20/05/2012

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FREIXO DE ESPADA
 À CINTA
DISTRITO DE BRAGANÇA



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Freixo de Espada à Cinta é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e sub-região do Douro, com cerca de 2 100 habitantes. É sede de um município com 244,49 km² de área e 3 780 habitantes (2011), subdividido em 6 freguesias.

O município é limitado a norte pelo município de Mogadouro, a leste e sul pela Espanha (especificamente nos municípios de Mieza, Vilvestre, Saucelle, Hinojosa de Douro, e A Fregeneda), a sudoeste por Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa e a oeste e noroeste por Torre de Moncorvo. 

* O poeta e político Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta a 17 de Setembro de 1850. 

* Manuel Maria Sarmento Rodrigues nasceu em Freixo de Espada à Cinta à 15 de Junho de 1899 foi um oficial de Marinha de Guerra Portuguesa, administrador colonial e professor de grande nomeada. 

HISTÓRIA  
A origem da Vila de Freixo de Espada à Cinta perde-se nas brumas dos tempos estando a sua fundação e toponímia encobertas pela nebelina que sempre envolvem as lendas. Todavia vários historiadores afirmam que os Narbassos, povo ibérico pré-romano mencionado por Ptolomeu, habitavam toda esta zona da Península, pressupondo-se assim a existência desta povoação anterior à fundação do Reino de Portugal. 
VISTA AÉREA

Ao longo dos séculos muitos acontecimentos históricos ocorreram neste concelho como por exemplo, a guerra que D. Afonso II sustentou com suas irmãs protegidas de Afonso IX de Leão e como consequência foi esta terra tomada e saqueada em 1211 pelas forças leonesas. 

Gentílico Freixiense, freixenista, freixonista e freixonita.
Área 244,49 km²
População 3 780 hab. (2011[1])
Densidade populacional 15,46 hab./km²
N.º de freguesias 6
Presidente da
Câmara Municipal
Não disponível
Fundação do município
(ou foral)
1152
Região (NUTS II) Norte
Sub-região (NUTS III) Douro
Distrito Bragança
Antiga província Trás-os-Montes
e Alto Douro
Orago São Pedro
Feriado municipal Segunda-feira subsequente ao Domingo de Páscoa
Código postal 5180
Endereço dos
Paços do Concelho
http://www.cm-freixoespadacinta.pt/
Sítio oficial Não disponível
Endereço de
correio electrónico
Não disponível

Mais tarde, em 1236 no reinado de D. Sancho II, veio pôr-lhe cerco o Infante D. Afonso filho de Fernando III de Castela, mas desta vez os habitantes de Freixo defenderam-se com grande valentia conseguindo romper o cerco vendo-se os castelhanos obrigados a levantar o cerco e bater em retirada. 
TORRE DO GAIO

Como recompensa de tal feito o monarca português concedeu-lhe a categoria de Vila em 1240. Pouco depois, a 27 de Março de 1248 D. Afonso III confirmou o foral outorgado pelo nosso primeiro monarca e todos os privilégios da vila, concedendo-lhe ele próprio um novo diploma foralengo em 20 de Janeiro de 1273. 

O concelho de Freixo entendendo que a realização de uma feira ajudaria a um maior povoamento e como consequência a ter mais homens para a sua defesa, pediu a D. Dinis que lhe outorgasse carta de feira, o que foi concedido a 9 de Março de 1307, autorizando a sua realização “oito dias andados de cada mês” com a duração de um dia. 
 Salientemos que esta Vila tinha voto em Cortes, com assento no banco nº 10. Continuando o seu desenvolvimento como burgo, em 1342 os seus habitantes pedem a D. Afonso IV que lhes fosse concedido o uso da Terça da Igreja a fim de concluírem as muralhas da vila, ao que o rei respondeu afirmativamente. 
 Ainda com estes meios se começou a construir a actual Igreja Matriz, cuja edificação só ficou concluída em pleno reinado de D. João IV. D. Afonso V manteve a Terça no concelho, mas doou todos os outros direitos reais a Vasco Fernandes Sampaio, primeiro donatário desta vila, permanecendo em poder desta família durante séculos, até que a lei de 19 de Julho de 1790 acabou com as donatarias.

 D. Manuel outorga foral novo a Freixo em 1 de Outubro de 1512. Esta vila ainda viria a sofrer durante muito tempo a “Guerra de Fronteira”, nomeadamente entre 1580 e 1640. As pilhagens e destruição de Lagoaça e Fornos em 1644, são disso exemplo. 

 Em 1896 o concelho de Freixo de Espada à Cinta é suprimido e anexado a Torre de Moncorvo, mas a sua população denotando mais uma vez uma resistência e capacidade de luta fora do comum, conseguiu a 13 de Janeiro de 1898 restaurar o foro municipal. 
CÂMARA MUNICIPAL

Do exposto neste resumo verifica-se que Freixo é uma vila cheia de História podendo ser usufruída pelo visitante com enorme satisfação, que ao percorrer as suas ruas cheias de portadas e janelas manuelinas, as antigas muralhas e torre ainda medievais, ao visitar a Igreja, ao passear pela Encruzilhada, pela Rua das Flores, pelo Vale, pelo Castanheiro ou pelo Outeiro, desfrutará com certeza de um prazer sem comparação.

