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Coimbra avança com colheita de fígado
em dadores vivos
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vai retomar no próximo ano a colheita de fígado em dadores vivos para transplante, assumindo uma especialidade que atualmente não é praticada em Portugal, revelou o presidente daquela unidade.
"Queremos
reiniciar tão breve quanto possível os transplantes de dador vivo.
Queremos também aumentar a complexidade do transplante", afirmou José
Martins Nunes, que aludiu ao assunto a propósito da passagem dos
primeiros seis meses da retoma no CHUC do programa nacional de
transplantes hepáticos pediátricos.
O presidente do Conselho de
Administração daquele centro hospitalar, considerado o maior da
Península Ibérica, estima que dentro de seis meses possa ser realizada a
colheita de fígado em dadores vivos.
Em Portugal a colheita de
fígado em dadores vivos para transplante foi realizada nos Hospitais da
Universidade de Coimbra (HUC), unidade que integra o CHUC, até aos
finais da última década por Linhares Furtado e apenas uma vez no
Hospital Curry Cabral.
Agora esta intervenção será assumida por
Emanuel Furtado, filho de Linhares Furtado, que há seis meses assumiu o
programa nacional de transplantação hepática pediátrica e a direção da
unidade de transplantes hepáticos do CHUC, de adultos e crianças.
As
fases seguintes daquela unidade - segundo José Martins Nunes - vão no
sentido de "aumentar a complexidade do transplante, quer seja ao nível
da bipartição, quer seja com outras áreas de maior complexidade".
A
bipartição é uma técnica que permite dividir e transplantar um único
fígado em dois pacientes, o que acontece frequentemente com crianças, em
virtude de o órgão disponível ser demasiado grande para o receberem.
Atualmente a divisão do fígado já se faz, mas a parte excedente não é aproveitada
"A
parte que não é utilizada é desprezada e não é obrigatório que isto
seja assim. A outra parte também pode ser transplantada noutro doente, o
que implica é que a equipa seja praticamente o dobro. Isso exige outro
tipo de condições. É um patamar ainda mais acima" do que a colheita em
vivos, sublinha o cirurgião Emanuel Furtado.
A capacidade de
duplicação da equipa para atuar numa intervenção não programada poderá
conseguir-se em breve por via da formação especializada de médicos, que
está a ser feita no estrangeiro e em Portugal.
José Martins Nunes
revelou que o CHUC, por si e na rede que coordena na Região Centro,
lidera a colheita nacional de órgãos, que resulta "fundamentalmente do
empenhamento dos profissionais, da organização e da cultura".
Segundo
dados da Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplantação, no
período de janeiro a maio do corrente ano a Região Centro conseguiu
aumentar a colheita em oito por cento quando as outras regiões baixaram
os níveis de doação. A Região Norte registou menos 31 por cento de
dadores e a Região Sul menos 24 por cento, em comparação com igual
período do ano de 2011.
* A ciência portuguesa na vanguarda do desenvolvimento.
O governo português situa-se atrás da retaguarda do subdesenvolvimento.
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