.
HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
"CORREIO DA MANHÃ"
Prisões: Há reclusos mal alimentados
O embrionário Movimento Nacional das Famílias e Amigos dos
Reclusos (MNFAR) afirmou esta quarta-feira que há reclusos mal
alimentados em algumas cadeias e exigiu que seja revogada a proibição
dos familiares lhes levarem mais do que um quilo de mantimentos.
"Antes, conseguia-se levar duas sacas de comida, o
que dava um certo conforto aos reclusos. Agora, apenas podem levar um
quilo por semana, o que dá quatro laranjas ou meio frango", queixou-se a
mentora do movimento, Susana Martins Araújo.
Em
declarações à agência Lusa, a responsável associativa afirmou que a
alimentação fornecida pelos estabelecimentos prisionais é "pobre e pouco
variada", acrescentando que o jantar é dado "à hora do lanche",
deixando os reclusos muitas horas sem comer.
"É
certo que estão a cumprir um castigo, mas isto é desumano", observou
Susana Martins Araújo, que se queixou igualmente da dificuldade que
muitos reclusos enfrentam para "um simples banho de água quente".
Lembrando
que um recluso custa 40 euros diários ao Estado, Susana Martins Araújo
considerou que Portugal "exagera" no recurso à prisão e apontou
alternativas pouco usadas, como a prisão domiciliária, com pulseira
electrónica, ou o serviço comunitário.
Na
esteira de críticas produzidas esta semana por 174 reclusos de Paços de
Ferreira, defendeu também que se dotem os tribunais de execução de
penas com mais meios humanos, técnicos e financeiros.
"Os
tribunais de execução de penas e os conselhos técnicos dos
estabelecimentos prisionais não funcionam a tempo útil, ou seja, não
cumprem a lei", critica.
Por isso,
"existem milhares de reclusos esquecidos quanto à matéria de
flexibilização, preparação para a liberdade e liberdades condicionais",
afirma a responsável pelo movimento, sublinhando que a lei "tem de ser
cumprida com rigor e justiça, na igualdade do tratamento e
funcionamento".
A MNFAR deverá ser
apresentada publicamente no final da próxima semana, em Santo Tirso, e
tenciona promover um "grande, aberto e sério debate" sobre o sistema
prisional português, avançou a dirigente.
Para
expor os seus pontos de vista, o movimento vai pedir, em Setembro,
reuniões com o Governo, a Assembleia da República, Conferencia Episcopal
Portuguesa, Ordem dos Advogados e Amnistia
* Quem ganha com prisões mal geridas, alguém ganha, de certeza.
Sem comentários:
Enviar um comentário