CRONOLOGIA
 DATA
ACONTECIMENTO
1155/57
Foral outorgado por D. Afonso Henriques, onde já estava incluído Mazouco.
1211
Freixo é saqueada pelos Leoneses.
1240
D. Sancho II eleva Freixo à categoria de Vila.
1248
D. Afonso III confirma o foral e os privilégios de Freixo.
1258
Inquirições de D. Afonso III a esta Vila.
1273
D. Afonso III concede outro foral a Freixo.
1286
D. Dinis outorga carta de foral a Lagoaça.
1297
Assinatura do Tratado de Alcanizes entre D. Dinis e D. Fernando de Castela para se definirem mais nitidamente as linhas divisórias de fronteira.
1307
D. Dinis concede carta de feira a Freixo de Espada à Cinta.
1342
D. Afonso IV autoriza que a Terça da Igreja seja dada ao concelho para conclusão das muralhas do castelo.
1383
Freixo de Espada à Cinta é a primeira terra do actual distrito de Bragança a apoiar o D. João, Mestre de Avis, à pretenção do trono português.
1512
D. Manuel outorga Foral Novo a Freixo de Espada à Cinta.
1580
A 16 de Dezembro tomada de posse da Vila e concelho de Freixo pelo representante do Rei de Espanha.
1644
Pilhagens de Fornos e Lagoaça pelas tropas tropas castelhanas.
1673
A 10 de Setembro chegaram a Freixo os Irmãos da Ordem do Oratório, onde edificaram o Convento de S. Filipe Nery, que foi o segundo desta ordem a ser construído no País.
1786
A 18 de Agosto o Juíz de Fora de Freixo de Espada à Cinta institui prémios a fim de tentar restabelecer os três ramos da agricultura que aqui se achavam em decadência: o cultivo da oliveira, da amoreira e a produção de seda.
1792
O Douro torna-se navegável até Barca de Alva.
1827
Os povos de Lagoaça, Fornos e Mazouco são diariamente visitados pelos rebeldes das lutas liberais que se refugiaram em Espanha.
1832
 A 26 de Julho Freixo faz juramento de fidelidade a D. Miguel.
1854/55
Surto de colera-morbus no concelho, especialmente em Lagoaça.
1867
Lagoaça torna-se sede de Paróquia Civil incluindo as paróquias eclesiásticas de Fornos, Carviçais, Estevais (de Mogadouro), Castelo Branco, Vilarinho dos Galegos e Bruçó.
1867
A Junta Geral do Distrito de Bragança celebra um contrato com Manuel Guerra Tenreiro, proprietário em Freixo de Espada à Cinta, para o fornecimento de 180 mil pés de amoreiras às diferentes câmaras do distrito.
1868
Na revolução da “Janeirinha” é assaltada e queimada a antiga casa da Câmara de arquitectura medieval. Ficou irremediavelmente perdido para sempre um importante legado histórico e documental.
1896
O concelho de Freixo é suprimido e anexado a Moncorvo.
1898
 A 13 de Janeiro é restaurado o concelho de Freixo de Espada à Cinta.
1902/05
Criação do Sindicato Agrícola de Freixo de Espada-à-Cinta.
1911
A 17 de Setembro é inaugurada a linha de caminho de ferro entre o Pocinho e Carviçais.
1927
A 6 de Julho é autorizada a abertura do troço de via férrea entre Carviçais e Lagoaç
1928
São proibidas pelo Bispo de Bragança as muito concorridas e típicas loas (misto de prece e elogio satírico religioso) ao Santo António.
  
COMO CHEGAR
Como chegar a Freixo de Espada à Cinta ?
    
Para quem vem de Norte - Bragança:
Sair de Bragança pelo IP4 para Norte em direcção a Quintanilha (Espanha), ao 17Km  sair em direcção a Argoselo pela N218. Seguir pela N218 até Vimioso. Sair de Vimioso em direcção a Mogadouro pela N219. Em Mogadouro sair e seguir até Freixo de Espada à Cinta pela N221.

Para quem vem do Litoral - Porto:
Sair do Porto pela A4 em direcção a Amarante, continuar pelo IP4 e sair em direcção a Mirandela pela N15. Em Mirandela sair em direcção a Vila Flor pela N213. Continuar e á saida de Vila Flor seguir pela M608 até Sampaio, ai apanhar a N102 (IP2) em direcção a Torre de Moncorvo. Em Torre de Moncorvo seguir para Norte pela 220 até cruzamento com a N221 que segue para Freixo de Espada à Cinta.
      
Para quem vem do Litoral - Lisboa:
Sair de Lisboa pela A1, para sair na saida 7 em direçcão Torres Novas/Abrantes pela A23. Seguir a A23 até á Guarda. Na Guarda seguir em direcção a Vilar Formoso/Espanha pela A25. Sair na saida 32 em direcção a Almeida/Figueira de Castelo Rodrigo pela N324. A 7 Km ter em atenção novo cruzamento e virar à direita em direcção a Almeida/Figueira de Castelo Rodrigo pela N340. Em Almeida seguir em direcção a Figueira de Castelo Rodrigo pela N332. Passar Figueira e seguir pela N221 em direcção a Freixo de Espada à Cinta, com passagem por Escalhão e Barca D´Alva.
      
Para quem vem do Sul - Portalegre:
Sair de Évora pelo IP2 em direcção a Estremoz/Portalegre continuando pelo IP2 até á A23. Seguir pela A23 em direcção a Castelo Branco/Espanha até á Guarda. Depois seguir em direcção a Vilar Formoso/Espanha pela A25. Sair na saida 32 em direcção a Almeida/Figueira de Castelo Rodrigo pela N324. A 7 Km ter em atenção novo cruzamento e virar à direita em direcção a Almeida/Figueira de Castelo Rodrigo pela N340. Em Almeida seguir em direcção a Figueira de Castelo Rodrigo pela N332. Passar Figueira e seguir pela N221 em direcção a Freixo de Espada à Cinta, com passagem por Escalhão e Barca D´Alva.      

Para quem vem de Autocarro:
Serviço de autocarro expresso de Lisboa - Freixo Esp. Cinta
08h00  Segunda a sexta-feira (excepto feriados)
19h00  Sexta-feira (e no dia anterior aos feriados quando coincidentes com quinta e sexta-feira)

Serviço de autocarro expresso de Porto - Freixo Esp. Cinta
15h30  Segunda a sexta-feira
18h00  Sexta-feira (ou quinta-feira, se feriado)

Para quem vem de Comboio:
Apesar de Freixo de Espada à Cinta não possuir estação de caminhos-de-ferro, para chegar a Freixo de comboio tem de usar a linha do Douro (Porto/Régua/Pocinho). Chegados ao Pocinho ficam a faltar 50 km até Freixo de Espada à Cinta, ligação que é efectuada por serviço complementar de autocarro. 

