20/05/2012

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ESTA SEMANA NO
"SOL"

64% das jovens grávidas
 usava contracepção

Estudo Gravidez na adolescência em Portugal revela que jovens não sabem usar contraceptivos. Especialistas dizem que é pela educação que se previne a maternidade precoce.
 A maioria das adolescentes portuguesas engravida apesar de utilizar, pelo menos, um método contraceptivo. 
 O alerta é feito no estudo Gravidez na Adolescência em Portugal: etiologia, decisão reprodutiva e adaptação – o mais recente e abrangente sobre este tema, com coordenação da professora catedrática Maria Cristina Canavarro. 

Das 405 grávidas que compõem a amostra, 64% diz que estava a usar contracepção, o que revela, segundo os especialistas, uma grave falta de informação. Porque, dizem, não basta conhecer os métodos contraceptivos, é preciso saber usá-los com eficácia.

 «Surpreende-me a elevada percentagem de jovens que engravidam estando a utilizar contracepção», adianta ao SOL a psicóloga Raquel Pires, uma das investigadoras do projecto – que conta com a participação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, da Associação para o Planeamento da Família e da Direcção-Geral da Saúde. 
 Quando questionadas sobre o que falhou, as jovens apontaram várias razões: o rompimento do preservativo, o esquecimento da toma da pílula, a toma desta com antibióticos ou o uso esporádico do preservativo. «Estes resultados parecem-me de extrema importância para a planificação de intervenções mais pormenorizadas», avisa a investigadora. 

 Ou seja, apesar de o estudo estar ainda em curso (terminará em 2014), já é possível retirar algumas conclusões como a necessidade urgente de se apostar na educação sexual.  

Açorianas são as que mais recusam contraceptivos 
De acordo com a especialista, os jovens têm ideias erradas sobre os métodos contraceptivos. Por exemplo, muitas raparigas esquecem-se de tomar a pílula durante dias e quando se lembram ingerem todas ao mesmo tempo julgando que continuam protegidas. Por isso, Raquel Pires diz ser essencial uma «avaliação da forma como a contracepção é usada pelos adolescentes» e um reforço na educação para que percebam a importância de não terem relações desprotegidas. 

Os resultados revelam ainda a existência de diferenças entre as várias regiões do país. As jovens de Lisboa e Vale do Tejo e da região Sul são as que recorrem mais à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Por outro lado, as adolescentes grávidas das zonas Norte e Lisboa e Vale do Tejo são as que engravidam mais frequentemente a usar contracepção. Já as dos Açores engravidam, com maior frequência, por ausência de métodos contraceptivos. 
A grande maioria das jovens grávidas que participou neste projecto mencionou ainda não ter ponderado a realização de um aborto face à gravidez não planeada. E aquelas que ponderaram a IVG indicaram não o terem feito «em primeiro lugar, pelo tempo de gestação já ter ultrapassado o prazo legal para a interrupção; em segundo, a posição pessoal contra o aborto; em terceiro, a pressão/influência por parte do companheiro e/ou família; e em quarto, a ausência de coragem para interromper a gravidez». 

‘Maternidade não pode ser projecto de vida’ 
Os resultados do estudo são para Miguel Oliveira e Silva, presidente do Conselho de Ética para as Ciências da Vida, a prova de que «a única forma de evitar a gravidez é educação, educação, educação». 
 O médico, doutorado com uma tese sobre a gravidez na adolescência, sublinha que é «o Ministério da Saúde que apanha com as consequências das falhas do Ministério da Educação». E observa que «nos países onde não há abandono escolar, não há gravidez». 

«Nunca verá um óptimo aluno de 17 anos a querer ter um filho», garante. O que acontece, diz, é que para muitos jovens uma gravidez é uma forma de obter benefícios. 

A mesma opinião tem Margarida Gaspar de Matos, do projecto Aventura Social & Saúde: «Há meninas que se servem da gravidez para deixarem de ir à escola e, julgam elas, melhorarem de vida». Mas, alerta: «a maternidade não pode ser um projecto de vida para uma adolescente».


 *  Atão e onde andam os pais destas meninas, a ver telenovelas, no shoping ou na cuscuvilhice, tempo p'rás filhas é que não há!!!

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