensagem a pedir que mudasse de número. Acabou, contudo, por
ser o próprio Paulo Portas a trocar o contacto de telemóvel e a pedir
vários encontros presenciais com o antigo responsável da CPC. Isto
depois de ter dito a Brandão Rodrigues que ambos podiam estar sob
escuta. A 7 de Outubro, após ter ouvido um sinal estranho no telefone,
Portas diz ao ex-presidente da CPC: "Agora é que percebi que você está
mesmo sob escuta. Ou você ou eu ou os dois."
De facto, apenas
Brandão Rodrigues, o antigo secretário-geral da Defesa Bernardo Carnall e
o consultor Fernando Geraldes estiveram a ser escutados. Portas foi
apanhado por conversar com o primeiro.
Quem foi determinanteO Ministério Público
identificou 13 pessoas e quatro entidades como "intervenientes com
papel relevante, se não mesmo determinante, na forma como foram
negociados e adjudicados os contratos de aquisição e de contrapartidas"
dos submarinos, afirma numa das cartas rogatórias de Maio de 2011.
O
primeiro da lista é Paulo Portas, como ministro de Estado e da Defesa
entre 2002 e 2005. Depois, dominam os militares e os gestores, mas
também tem quadros públicos e um cônsul. Os nomes: coronel Fernando
Serafino, contra-almirante Luís Caravana, Bernardo Carnall, Pedro
Brandão Rodrigues, Gil Corrêa Figueira, Juergen Adolf, almirante Manuel
Martins Guerreiro, Fernando Geraldes, Helder Bataglia, Luís Horta e
Costa, Pedro Ferreira Neto e Miguel Horta e Costa. As quatro entidades: a
sociedade de advogados Sérvulo Correia e as alemãs MPC, Mare e Astor.
* Esta "história" continua muito mal contada, tal como a dos pedófilos à solta e os vários "isaltinos" e "limas" deste país.
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