CULTURA 

Lendas e Tradições 
O RIO DOURO
Terra antiga de séculos, Freixo de Espada à Cinta é rico em histórias que os mais velhos contam com gosto nas noites longas e gélidas do Inverno, aquecidas por uma boa lareira, e que consagradas pela perseverança das gentes freixenistas se passam de geração em geração. Hábitos e contos, costumes e festas tradicionais, é o que aqui deixamos: 

Origem do nome de Freixo de Espada à Cinta  
São muitas as versões e as lendas sobre a origem do topónimo Freixo de Espada à Cinta. De todas elas se deduz algo em comum: uma Espada na Cinta de um Freixo. Não há dúvida de que a palavra Freixo é a designação de uma árvore, que deriva da palavra latina “Fraxinus”, e quanto ao resto entramos no domínio das lendas e do fantástico que à força de se repetirem durante tanto tempo guardamo-las como verdades quase indesmentíveis. São as seguintes versões que de alguma forma tentam explicar a origem deste topónimo: Uma das lendas reza que esta vila foi fundada por um fidalgo de apelido “Feijão”, falecido em 977, primo de S. Rosendo, e como por armas no seu brasão figurariam um freixo com uma espada cintada, a vila tomou daí o seu nome. 

Outra refere ter sido um nobre godo chamado «Espadacinta» que após uma batalha com os árabes nas margens do Douro e chegado a este lugar se sentou a descansar à sombra de um enorme freixo, onde pendurou a sua espada, perpetuando-se o nome à povoação que um pouco mais tarde se começou a formar: Freixo de Espadacinta. Dizem ainda que El Rei D. Dinis, estando muito fatigado das guerras que mantinha com o seu filho bastardo, Afonso Sanches, e de passagem por esta terra se deitou a descansar à sombra de um freixo, onde cravou o seu cinturão com a majestosa espada. Adormecendo e embalado pela brisa suave que batia nas folhas da possante árvore sonhou que o espírito do freixo lhe traçava as directrizes mais sábias e correctas para o futuro do reino de Portugal. 
Quando o rei acordou deste revigorante descanso, decretou que a vila se passasse a chamar Freixo de Espada à Cinta. O que é certo é que ainda hoje junto à Igreja Matriz e torre heptagonal que nos ficou do extinto castelo medieval, existe um velho freixo venerado e estimado pelo povo, por o considerar o mesmo destas lendas. 

Sete Passos 
Procissão pagã que representa a encomendação das almas (cerimónia característica em diversas localidades transmontanas), de origem medieval e que sobreviveu até aos nossos dias, passando de geração em geração. É um ritual inédito praticando-se apenas em Freixo de Espada à Cinta nos moldes que se passam a descrever. 
Realiza-se nas sete sextas-feiras que vão do Carnaval à Páscoa (Quaresma), a partir da meia noite com a total ausência de luz eléctrica nas ruas. A encenação tem início na Praça Jorge Álvares em frente á Igreja Matriz, e segue um percurso em jeito de procissão pelas ruas da vila. Inicialmente, dois homens irreconhecíveis porque encapuchados de negro, ao soar da meia noite lançam com força nas lajes da granito umas lares (diversos ferros unidos a uma corrente) arrastando-os em seguida a compasso certo sete vezes, provocando desta forma um barulho estridente e medonho. De seguida um outro igualmente vestido de preto e também irreconhecível caminha muito lentamente vergado sobre si mesmo, é a chamada «Velhinha». Numa mão transporta uma lamparina acesa e na outra uma vara em que se apoia, trazendo também consigo uma bota de vinho que serve para dar de beber aos populares que se ajoelhem perante ele e solicitem respeitosamente o sangue de Cristo. Por último em todos os cruzeiros da vila, um grupo de cantadores entoa cânticos em latim e português alusivos à morte de Cristo onde algumas vozes mais graves rasgam a noite e unidas à fria escuridão completam um cenário de cólera deveras bizarro e sombrio, característico dos ambientes medievais que provavelmente se viviam em Freixo de Espada à Cinta em tempos idos. 

Procissão dos Passos 
Realizada na Sexta Feira Santa, é uma procissão que vai da Igreja da Misericórdia até à Igreja Matriz, e tendo como curiosidade de o percurso ter uma distância inferior a 100 metros e uma durabilidade de cerca de duas horas. 

Rebentar do Judas 
No Domingo de Páscoa, a meio do percurso da procissão que percorre as ruas da vila, um boneco de palha do tamanho de um homem, representando a figura de Judas vestido, encontra-se pendurado a uma árvore e com explosivos no seu interior. Quando a procissão passa por este local, o rastilho é aceso e o boneco explode desfazendo-se em mil pedaços para alegria da população que simbolicamente vê Cristo vingado. Estas cerimónias não teriam grande efeito dramático se não fossem realizadas entre edifícios seculares e cheios de história e nas ruas típicas existentes na parte antiga da vila, com as suas reminiscências manuelinas. 

Enterro do Entrudo 
No Carnaval, é curioso o ritual pagão que se realiza há séculos. 
Trata-se do «Enterro do Entrudo» que encerra os festejos carnavalescos e um período de folia extravasando todas as tensões e energias, mas ao mesmo tempo prepara o espírito para o sossego da Quaresma que se aproxima. Na noite de Terça feira de Carnaval, a rapaziada corre em cortejo as principais ruas da vila, levando numa padiola um defunto fictício e nas mãos os fachuqueiros ou “chafusqueiros” ( pedaços de palha de centeio atados para que não queimem depressa demais) a arder, que iluminam a noite fria. Transportam também chocalhos, latos velhos, penicos e ao percorrerem durante a noite as ruas fazem um funeral simbólico e num barulho ensurdecedor canta-se “ Ó meu Entrudo, Cabeça de Burro, Roubaste-me a Chicha e Deixaste-me os Ossos!!!”. Outros jovens transportam baldes de farinha que lançam aos curiosos que lhes aparecem ao caminho ou assomam às janelas. 

