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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Ciência:
Investigação pública mais eficaz
do que a privada
O investigador norte-americano e pioneiro no estudo das células estaminais, Irving Weissman, considera que a ciência e a investigação financiada por fundos públicos é "mais eficiente" do que a realizada pelos privados, que evitam ter riscos económicos.
Weissman, diretor do Instituto de Biologia de Células Estaminais e Medicina Regenerativa da Universidade de Stanford, Califórnia, EUA e antigo presidente da Sociedade Internacional de Investigação de Células Estaminais, defende ainda que a ciência desenvolvida dentro dos centros públicos é mais barata, já que não tenta "cobrar" o custo do processo num produto ou num medicamento final.
O investigador, fundador de três das primeiras empresas existentes dedicadas ao desenvolvimento de terapias com células estaminais (SyStemix, Cellerant e Stem Cells) falava a um grupo de jornalistas um pouco antes de participar esta semana numa conferência no Centro Nacional de Investigação Oncológica, citado pela EFE.
"Existe uma crença de que se pretendes obter resultados de uma maneira rápida e precisa há que recorrer a uma empresa ou laboratório privado e isso é absolutamente falso", disse Weissam.
"Ao trabalhar na Universidade (Stanford), onde não existe a ânsia de lucro, é possível investigar o que queremos" e depois patentear os resultados, mas para isso "é necessário que as universidades tenham a ajuda do Governo".
Weissman recordou que nos últimos anos, durante as suas investigações com células estamianis, realizou pequenos ensaios clínicos com mulheres afetadas pelo cancro da mama com metásteses.
"Fizemos uma série de transplantes de células estaminais na SyStemix", mas, durante a investigação, a sociedade foi adquirida parcialmente por uma empresa que por sua vez se fundiu com outra. Entretanto, foram iniciados os ensaios clínicos a algumas mulheres.
Weissman disse que durante a colheita de células estaminais às mulheres detetou-se que em metade dos casos estas tinham cancro, pelo que quando se efetuava um retransplante aos pacientes, depois da quimioterapia, em 50 por cento dos casos também se retransplantava a doença.
Mediante a purificação das células estaminais as células cancerígenas foram eliminadas, mas enquanto "estávamos a meio dos ensaios clínicos destes pacientes, em Stanford, a empresa que adquiriu SyStemix suspendeu" o processo.
"Foi uma decisão empresarial", adiantou o investigador.
No seguimento deste pequeno ensaio, afirmou Weissman, concluiu-se que uma em cada três mulheres com células estaminais livres de cancro, entre 13-15 anos depois de ter sofrido da doença ainda estavam vivas.
"Nenhum outro tratamento é tão bom como o das células estaminais livres de cancro, mas não está disponível para toda a gente porque uma empresa o suspendeu e estimou que não haveria negócio, que não haveria suficiente dinheiro para ele", disse.
Atualmente, Weissman acaba de negociar os direitos para Stanford desta investigação e de outras pesquisas tendo em vista o tratamento do cancro e doenças do sangue, especialmente de crianças com imunodeficiência severa, com terapia celular.
A universidade californiana irá abrir um centro de transplante de células mãe, enquanto Weissman terá todos os direitos de propriedade intelectual que tinha na Systemix e o equipamento necessário para continuar as investigações.
Segundo Weissman, o investimento total realizado por Stanford é de 40 milhões de dólares (cerca de 30,5 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) e "não há qualquer medicamento que tenha saído para o mercado com um investimento como este", sublinhou.
* Afirmações oriundas da pátria do capitalismo...
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