19/06/2012

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  HOJE NO
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Mestrados
Há cada vez mais aprendizes 
a chegar a mestre 
Os mestrados impuseram-se como ferramenta quase indispensável para singrar 

Já estão abertas as candidaturas aos mestrados e Portugal continua a capitalizar com esta febre, desde que o Tratado de Bolonha veio reorganizar, em 2006, o sistema de ensino superior nacional. 
O PERFIL DO (A)MESTRADO

Se já se tornou frequente ver mestrados de instituições portuguesas em rankings de publicações estrangeiras, não deixa de ser notícia cada vez que surge mais um. Desta vez a honra coube ao Mestrado em Finanças da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), da Universidade Nova de Lisboa, que no ranking do prestigiado “Financial Times” ficou classificado no 21.o lugar, tendo subido oito lugares em relação à classificação obtida o ano passado. 

A palavra “mestrado” deixou de ser elitista na engrenagem do ensino superior. Antes era um patamar apenas almejado pelos que pretendiam seguir a via académica, mas hoje os mestrados equivalem à formação necessária, indispensável nalguns casos, para seguir com sucesso na luta pelo mercado de trabalho, em que a oferta de emprego diminui ao mesmo tempo que aumentam as qualificações dos que o procuram. A razão para tal prende-se, em grande parte, com a aplicação do Tratado de Bolonha. 
A ESCALADA DA IGNORÂNCIA

Com efeitos a partir de 2006, esta reorganização dos cursos do ensino superior favoreceu a aposta nos mestrados e os números não deixam grande margem para dúvidas: segundo dados agregados do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, entre os anos lectivos de 2006/07 e de 2009/10 as inscrições no segundo ciclo de Bolonha (mestrados) aumentaram 286% – os estudantes em regime de mestrado passaram de 11,6 mil para quase 45 mil. Mas não é só Bolonha a ficar com os louros. A mudança de mentalidades entretanto operada levou a que muitos dos recém-licenciados passem a optar por um mestrado ou outro curso de pós-graduação quando não conseguem arranjar emprego. Isto torna-se um pau de dois bicos, já que, se por um lado aumenta a formação, por outro adia a entrada no mercado de trabalho, facto que nem todos os empregadores encaram da melhor forma. 
UM EXEMPLAR DE MESTRE

O procedimento mais recomendado é tirar a licenciatura, arranjar emprego e só depois, com experiência profissional, escolher a pós-graduação que melhor se adapta ao percurso profissional desejado. E como tudo em gestão deve ser visto como uma oportunidade, até já são propostos seminários onde se ensina a convencer a entidade patronal a deixar-nos apostar na formação. 
 É o caso do The Lisbon MBA, das universidades Católica e Nova de Lisboa, que hoje promove um seminário sobre o assunto. De acordo com o comunicado, “a directora executiva do The Lisbon MBA, Belén de Vicente, vai ensinar truques, dicas e os passos adequados para convencer a organização onde trabalha e o seu superior hierárquico a patrocinar a sua formação e a dispensar-lhe o tempo necessário para os seus estudos, sem colocar em risco o seu posto de trabalho”. 

A oferta é variada e à medida de quase todas as bolsas. Segundo os dados do ano passado, o preço de um mestrado ia dos 998 euros aos 13 500 euros. A Universidade de Aveiro é das que pratica preços mais baixos. Para este ano, as apostas daquela instituição passam por mestrados como Toxicologia e Ecotoxicologia, Biologia Marinha e Ecologia, “cujos trabalhos de investigação estão em grande expansão na Universidade de Aveiro”, diz a reitoria. 
DISTINTO MESTRE

Os valores mais elevados para mestrados cabem a instituições como a Católica Lisbon School of Business & Economics, que em 2011 praticou preços entre os 7 800 e os 13 500 euros. Para os que optam pelo mestrado como continuação dos estudos, pode haver vantagens, como por exemplo certificar as cadeiras tiradas na licenciatura para obter equivalências no mestrado, o que permite em muitos casos baixar a duração do mestrado de dos para um ano. Com esta medida de valores, é natural que os interessados precisem de financiamento, facto encarado naturalmente pelas instituições de crédito que beneficiam até os melhores alunos, que vêem o seu spread baixar. Santander-Totta, BPI, Caixa Geral de Depósitos, BES e Millenium BCP dispõem de produtos específicos, onde por norma o financiamento mínimo é de cinco mil euros por cada ano de estudo. 

* Há uns anos atrás um Mestre era um licenciado que depois de muitos anos de trabalho e mais maduro, desejava possuir um grau académico que distinguisse a qualidade do seu trabalho. Agora não, ainda está a descartar os cueiros da licenciatura e eis que o jovem putativo mestre se embrenha atrás dum título para o qual ainda nada buliu e provou. Portugal vai ter Mestres da ignorância com fartura, para um outro não menos ignorantemente mas expedito  Mestre os pensar em exportar como se fossem gado.


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