Lenda de Poiares e Ligares 
Segundo a lenda, a populosa povoação de Santo Estevão ficava à beira do Douro raiano, mesmo junto da margem direita, próximo da Malhadinha. 
Frequentemente talados e saqueados pelos povos da outra margem, resolvem alguns habitantes abandonar o local e ir «poisar» lá no alto, mais afastados e seguros, originando-se assim o topónimo da aldeia de Poiares. Os restantes santestevenses, em contínuo desassossego, abandonam também o seu burgo. – Vamos «ligar-nos» aos outros, disseram. E originou-se Ligares. Se a lenda tem ou não fundamento não se sabe, mas está provado que existiu uma povoação no sítio da Malhadinha, onde se têm encontrado diversos vestigios de povoamento antigo e as ruínas de uma capela dedicada a Santo Estevão. 

Lenda de Lagoaça 
Era uma serpente descomunal e ferocíssima, conhecida por todos pelo nome de «Lagóia», que habitava uma caverna para os lados do Vale de Santa Marinha. Quando a fome apertava ou por qualquer outro motivo despertava do seu torpor, a Lagóia saía do seu esconderijo e ai da criança ou adulto que lhe estivesse ao alcance. 
Fez tantas vitimas ao longo dos tempos que as gentes viviam aterrorizadas, as montarias para a sua captura nunca davam resultado porque o ofídio escapava sempre, até que conseguem enfrentar o terrível réptil sem recuos e todos armados de instrumentos cortantes liquidam este malvado bicho, voltando desta forma a paz e a serenidade a esta terra. Lagóia, por evolução fonética, originaria o topónimo actual de Lagoaça. 

Lenda do Ferronho e dos Castelares 
Diz a lenda que no sítio do Castelo Ferronho e nos Castelares existem panelas de ouro, de prata e de peste, enterradas no local onde primeiro bate o sol ao raiar da manhã de S. Miguel. Ninguém se atreve a revolver a terra, dado que morre «meio-mundo», se chegam a descobrir-se. Conta-se que um sonhador de tesouros, um tal Albano, após três noites visionárias, se pôs a escavar intensamente em determinada e certa direcção. 
Quando as suas escavações o conduzem até próximo das panelas, ouviu ruídos infernais e uma voz cavernosa e terrificante diz-lhe: « Pára imediatamente, nem mais uma cavadela. Se chegas à nossa vista morrerás fulminado, tu e meio mundo, com a onda de peste que rebentará como um vulcão.» Aturdido e amedrontado alterou-se-lhe o ritmo da respiração, sacudiram-no imagens lúgubres, ensanguentadas, medonhas. Com os cabelos em pé, tremuras por todo o corpo e suores frios, fugiu a sete pés e teve morte a curto prazo mergulhado em loucura. Até aos nossos dias não houve quem mais tentasse esta ousadia. 

O Castelo Ferronho e os Castelares eram atalaias ou esculcas do castelo principal que existia em Freixo. No Ferronho, que vigiava o poente, e a que já o foral outorgado a Freixo por D. Afonso Henriques se referia designando-o por “Ferronium”, ainda hoje se podem observar vestígios de muralhas. 

Lenda do Tesouro de Mènones 
Esta designação é corruptela de Men Nunes. Conta-se que um alfacinha, após as proverbiais três noites de sonhos coincidentes, se deslocou a Freixo, encontrando na Fonte de Mènones um tesouro, constituído por um menino de ouro maciço. Lá se verifica, ainda hoje, no seu interior o gaveto resultante duma pedra granítica remexida. Exultando com o seu achado, o lisboeta deixou na fonte a seguinte quadra: Adeus fonte de Men Nunes, Quem te dever que te pague, Que eu dentro de ti achei O valor de uma cidade. A narração informa ainda que alguém, passado bastante tempo, lá encontrou coberta com musgos, uma considerável bola de ouro. 

Lenda do Xido 
Este topónimo da freguesia de Mazouco é pronúncia corrupta de Santo Isidro. 
GRAVURAS RUPESTRES
 Crê o povo que é milagrosa a água abundante que brota da nascente do Xido nos anos mais secos, em estios prolongados, cessando totalmente o manancial, ao contrário, em anos de copiosas chuvadas e rigorosos invernos. É pois crença dos habitantes que o ano será farto, se a fonte não deitar água, e estéril, se jorrar muita. 

JOGOS POPULARES 

Jogo da Raiola 
 É um jogo praticado única e exclusivamente por elementos do sexo masculino de qualquer idade e estrato social normalmente ao final da tarde e aos Domingos. Além de servir como excelente passatempo, é mais um pretexto para confraternização entre amigos, uma vez que a equipa vencida é sempre obrigada a pagar as bebidas aos vencedores. Para que este jogo decorra são necessários um espaço térreo e uma moeda de vintém por jogador. 
 Na terra marca-se a “Raia”, as “Queimas” e o “Recto”, sendo que o afastamento ou a aproximação do recto em relação à raia terá de ficar compreendido sempre entre os 1,5m e os 9m. O recto é defenido pelo jogador ou equipa que está a em inferioridade pontual. O jogo consta de 30 tentos, 15 boas e 15 más, podendo uma equipa ganhar 1,2,3,6,9,12 e 15 tentos, ou até todo o jogo duma só jogada, conforme a disputa dos jogadores, ganhando quem conseguir pôr a moeda na raia ou o mais próximo dela. Se alguma dúvida subsiste sobre este desiderato, ou se medem as distâncias com uma qualquer palha ou se “varre” o jogo, iniciando-o de novo. Como não há árbitro podem por vezes surgir discussões, prontamente sanadas pela intervenção dos mais atentos. Actualmente joga-se à taça de vinho ou à cerveja que se bebe no café mais próximo, mas em tempos não muito distantes jogava-se a “copos” bebidos nas típicas e desaparecidas tabernas. Bebiam todos e pagavam os vencidos. 

Jogo da pelota
É talvez uma reminiscência da pelota basca, uma vez que as regras são práticamente as mesmas, desconhecendo-se por completo em que data se começou a jogar em Freixo. O local escolhido para a sua prática é por norma o adro sul da Igreja Matriz que pelas suas condições ideais, uma parede bastante alta, larga e lisa, proporciona um campo de eleição onde a pelota ganha uma velocidade e efeitos incríveis, resultantes dos fortes ricochetes. 

 O jogo tem a participação única e exclusiva de homens, desenrolando-se no decurso de 20 tentos (dez bons e dez maus). Perde um tento a favor do adversário quem não conseguir atirar a pelota acima da Limbia (linha marcada a cerca de 1,5m do chão do adro). Uma vez que a pelota tem obrigatoriamente de ser batida com a mão aberta, é uma forma inteligente e eficiente para aquecer as mãos nas tardes ociosas e geladas do Inverno. Salientemos que a bola da pelota é feita recorrendo a materiais locais. Primeiro faz-se uma esfera de goma maciça que depois é envolvida em baetas apertadas com linha de algodão ou lã. Em seguida leva uma capa de cabedal fino (é coirada) a toda a volta, medindo no final desta operação cerca de 7cm de diâmetro. Antigamente ainda se jogava a dinheiro, casando uma coroa cada jogador, mas como actualmente isso deixou de ter significado, joga-se só por desporto ou para ajudar a passar o tempo. Existe ainda um léxico muito próprio do qual são exemplo as seguintes expressões: “Limbia; saia; fora da saia; meio jogo; sacar; saque torcido; pelota brava; pelota mansa”. 

Jogo do pião
Praticado intensamente pelos rapazes durante a primeira metade deste século, o jogo do pião volta a surgir um pouco por todo o País, sobretudo nos meios mais rurais e nos recreios das escolas. O jogo do pião pode ser encarado como um mero passatempo onde o pião é lançado para o chão com a única finalidade de o por a girar o mais tempo possível quer no chão ou então na palma da mão. 
Pode ser jogado como competição, e ai existem dois modos de jogar ao pião: No primeiro o objectivo do jogo é lançar o pião de forma a que gire no chão durante algum tempo arredando para fora do círculo (área de jogo) o pião dos adversários que lá tiverem ficado e simultaneamente saindo também para continuar em jogo. Depois da 1ª rodada de lançamentos, começará o jogo, tendo como objectivo deitar fora do círculo, os piões lá deixados. No segundo o objectivo é lançar o pião de modo a que este gire mais tempo que o dos adversários. Pode ser jogado por uma ou mais pessoas bastando para isso cada uma delas ter um pião e uma baraça (cordel ou linha). Para por o pião a girar, enrola-se a baraça á volta do pião no sentido do ferrão (bico) para a parte mais larga do corpo do pião, a outra ponta da baraça segura-se com a mão e lança-se o pião em sentido descendente. Esse movimento faz desenrolar a baraça , fazendo girar o pião.

NÚCLEO MUSEOLÓGICO

CASA DA CADEIA 

Casa quinhentista que serviu como prisão Municipal e conhecida ao longo de séculos como “Casa da Cadeia”. Foi feita a sua total recuperação para nela se situar um pólo museológico dividido por 4 salas: 

SALA 1 
Breve História Geológica 
A história mais remota do concelho de Freixo de Espada à Cinta está “escrita” nas diferentes rochas que encontramos nesta região. 
 Assim, se imaginarmos uma vertiginosa viagem no tempo e recuarmos até há cerca de 550 milhões de anos antes do presente, chegaremos à época em que estaria a ocorrer a deposição de areias e argilas, num mar mais ou menos profundo, que estiveram posteriormente na origem dos xistos actuais e originando os solos onde maioritariamente se encontram plantadas as famosas vinhas desta região. Arte rupestre paleolítica de ar livre. A arte rupestre paleolítica de ar livre, constitui sem dúvida o mais importante avanço no estudo da iconografia paleolítica, desde a sua autenticação nos inícios do século XX. A descoberta de três figuras zoomórficas, correspondendo a mais bem conservada a um cavalo de 62 cm gravado pela técnica de abrasão conhecido como “ cavalo de Mazouco”, o primeiro localizado em todo o continente europeu logicamente contemporâneas gravuras paleolíticas do vale do Côa (Vila Nova de Foz Côa). 

SALA 2 
A Cultura dos Berrões 
Ao longo da sua existência, o ser humano vai marcando os territórios que ocupa para viver e para morrer e, como ser pensante, vai problematizando o que o rodeia. Sala 2Uma das manifestações religiosas que está intimamente associada ao território de Freixo de Espada a Cinta é o culto que durante a Idade do Ferro e no período romano se fez ao porco. 
Denominados por “berrões” ou “verracos”, são representações escultóricas, normalmente em granito, de porcos, javalis, touros, carneiros e talvez ursos. Romanização Os efeitos da presença romana no ocidente peninsular são, naturalmente, profundos e duradouros, enquadráveis no processo de aculturação a que normalmente chamamos «Romanização». A ocupação romana do concelho de Freixo de Espada à Cinta está documentada essencialmente pelos achados epigráficos e numismáticos. 
ESTAÇÃO
Destaque especial para a estela funerária da Estação do Freixo, a do Castro de S. Paulo e dos achados numismáticos realce para o magnífico espólio numismático achado no sítio arqueológico de Santa Luzia. Podemos ainda destacar as escórias de ferro, a cerâmica grosseira, as peças de cerâmica fina, os fragmentos de vidro colorido, pesos de tear e de rede, objectos de adorno e de toillete. 

SALA 3 
Dos Forais ao Município 
A Vila de Freixo de Espada à Cinta e a Arquitectura Tardo-Medieval onde se destaca a apresentação da primeira imagem conhecida desta vila da autoria do desenhador da corte de D. Manuel, Duarte D’Armas e a colecção da evolução da moeda nacional de D. Sancho II à implantação da República. 

Saliente-se também nesta mesma sala a exposição de uma tossa de arte manuelina, as balas de canhão e uma baioneta proveniente das movimentações militares napoleónicas e dos conflitos peninsulares que se lhe seguiram. 

SALA 4 
A Evolução do Mundo Agrário 
Nesta última sala apresentamos muito sucintamente uma retrospectiva do desenvolvimento urbano, técnico e tecnológico da nossa terra. Salientemos os utensílios domésticos e as alfaias agrícolas que eram utilizados diariamente num passado não muito distante. 

CASA JUNQUEIRO 
O Nome José António Junqueiro nasceu em Ligares a 02 de Outubro de 1828 e faleceu em Freixo de Espada à Cinta a 04 de Julho de 1911. Veio muito novo para Freixo, talvez ainda adolescente, trabalhar no estabelecimento de Manuel Joaquim Guerra. Casou com uma sua filha, Ana Maria, em 1848 e deste matrimónio nasceu o poeta Abílio Manuel Guerra Junqueiro, a 15 de Setembro de 1850. Ana Maria faleceu em 1855, mas três anos depois José António casa com Francisca, irmã de Ana Maria, de quem teve cinco filhos: Amândio, Ana, Inês, Laura e Júlia. 

O Homem 
Não é só por ser pai do poeta Guerra Junqueiro. É também, principalmente, por ter sido um notável do seu tempo. Junqueiro Velho, como era conhecido, evidenciou desde muito novo qualidades de comerciante voltado para o progresso e para o futuro. 

Homem de negócios, cedo se fez notar no Porto, dentro do meio, conhecendo todos e de todos conhecido, desenvolvendo as mais diversas transacções sempre com perspicácia e actualidade. Agricultor, percebeu que o futuro não estava mais nas terras de pão e azeite, mas sim em culturas mais ricas. Assim, desenvolveu a cultura da amendoeira e, especialmente do vinho generoso, ao qual deu um grande impulso quando em momento de crise ajudou a casa Cockburn & Smithes, que posteriormente se implantou como compradora na região de Freixo. Homem de Cultura, cuidou especialmente da educação dos seus filhos. Na viragem do século visitou com eles a Grande Exposição Universal de Paris, apesar das dificuldades de transportes, enquanto outros bem mais ilustres não se afoitaram por essa Europa fora. 

A Casa 
José António Junqueiro após o casamento começou a construção de uma casa grande e de família no Largo do Vale. Entretanto foi morar para uma outra mais pequena, onde nasceu o poeta. 

Quando concluiu a casa do Largo do Vale, recebeu uma boa oferta da parte da Câmara para compra. Vendeu-a de imediato e foi morar com a mulher e filho para o Convento de S. Filipe de Nery, pertença da família. Entretanto ampliou e construiu a casa da Rua de S. Francisco, nº7, ainda hoje na posse de descendentes directos, onde agora se encontra instalado o museu que leva o seu nome.  

O Museu 
Este Museu nasceu da vontade de um grupo de freixenistas interessados no desenvolvimento cultural da sua terra. Em 1998 aperceberam-se que tinham em mãos o espaço e o material necessários para constituir um pólo museológico que poderia valorizar o património cultural de Freixo de Espada à Cinta. Meteram mãos à obra e o Museu abriu as portas ao público a 8 de Julho de 2001. O objectivo primordial deste Museu é alertar todos os que o visitam da importância e Planta do Museupreservação de tudo o que faz parte da vivência e cultura rural. Através de objectos de uso diário, no início do séc. XIX, intenta-se dar relevo à necessidade de manter bem vivas as nossas raízes rurais e de as valorizar. 

EDUCAÇÃO 
CARTA EDUCATIVA 
 "A Carta Educativa é, a nível Municipal, o instrumento de planeamento e ordenamento prospectivo de edifícios e equipamentos educativos a localizar no concelho,de acordo com as ofertas de educação e formação que seja necessário satisfazer, tendo em vista a melhor utilização dos recursos educativos, no quadro do desenvolvimento demográfico e sócio-económico de cada município”. Art.º 10.º do Decreto-lei n.º 7/2003, de 15 de Janeiro. Falar em educação é falar de um pólo catalisador de toda uma sociedade do seu quotidiano e do seu futuro. Tudo lhe está dependente. 
A promoção de um desenvolvimento sustentado passa pela aprendizagem do binómio do Saber-Fazer e Saber-Ser. A escola actual passa essencialmente em integrar o aluno como o personagem principal tanto nos domínios cognitivos como sociais e físicos. É com base nesta perspectiva que se fala em Sistema Educativo. Cabe à escola integrar em si múltiplas actividades que envolvam toda a sociedade, evocando sempre, os valores de uma participação activa tanto no domínio cívico como social. Assim, numa conjuntura de mutações constantes, tanto educativas como sociais,torna-se pertinente também, modificar a forma de planear toda uma rede escolar e educativa. Decorrente destas mutações, há um pressuposto que passa por adoptar “visão integrada e integradora da escola não só no plano interno da organização, mas também na gestão de recursos e práticas e nas relações com a Comunidade”. Assim, nestes termos e de acordo com a mesma fonte a Carta Educativa do Municipio de Freixo de Espada à Cinta tem como base os seguintes conceitos: 
1. Uma visão de escola integrada no espaço de recursos educativos Diferenciados; 
2. Uma visão prospectiva da realidade, construída a partir de potenciais cenários de desenvolvimento; 
3. Uma programação de equipamentos subordinada a princípios estratégicos assentes na diversidade de tipologias, na flexibilidade e versatilidade de soluções e na complementaridade na gestão e utilização dos recursos. 

 A Carta Educativa de Freixo de Espada à Cinta é de facto entendida como um instrumento de “planeamento e ordenamento prospectivo de edifícios e equipamentos educativos a localizar no Concelho” e que apresenta, neste momento, uma situação particular; o seu modelo esteve, já no ano 2006 / 2007, perante um reordenamento que compreendeu a transição de alguns alunos do primeiro ciclo para a escola sede do agrupamento, a reactivação da escola básica número dois e a ocupação de duas salas do Jardim de Infância. Todo este reordenamento teve como base, o reordenamento nacional do primeiro ciclo previsto pelo Ministério da Educação. Este trabalho de reordenamento irá ser concluído com o terminus da Escola básica Adães Bermudes que irá concentrar todos os alunos do 1º Ciclo. Esta nova valência irá, de sobremaneira, melhorar as condições destes alunos, visto que irão ter à sua disposição um maior conforto que lhes irá permitir olhar para um futuro com os olhos postos nas novas tecnologias, utilizando salas de Tecnologias da Informação e Comunicação e também percepcionar em formato de papel, ao vivo e a cores, os livros e ilustrações variadas que irão constar na sua Biblioteca que é uma pedra basilar em qualquer escola e nesta, em particular, que tem responsabilidades de incutir hábitos contínuos de leitura numa vila que tem neste campo uma figura incontornável nas artes e letras, Guerra Junqueiro. 

ARTESANATO 
Freixo de Espada à Cinta é um concelho rico em artesanato, dado que ainda vão perdurando típicas tarefas em lã, seda ou linho, ferro, madeira, sola (cabedal) ou até pedra. 

De realçar a existência do Centro de Artesanato, que funciona na Sede da Associação para o Estudo, Defesa e Promoção do Artesanato de Freixo de Espada à Cinta (Casa dos Massas – Largo do Outeiro, 6), onde ainda se poderá admirar in loco diversas artesãs a elaborarem trabalhos à mão, destacando-se os trabalhos em seda dado que esta associação ainda preserva segundo os moldes tradicionais a arte de produção da seda que vai desde a criação do bicho da seda, passando pela extracção desta nobre matéria prima, concluindo-se o ciclo com a elaboração de diversos artefactos. 
Na Sede desta Associação poder-se-ão admirar (e caso seja vontade do visitante, encomendar e comprar...) colchas, almofadas, jogos de quarto e panos , tudo de seda... além disto, e optando por outras matérias primas menos dispendiosas para a bolsa do comprador, poder-se-ão também comprar cobertas de lã ou linho, colchas ou tapetes de lã, bem como panos de linho. 

 GASTRONOMIA 
No Nordeste transmontano, a mesa, é por tradição, farta e cheia de sabores. Freixo de Espada à Cinta segue esta regra e cumpre esta tradição da gente das terras Transmontanas. Azeitona Freixo de Espada à Cinta tem para oferecer uma gastronomia rica e variada, com produtos de elevada qualidade. Azeitona, azeite, vinho, laranja, amendoa, mel, queijo e o fumeiro são alguns desses produtos, utilizados na confecção de saborosos pratos. 

 Para as entradas ou para o lanche sugere-se a bôla de azeite com queijo de cabra fresco, bem como um pedaço de empada de carne, tradicionalmente confeccionada por altura da Páscoa, ou então a bôla de sardinhas. Bola de carne 
Sendo um concelho tradicionalmente agrícola, as sopas faziam parte da dieta alimentar da população. Destacam-se as sopas de alho, as sopas de tomate, as sopas de esparragos, as sopas de grão, o caldo de couves, o caldo de cebola, a sopa de abóbora, a sopa de feijão encarnado e a sopa de peixe do rio
Para acompanhar qualquer prato, nada melhor que os grelos guisados, as vagens de fava ou os espigos cozidos

Destacam-se também diversas saladas, que nos meses de Primavera e Verão fazem as delícias de qualquer um: a salada de agriões com laranja, a salada de laranjas, a salada de azedas, a salada de pepino e a salada de pimentos assados, todas bem regadas com vinagre e azeite virgem produzido nesta terra. 

A carne de caça e a pesca do rio são outros regalos: dado estas paragens serem propícias para as artes venatórias, é de destacar o arroz de lebre com couves ou a lebrada com feijão branco, o coelho bravo guisado, a perdiz estufada com presunto, o guisado de javali ou os tordos assados na brasa com uma pitadinha de sal, bem como o peixe frito e o peixe de escabeche (carpas ou bogas). 
 Outra das iguarias são as tradicionais tortas: a torta de esparragos bravos, a torta de miolo de pão ou a tortilha de grelos de cebola. 

Porém, quem ainda não provou as alheiras grelhadas com grelos, a chouriça e o salpicão, acompanhados com a azeitona negrinha, o cozido à portuguesa ou a feijoada transmontana feitas com o fumeiro local (chouriça de ossos e bochas), ou então o cabrito assado na brasa com batatinhas novas, e, na altura da matança do porco, a sarrabolhada com batatas cozidas, tudo rebatido com um copo do bom vinho maduro que é produzido nesta terra, não sabe verdadeiramente o que é um manjar de deuses! 
Para a sobremesa, nada melhor que os milhos e as bôlinhas (tradicionalmente comidos no Natal), os bolos dormidos (doce da Páscoa), os arrepelados, os beijinhos de preta e as cerejinhas, os matrafões, os canelões e uma grande variedade de bolos de amêndoa que quando juntos a um cálice de vinho fino são a mais soberba das guloseimas. 

AR LIVRE 

MIRADOUROS 

Miradouro das Alminhas 
(Estrada do Candedo)
 As vertentes escarpadas da Ribeira do Mosteiro formam uma varanda privilegiada com vistas para a formação geológica do “ sinclinal de Poiares ”, um valioso conjunto de património geológico do concelho. É neste local de rara beleza paisagística que se situa este atractivo Miradouro, cujo acesso é feito a pé ou de carro pela Estrada do Candedo (+/- 5 km). Inserido em escarpas de montes íngremes, este local é um verdadeiro paraíso para qualquer geólogo uma vez que se podem observar os perfis geológicos destes montes exibindo curvas e contracurvas como ondas sólidas que percorrem as rochas. 

Os xistos e os quartzitos estão estratificados, dobrados, estrangulados, agressivos e selvagens, mas ao mesmo tempo estáticos, dóceis, absorvidos e domados, transmitindo ao visitante um cenário onde de súbito se sente esmagado pelo espectáculo destas perturbações geológicas, cujas gargantas tão fundas e estreitas, tão grandiosas e majestáticas nos fazem sentir o quanto somos insignificantes perante os desígnios da mãe natureza, transformando este local num dos miradouros mais interessantes do concelho. 

Miradouro do Penedo Durão
 (Serra de Poiares) 
 É o mais antigo miradouro turístico do concelho, rico de admiráveis pontos de visão panorâmica ao longo do rio Douro até alturas de Lagoaça, tornando-se uma visita praticamente imperativa. A escarpa cai quase a prumo sobre o Douro, justamente sobre o ponto onde termina a navegabilidade do rio, o chamado “Saltinho”, no qual está situada a barragem hidroeléctrica de Saucelle que do Penedo Durão se vislumbra tão bem como se o observador estivesse suspenso num teleférico. Deste local colhe-se uma magnifica vista que abrange a indefinida amplidão planáltica de Salamanca e Zamora, assim como os recortes rochosos que se prolongam até Barca de Alva, constituindo um propício abrigo de vastas plantações de oliveiras, amendoeiras, pomares e vinhas. 

Em baixo, na base da profunda escarpa serpenteia a E.N. 221 que liga Freixo de Espada à Cinta a Barca de Alva. Em volta dos ciclópicos fraguedos gravitam no seu voo planado com majestosa serenidade as águias, que aqui fazem os seus inacessíveis esconderijos de repouso e procriação. 

Miradouro do Colado
(Mazouco) 

Num terraço sobranceiro à aldeia de Mazouco está situado este bonito miradouro, zona de transição entre os terrenos graníticos e de ravinas abruptas, onde o rio Douro ao longo de milhares de anos escavou o seu leito tortuoso, e as vertentes suaves e xistosas, locais privilegiados para a produção dos néctares do Douro. Mais próximos do rio avistam-se laranjais e olivais a perder de vista enquanto nas zonas com maior declive e de mais difícil acessibilidade os carrascos e os zimbros formam frondosos bosques servindo de refúgio à Raposa, ao Javali e mais raramente ao Corço. 

Pairando lá em cima, nas alturas, podemos apreciar durante horas o voo planado do Abutre do Egipto e do Grifo, ao mesmo tempo que tentamos adivinhar os seus locais de nidificação nas escarpas praticamente inacessíveis debruçadas sobre o rio. A Cegonha - preta, a Águia – real, a Águia calçada e o Milhafre – preto têm também uma presença regular neste local. Deste interessante miradouro observa-se ainda a bonita aldeia de Mazouco que pelo seu importante património arqueológico, histórico e etnográfico merece uma atenta visita. 

Miradouro do Carrascalinho 
(Fornos) 

Neste local toda a natureza nos maravilha e delicia com uma paisagem única e inigualável. O espaço parece permanecer virgem e selvagem quase que intocado por mão humana desfrutando-se de uma vista magnífica sobre um amplo vale, cujas encostas estão cobertas com vegetação ainda autóctone espelhando no Douro um verde único e carregado, destacando-se entre todos os arbustos o Lodão, que forma nestas paragens a mancha mais extensa de toda a Península Ibérica. 

 Envolvendo a paisagem que nos rodeia podemos ainda detectar na outra margem do rio a povoação espanhola de Mieza, aqui quase ao alcance da mão e numa posição ultra defensiva situa-se o castro de Lagoaça, os olivais e laranjais distribuídos em socalcos pelas encostas, enquanto na planície vislumbramos elevado número de construções graníticas conhecidas como “corriças”, destinadas a guardar o gado caprino. Não é raro vislumbrar deste miradouro a silhueta altiva da Águia – real, o maior predador alado de toda a Europa, o que só é possível pela abundância e inacessibilidade dos afloramentos rochosos das arribas do Douro que conferem a esta espécie a protecção e tranquilidade necessárias durante o período de nidificação. O Britango é uma outra ave de rapina frequentemente observado entre Março e Agosto pois trata-se de uma ave migratória que se desloca para África durante os meses de Inverno. Esta espécie de abutre está intimamente relacionada com a pastorícia, uma vez que a sua alimentação é suportada essencialmente por cadáveres de animais, normalmente ovelhas e cabras, que por uma ou outra razão são abandonados pelos pastores nos campos. 

Miradouro da Cruzinha 
(Lagoaça)

Este miradouro, estrategicamente situado em frente da meseta castelhana onde pontifica a vila de Aldeadávilla que dá o nome à enorme barragem que aqui se construiu, tem uma paisagem profundamente transmontana. Num declive acentuado, o vale profundo do Douro apresenta as suas indomáveis e características arribas que pelo labor épico do Homem transmontano, foram transformadas em pequenos jardins de oliveiras, divididos por socalcos até onde os nossos olhos alcançam, transmitindo aos nossos sentidos um respeito contemplativo da natureza. 
 Lá em baixo, no fundo, o outrora selvagem rio Douro assemelha-se a um tranquilo espelho de água, dirigindo-se mansamente para sul e reflectindo as sombras das grandes aves planadoras que neste local têm os seus habitats. É o caso da Águia – real, da Cegonha – preta, do Abutre do Egipto e especialmente do Grifo, localmente chamado abutardo, cuja envergadura de 2,30m é presença vigilante nos céus e ravinas de todo este troço duriense. Localizada a poucos minutos do centro urbano, a Congida é um local de excelência onde pode desfrutar de agradáveis momentos de lazer. 

PRAIA FLUVIAL 
A praia fluvial da Congida foi recentemente melhorada no âmbito de um projecto de requalificação. Fruto destas melhorias, o visitante e turista conta com mais e melhores estruturas de apoio e de lazer, nomeadamente um bar, com esplanada suspensa sobre o rio Douro, uma piscina fluvial e parque infantil. 

 Para quem pretender alimentar o gosto pela pesca desportiva, recomenda-se que não se esqueça dos necessários apetrechos, já que bogas, escalos, barbos e carpas, são algumas das espécies que pode encontrar ao longo da enorme albufeira originada pela barragem de Saucelle. 

Encaixadas nos socalcos da paisagem, voltadas para o rio e para praia fluvial, encontram-se as Moradias do Douro Internacional, 10 habitações rústicas, Bungalows tipo T1, com capacidade para 4 pessoas. 
O empreendimento goza igualmente de uma piscina, aberta apenas na época balnear. Barco panorâmico O complexo turístico da congida possui também, um cais fluvial de onde diariamente, partem para uma viagem de sonho pelas Arribas do Douro, um barco panorâmico. A Sociedade Transfronteiriça Congida-La Barca, em que participam o Município de Freixo de Espada à Cinta e o Ayuntamento de Vilvestre, organiza viagens no Douro durante todo o ano. 


 IN:
 - WIKIPEDIA 
- SITE DO MUNICÍPIO 
- http://coisaselugares-algures.blogspot.pt

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